O estudo também comparou os perfis de pessoas vistas como "boas" ou "favoráveis" / Freepik
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O que torna alguém "descolado" pode parecer subjetivo, mas um estudo internacional publicado no Journal of Experimental Psychology mostrou que, independentemente da cultura, existem características em comum entre as pessoas que são percebidas dessa forma.
A pesquisa envolveu quase 6 mil participantes de 12 países, incluindo China, Chile, Estados Unidos, Coreia do Sul, Alemanha e África do Sul.
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Coordenado por universidades como a Universidad Adolfo Ibáñez (Chile), Universidade do Arizona e Universidade da Geórgia, o estudo revelou que os mesmos traços foram associados à "descoladez" em todas as regiões analisadas.
Isso sugere que essa percepção está relacionada a algo mais profundo do que apenas aparência ou estilo: trata-se de personalidade e atitude.
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De acordo com os pesquisadores, pessoas vistas como descoladas são percebidas como:
Essas seis características se repetiram entre os participantes de diferentes idades, gêneros e níveis educacionais. O professor Todd Pezzuti, da Universidad Adolfo Ibáñez, explicou que a maioria desses traços tem base na personalidade e tende a ser estável ao longo do tempo.
O estudo também comparou os perfis de pessoas vistas como “boas” ou “favoráveis”. Traços como serenidade, consciência, universalismo, afabilidade, segurança e tradição foram mais associados a esses perfis do que aos considerados descolados. Apenas a competência apareceu como um traço neutro, valorizado nos dois grupos.
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Para medir os traços, os participantes responderam a dois testes: o Big Five, usado para identificar dimensões da personalidade, e o Portrait Values Questionnaire, que avalia os valores individuais.
Eles foram instruídos a pensar em alguém que considerassem “descolado” ou “careta”, “bom” ou “não bom”, e descrever suas percepções.
Embora o estudo aponte que traços como extroversão ou abertura a experiências são, em parte, hereditários, a própria ideia de ser descolado é influenciada pela cultura e pelas dinâmicas sociais.
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Para o professor Jon Freeman, da Universidade Columbia, essa percepção reflete julgamentos sociais complexos relacionados a status, identidade e pertencimento.
O conceito também é controverso. Figuras públicas que se encaixam nos traços descritos podem dividir opiniões. O empresário Elon Musk, por exemplo, foi citado como alguém que representa todos os atributos da descoladez, mas ainda assim causa reações opostas.
Especialistas elogiaram o levantamento por trazer evidências científicas a um tema pouco explorado. Em um mundo onde cada vez mais pessoas buscam se destacar ou se conectar por meio das redes sociais, entender o que motiva a percepção de “ser descolado” pode ajudar a compreender tendências sociais e comportamentos de consumo.
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Para os autores, o estudo mostra que ser descolado não é simplesmente seguir tendências. Trata-se de como alguém se posiciona no mundo e como é percebido pelos outros – e isso, aparentemente, ultrapassa fronteiras culturais.