Paulinho durante show do Roupa Nova em 2018 / Instagram/Roupa Nova
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Neste 14 de dezembro, a música brasileira atravessa uma espécie de “minuto de silêncio” que dura o dia inteiro. Completam cinco anos da morte de Paulinho, vocalista e percussionista do Roupa Nova, e basta uma rádio tocar os primeiros acordes de um clássico do grupo para a memória fazer o resto: a lembrança de uma voz que parecia sempre sorrir, mesmo quando cantava as dores mais humanas.
Paulinho morreu em 14 de dezembro de 2020, aos 68 anos, depois de meses de internação e de um período de recuperação de transplante de medula óssea, em meio às complicações da Covid-19. Cinco anos depois, o que fica não é só a notícia daquele dia difícil, mas o eco contínuo de um timbre que virou companhia de gerações.
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Quando Paulinho se foi, não foi apenas um integrante que saiu de cena. Para muitos fãs, foi como se um pedaço da trilha sonora da própria vida tivesse perdido uma camada de brilho. A comoção, em 2020, se misturou ao clima pesado da pandemia, como se o país inteiro estivesse aprendendo, ao mesmo tempo, a nomear lutos que chegavam em sequência. No caso do Roupa Nova, a despedida ganhou um peso simbólico raro: Paulinho fazia parte da formação original e ajudou a construir a identidade de uma banda que, por décadas, se acostumou a atravessar modas e épocas sem perder o seu jeito.
Pouca coisa no pop brasileiro é tão estável quanto a presença do Roupa Nova em festas, carros, novelas e memórias afetivas. E Paulinho estava lá, não só nos vocais, mas naquele detalhe que muita gente percebe sem explicar: a “temperatura” da música, o calor que faz a letra parecer conversa. Revisitar a história dele também é revisitar um tempo em que harmonias elaboradas e refrões gigantes dominavam o rádio, e em que uma banda podia ser, ao mesmo tempo, tecnicamente impecável e popular sem pedir licença. Para quem cresceu ouvindo o grupo, falar do Paulinho é falar daquele tipo de artista que não parecia distante, parecia parte da casa.
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A marca de cinco anos não passou em branco. Em dezembro de 2025, o Roupa Nova lançou “O recado”, uma canção inédita composta por Nando, baixista do grupo, construída como homenagem direta ao amigo e com a ideia de continuidade como pano de fundo. A faixa também funciona como ponte para um EP autoral previsto para 2026, como se a banda transformasse saudade em combustível, sem fingir que a ausência não existe. É um movimento delicado: a música não tenta “substituir” ninguém, só coloca em melodia o que a turma do palco e o público já sabem há tempos, que certas presenças permanecem mesmo quando a luz baixa.
De 2021 para cá, a banda seguiu em frente com Fábio Nestares assumindo oficialmente a função que era de Paulinho, e essa continuidade tem um lado quase emocional: não é sobre apagar o que passou, é sobre carregar junto. Para muitos fãs, esses cinco anos também viraram um convite a fazer o que a correria costuma adiar: mandar mensagem para alguém, rever um vídeo antigo, colocar o som para tocar alto e lembrar que música boa não envelhece, só muda de lugar. Paulinho mudou de estação, mas ainda aparece, sem aviso, quando um refrão conhecido encontra a gente no meio do dia.