Número de profissionais que buscam tratamento medicamentoso para problemas emocionais cresce e alerta para impactos da pressão laboral / Freepik
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O ambiente de trabalho tem se tornado cada vez mais desafiador para os brasileiros, levando muitos profissionais a recorrer a medicamentos para lidar com ansiedade, estresse e burnout.
Em apenas um ano, o consumo de remédios para saúde mental quase triplicou, aponta a edição de 2025 da pesquisa Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho.
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O estudo, realizado pela The School of Life em parceria com a Robert Half, ouviu 774 profissionais brasileiros com nível superior e mais de 25 anos.
Metade da amostra ocupa cargos de liderança e a outra metade atua como liderado, mostrando que o fenômeno atinge diferentes níveis da hierarquia corporativa.
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Comparando com 2024, o aumento é alarmante. Entre líderes, o índice de uso passou de 18% para 52%, enquanto entre liderados saltou de 21% para 59%.
Além disso, 27% dos gestores e 26% dos funcionários receberam diagnóstico de estresse, ansiedade ou burnout no último ano.
Esses dados evidenciam que os trabalhadores estão cada vez mais sobrecarregados e recorrendo à medicalização como forma de enfrentar a pressão. Por isso, muitas empresas têm promovido iniciativas de conscientização, como palestras, programas internos e convênios de terapia online.
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O levantamento também apontou que a maioria dos profissionais ainda sente dificuldade de expor seu tratamento.
Entre líderes, 73% não se sentiram à vontade para comunicar o uso de medicamentos aos superiores. Entre os liderados, 33% relataram a mesma dificuldade.
Quando conseguem falar sobre o assunto, poucos recebem acolhimento adequado: apenas 16% dos líderes e 19% dos funcionários afirmaram ter recebido apoio real. Os demais tiveram respostas insatisfatórias ou até negativas, revelando que a cultura de silenciamento ainda persiste nas empresas.
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O fenômeno observado no trabalho reflete tendências maiores na sociedade. Segundo o Boletim Radar Mais SUS do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), entre 2013 e 2023 o atendimento psicossocial na rede pública cresceu mais de 50%, e o consumo de medicamentos antipsicóticos dobrou.
Isso indica que, embora mais pessoas estejam buscando ajuda, os ambientes social e profissional continuam impactando negativamente a saúde mental da população.
Para as empresas responsáveis pela pesquisa, apenas o aumento do uso de remédios não resolve o problema.
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“As soluções precisam ir além da medicalização. Algo que exige mudanças na cultura organizacional, no modelo de gestão e nas relações humanas dentro das empresas”, afirmam.
A recomendação é que as organizações promovam ações contínuas de suporte emocional, incentivem o diálogo aberto e criem condições para equilibrar vida pessoal e profissional.