Chegar sozinho, sair com amigos: o Rolê Pepe aposta no olho no olho para transformar encontros em conexões reais / Drazen Zigic/Freepik
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Se uma das suas metas para 2026 é fazer amigos, o Diário do Litoral tem a dica perfeita!
Criado por Camille Contreras Martins Monteiro da Costa Mesquita, de 27 anos, e João Eduardo Garanito Geraldini, de 29 anos, o Rolê Pepe tem a proposta de oferecer oportunidades a adultos para criarem conexões genuínas.
Ao sair da universidade, da escola ou de ambientes em que a convivência diária acontece de forma quase automática, muitos adultos se deparam com um vazio social difícil de preencher. A rotina de trabalho, os compromissos e a vida digital acabam reduzindo as oportunidades de encontros presenciais e de criação de vínculos mais profundos.
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Foi justamente dessa lacuna que nasceu o Rolê Pepe: um evento pensado para tirar as pessoas da lógica dos aplicativos e colocá-las, novamente, frente a frente. Confira algumas fotos:
Realizado mensalmente em diferentes espaços de Santos, o encontro reúne pessoas que, apesar de trajetórias, idades e profissões distintas, compartilham o mesmo desejo: fazer amigos de forma leve, espontânea e sem a pressão dos “eventos forçados”.
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Durante cerca de quatro horas, os participantes são conduzidos por dinâmicas mediadas, jogos e atividades coletivas que estimulam a conversa, a troca de experiências e a formação de laços reais.
Na visão dos idealizadores, o que faltava nas formas tradicionais de socialização era intenção. Embora muitos espaços reúnam pessoas, poucos são pensados para criar pontes reais entre elas. O Rolê Pepe surge justamente para preencher esse vazio, ao estruturar encontros focados na aproximação, na troca e no sentimento de pertencimento.
E no dia 22 de dezembro, eles finalizaram seu primeiro ano de atividade. Segundo Camille, 2025 representou "um ano de confirmação de propósito. Ver o impacto real na vida das pessoas mostrou que a ideia fazia sentido". Isso porque aproximadamente 500 pessoas já passaram pelo Rolê Pepe desde janeiro.
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Com o nome inspirado no cachorro de Camille e João (o Pepe), a ideia surgiu em agosto de 2024 a partir de conversas frequentes com amigos que relatavam "criar novos grupos para sair, ir à praia, jogar vôlei ou simplesmente não ter que fazer tudo sozinho".
Aos poucos, os criadores perceberam que aquela não era uma dor individual, mas coletiva, e decidiram no fim daquele ano "transformar esse incômodo em uma solução prática: um rolê pensado especificamente para criar conexões."
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Em janeiro de 2025, teve início o Pepe, quando entenderam que tinham as ferramentas certas para testar a ideia. À frente do perfil @camilleemsantos, que já reunia mais de 40 mil seguidores com foco na Baixada Santista, a primeira divulgação do evento foi suficiente para vender 80 vagas em praticamente um dia.
Desde então, o Rolê Pepe se consolidou como um evento mensal, reunindo entre 50 e 60 pessoas por edição. Os ingressos variam entre R$ 20 e R$ 40, e os encontros acontecem em bares, cafés e restaurantes de Santos.
A escolha dos espaços leva em conta critérios como acessibilidade, capacidade do local, opções de cardápio, incluindo alternativas vegetarianas e diferentes faixas de preço, e, principalmente, a afinidade do ambiente com a proposta do projeto. Atualmente, muitos estabelecimentos da cidade passaram a procurar o evento, reconhecendo seu potencial de engajamento e fortalecimento da cena local.
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Transformar a ideia em uma iniciativa recorrente, no entanto, trouxe desafios. No início, um dos principais aprendizados foi entender o ritmo dos grupos e das dinâmicas: atividades que pareciam durar 40 minutos, às vezes se estendiam por uma hora ou terminavam muito antes do previsto. Com o tempo, os organizadores desenvolveram uma leitura mais apurada do público, ampliaram o repertório de atividades e criaram planos alternativos para adaptar o evento em tempo real.
O crescimento acelerado também surpreendeu os criadores, que não imaginavam alcançar tantos participantes em tão pouco tempo. Para eles, a adesão rápida reforça a existência de uma demanda alta por experiências de socialização mais intencionais e por espaços que favoreçam conexões genuínas.
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Desde o início, a proposta do Rolê Pepe foi pensada como um evento organizado, mas o nível de detalhamento das dinâmicas foi sendo aprimorado a cada edição, a partir da observação do público e dos aprendizados adquiridos na prática. As atividades são criadas exclusivamente pelos organizadores antes de cada encontro e têm como ponto de partida vivências pessoais, jogos da adolescência e ideias adaptadas ao perfil dos participantes.
Embora variem entre propostas mais leves ou mais opinativas, todas compartilham um objetivo central: estimular conexões reais, identificar afinidades e criar um ambiente de confiança entre pessoas que, até então, não se conheciam.
Para evitar conversas superficiais e a formação de grupos fechados, a metodologia aposta em jogos em grupo, missões coletivas e trocas constantes de lugar. A movimentação é parte essencial do processo, ajudando a quebrar a timidez e ampliar o número de interações ao longo do evento. Segundo os organizadores, dinâmicas que revelam pequenas afinidades, como gostos, experiências ou opiniões, costumam ser especialmente eficazes logo no início, facilitando o “quebra-gelo” e deixando o ambiente mais leve.
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Além das edições regulares, o Rolê Pepe também aposta em formatos temáticos ao longo do ano. Já houve versões como o Pepe Junino, edições de Halloween, noites de jogos e encontros com recortes específicos, incluindo eventos voltados para pessoas 40+, edições 18+ e 40+ com foco em relacionamento amoroso, uma edição especial para quem vive a maternidade e um dedicado ao público LGBTQIAP+. A diversidade, segundo os organizadores, sempre foi um pilar central do projeto.
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O cuidado com o acolhimento é um dos pilares do Rolê Pepe e se reflete diretamente na condução dos encontros. As atividades são explicadas com calma, a participação nunca é obrigatória e o ambiente é pensado para ser seguro e respeitoso, inclusive para pessoas tímidas ou neurodivergentes.
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A diversidade do público, segundo os organizadores, sempre foi um objetivo desde o início: os encontros reúnem pessoas entre 18 e 60 e poucos anos, de diferentes profissões, identidades de gênero e orientações sexuais, unidas pelo mesmo desejo de fazer amizade.
A escuta também faz parte do processo. O diálogo com os participantes continua após os eventos, principalmente por meio de grupos no WhatsApp, onde surgem feedbacks espontâneos, sugestões e novos vínculos. Os relatos recebidos reforçam o impacto emocional do projeto.
"Já ouvimos histórias de pessoas que estavam se sentindo muito sozinhas, passando por fases difíceis, e que encontraram no Rolê Pepe um espaço de afeto e pertencimento. Algumas chegaram sozinhas e hoje têm grupos ativos de amizade", relatam Camille e João.
Apesar de alguma resistência inicial por parte de quem não conhece a proposta, os organizadores afirmam que a experiência prática costuma quebrar qualquer desconfiança. Para eles, o Rolê Pepe cumpre um papel importante no enfrentamento da solidão e do isolamento social, considerado, inclusive, o coração do projeto.
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Sem planos de expansão para outras cidades, Camille e João reforçam que o foco do Rolê Pepe segue sendo Santos: "A ideia é fortalecer Santos, os comércios locais e a comunidade daqui. Mas o Rolê Pepe vai deixar de ser 'só' um rolê e se transformar em algo maior."
Para 2026, o objetivo é aprimorar ainda mais a experiência, incorporando os aprendizados acumulados ao longo das edições. "Levantamos muito aprendizado sobre dinâmica de grupo, escuta e cuidado", explicam. A intenção é aprimorar a experiência, sem perder a essência que deu origem ao evento.
Para eles, o Rolê Pepe é sobre: "Criar amizades na cidade de Santos — pessoas entram sozinhas e saem, de verdade, com um grupo de amigos."