Diário Mais

Este mar tem algo que praticamente não existe em outros lugares do planeta

Condições químicas raras transformaram suas profundezas em um enigma natural

Luna Almeida

Publicado em 19/12/2025 às 21:20

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Mais do que um simples mar interior, ele se tornou objeto de estudos contínuos por reunir fatores geográficos / Wikimedia Commons

Continua depois da publicidade

O Mar Negro é um dos ambientes marinhos mais peculiares do planeta. Apesar de desempenhar papel estratégico no comércio, na história e no turismo, suas águas escondem um fenômeno que segue desafiando cientistas: em grande parte de sua profundidade, praticamente não existe oxigênio. 

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Essa característica faz do Mar Negro um caso único entre os mares conhecidos e explica por que tantos processos naturais ali funcionam de forma diferente.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Imagens inéditas revelam o interior de 12 navios naufragados no Fundo de Ferro

• Conheça o segredo escondido no fundo do mar que desafia a ciência

• O "Navio Fantasma" de 2.400 anos: Conheça o naufrágio intacto mais antigo do mundo

Mais do que um simples mar interior, ele se tornou objeto de estudos contínuos por reunir fatores geográficos, climáticos e químicos que ajudam a compreender tanto o passado do planeta quanto os limites da vida marinha.

Um mar entre continentes

O Mar Negro está situado entre a Europa Oriental e a Ásia Ocidental, conectando regiões por meio de estreitos que o ligam ao Mediterrâneo. 

Continua depois da publicidade

Ao longo dos séculos, suas margens abrigaram importantes cidades, portos e rotas comerciais, tornando-o essencial para o desenvolvimento econômico e cultural de diversas civilizações.

Apesar dessa intensa atividade humana em sua superfície, o que acontece nas camadas mais profundas permanece praticamente intocado, criando um contraste marcante entre a vida costeira e o silêncio absoluto do fundo do mar.

A química que muda tudo

A principal singularidade do Mar Negro está em sua estrutura química. Abaixo de aproximadamente 150 metros de profundidade, as águas se tornam anóxicas, ou seja, sem oxigênio dissolvido. 

Continua depois da publicidade

Essa condição impede a sobrevivência da maioria dos organismos marinhos que dependem desse elemento para viver.

Além disso, essas camadas profundas apresentam alta concentração de sulfureto de hidrogênio, um gás tóxico que torna o ambiente ainda mais hostil. Como resultado, a vida marinha se concentra quase exclusivamente nas camadas superficiais, onde há oxigenação suficiente.

Como esse fenômeno se formou

Os pesquisadores explicam que esse cenário começou a se formar após o fim da última era glacial. Naquele período, o Mar Negro era um grande lago de água doce. 

Continua depois da publicidade

Com o aumento do nível dos oceanos, águas salgadas do Mediterrâneo invadiram a região, criando uma separação entre camadas de água com diferentes densidades e salinidades.

Essa estratificação impediu a mistura completa das águas, fazendo com que o oxigênio das camadas superiores não chegasse às profundezas. Ao longo de milhares de anos, esse processo consolidou um dos maiores ambientes anóxicos do planeta.

Um laboratório natural para a ciência

O Mar Negro está situado entre a Europa Oriental e a Ásia Ocidental / Wikimedia Commons
O Mar Negro está situado entre a Europa Oriental e a Ásia Ocidental / Wikimedia Commons
O que acontece nas camadas mais profundas permanece praticamente intocado / Divulgação/Black Sea MAP
O que acontece nas camadas mais profundas permanece praticamente intocado / Divulgação/Black Sea MAP
Abaixo de aproximadamente 150 metros de profundidade, as águas se tornam anóxicas / Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz
Abaixo de aproximadamente 150 metros de profundidade, as águas se tornam anóxicas / Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz
Muito mais do que um laboratório, a região se tornou também um 'cemitério' para navios / Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz
Muito mais do que um laboratório, a região se tornou também um 'cemitério' para navios / Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz
Por conta dessas características extremas, o Mar Negro se tornou um verdadeiro laboratório natural / Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz
Por conta dessas características extremas, o Mar Negro se tornou um verdadeiro laboratório natural / Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz
Mais do que um simples mar interior, ele se tornou objeto de estudos contínuos por reunir fatores geográficos / Wikimedia Commons
Mais do que um simples mar interior, ele se tornou objeto de estudos contínuos por reunir fatores geográficos / Wikimedia Commons

Por conta dessas características extremas, o Mar Negro se tornou um verdadeiro laboratório natural. Cientistas utilizam o local para estudar como ecossistemas se comportam na ausência de oxigênio e como ambientes semelhantes podem ter existido na Terra primitiva.

Continua depois da publicidade

Muito mais do que um laboratório, a região se tornou também um 'cemitério' para navios, que continuaram intactos após o naufrágio. 

Essas pesquisas ajudam a compreender não apenas a história climática do planeta, mas também a possibilidade de vida em condições extremas, inclusive em outros corpos celestes.

Impactos ambientais e desafios atuais

Apesar de suas profundezas estarem protegidas naturalmente da ação humana, o Mar Negro enfrenta problemas ambientais crescentes em suas camadas superiores. A poluição industrial, o despejo de resíduos e o intenso tráfego marítimo têm afetado a biodiversidade costeira e a qualidade da água.

Continua depois da publicidade

Especialistas alertam que alterações nesse equilíbrio delicado podem provocar mudanças imprevisíveis, inclusive afetando a dinâmica entre as camadas oxigenadas e anóxicas.

Um mar que ainda guarda segredos

O Mar Negro segue sendo um dos grandes mistérios naturais do mundo. Sua combinação de importância histórica, relevância econômica e condições químicas únicas faz com que ele continue despertando o interesse da comunidade científica internacional.

Mesmo após décadas de pesquisa, o mar ainda levanta novas perguntas, mostrando que, sob uma superfície aparentemente comum, existe um ambiente extremo que desafia o entendimento humano sobre os oceanos e a própria vida.

Continua depois da publicidade

TAGS :

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software