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Falar da vida alheia tem função: a ciência explica o papel da fofoca

Pesquisas mostram como histórias sobre terceiros ajudam a entender quem é confiável e o que 'pega mal'

Jeferson Marques

Publicado em 21/12/2025 às 12:44

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Duas amigas conversam sobre um fato novo na vida do ex-namorado de uma delas / Imagem gerada por IA

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A fofoca não é só maldade: para a ciência, ela é uma forma de troca social. Em termos simples, é falar sobre alguém que não está presente, seja para elogiar, informar ou criticar. Esse hábito ajuda pessoas e grupos a entenderem reputação, regras e confiança no cotidiano. Por isso ela é tão comum, mesmo quando todo mundo diz que detesta.

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Cola

Pesquisadores apontam que a fofoca funciona como uma espécie de “cola social”. Quando duas pessoas comentam sobre terceiros, muitas vezes estão, na prática, construindo proximidade e sensação de pertencimento, como quem diz “estamos no mesmo mundo”. Esse tipo de conversa também ajuda a organizar as relações: quem é confiável, quem costuma cumprir acordos, quem é generoso, quem passa dos limites. Em grupos grandes, onde é impossível conhecer todo mundo a fundo, essas informações circulando viram um atalho para reduzir incertezas.

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Radar

Outro ponto é que o ser humano é muito dependente de cooperação para viver em sociedade, e reputação importa. Uma parte dos estudos sugere que a fofoca atua como um “radar” que sinaliza comportamentos e consequências. Se eu sei que atitudes podem virar assunto, isso pode me desestimular a agir como oportunista. Do lado positivo, a fofoca também pode reforçar bons exemplos, quando vira reconhecimento ou elogio. E há um detalhe que costuma surpreender: quando pesquisadores observam conversas cotidianas em vez de perguntar “você fofoca?”, aparece bastante conteúdo neutro, sem drama, mais informativo do que agressivo.

Limite

O problema começa quando a conversa sobre terceiros vira humilhação, distorção, invasão de privacidade ou perseguição. A mesma ferramenta social que ajuda grupos a se organizar pode virar arma quando é usada para rotular e destruir alguém. Por isso, alguns especialistas tratam o tema como um comportamento social “ambivalente”: pode servir para informar e integrar, mas também para excluir e ferir. No fim, a pergunta prática que separa as duas coisas é simples: isso está ajudando alguém a entender melhor o ambiente social ou só está criando dano gratuito?

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*Fontes consultadas: APA Dictionary of Psychology, Robin Dunbar (2004) - Gossip in Evolutionary Perspective (PDF), Association for Psychological Science, University of California e Estudo de 2025 em periódico da SAGE sobre funções da fofoca na dinâmica de grupos

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