Diário Mais

Esta cidade do interior de SP faz você se sentir dentro de um presépio natalino

Com história, cultura, ecoturismo e tradições rurais, Santa Branca encanta visitantes com seu charme simples e acolhedor

Júlia Morgado

Publicado em 10/09/2025 às 14:46

Atualizado em 10/09/2025 às 14:53

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

A devoção à Santa Branca deu origem ao município e é celebrada todo mês de setembro / Dudu Santos/Divulgação

Continua depois da publicidade

A 94 km da capital paulistana é possível encontrar a chamada Cidade Presépio, que lembra os presépios natalinos com suas ladeiras, casinhas e a simplicidade de seus habitantes. Reconhecida como Município de Interesse Turístico (MIT) desde dezembro de 2017, Santa Branca reúne história, arquitetura, ecoturismo, clima rural e cultura, sendo um verdadeiro achado do interior paulista.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Fundada em 1832, a cidade ainda preserva parte de sua arquitetura original e divide-se entre áreas urbanas, com pequenos bairros, e a zona rural, marcada por antigas fazendas. O apelido “Cidade Presépio” integra-se de forma significativa ao contexto turístico do município, destacando suas particularidades e a diversidade de suas atrações.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Com clima melhor do que o da Europa, cidade do interior atrai visitantes e encanta a todos

• Esse lugar é onde história colonial e natureza intocada se encontram no Litoral de SP

• Maior reserva de cristais do mundo está no Brasil e impulsiona turismo, fé e agronegócio

Turismo Cultural

Em Santa Branca, o turismo cultural é uma das principais vertentes, celebrando a rica história, as tradições populares e o patrimônio arquitetônico do município. A cidade conta com a Casa da Cultura, que todos os anos, na época de natal, organiza um presépio com figuras religiosas, casinhas de barro, trabalhadores do campo, donas de casa e o Rio Paraíba do Sul cortando o cenário, representando a identidade local.

Outro destaque é o calendário anual de festividades, que mescla religião, folclore e cultura popular. No Carnaval, além da música, blocos e alegria, há o tradicional futebol de saia, em que os jogadores se fantasiam de mulher.

Continua depois da publicidade

No aniversário do município, a comemoração inclui o Desfile Cívico com escolas e entidades, além da FASBRA – Feira Agro-Artesanal de Santa Branca, que já soma mais de 30 edições e atrai visitantes de todo o Vale do Paraíba com shows musicais, rodeios, barracas de comidas típicas e artesanato.

A Ponte Metálica, construída em 1902 por Euclides da Cunha, enquanto acompanhava a obra, o escritor revisava seu clássico 'Os Sertões', publicado na época da inauguração da mesma/ Divulgação
A Ponte Metálica, construída em 1902 por Euclides da Cunha, enquanto acompanhava a obra, o escritor revisava seu clássico 'Os Sertões', publicado na época da inauguração da mesma/ Divulgação
Toca do Leitão, às margens da Represa de Santa Branca, é ponto de lazer público e gratuito, ideal para pesca, esportes aquáticos e passeios de barco/ Divulgação
Toca do Leitão, às margens da Represa de Santa Branca, é ponto de lazer público e gratuito, ideal para pesca, esportes aquáticos e passeios de barco/ Divulgação
Igreja Matriz de Santa Branca, erguida em 1828 a partir de uma capela construída por escravizados é o principal marco religioso da cidade/ Divulgação
Igreja Matriz de Santa Branca, erguida em 1828 a partir de uma capela construída por escravizados é o principal marco religioso da cidade/ Divulgação
Realizada anualmente no mês de maio, a Cavalgada da Sobriedade conta a venda de pratos típicos, exposições de cavalos e cavalgadas/ Divulgação
Realizada anualmente no mês de maio, a Cavalgada da Sobriedade conta a venda de pratos típicos, exposições de cavalos e cavalgadas/ Divulgação
A Fazenda do Porto do capitão Custódio Ferreira Braga, foi dividida entre seus filhos José e Francisco Ferreira Braga. A antiga sede histórica acabou encoberta pela barragem/ Divulgação
A Fazenda do Porto do capitão Custódio Ferreira Braga, foi dividida entre seus filhos José e Francisco Ferreira Braga. A antiga sede histórica acabou encoberta pela barragem/ Divulgação

Entre as celebrações religiosas, a Festa do Divino se estende por cerca de uma semana, unindo fé e manifestações populares. Há a entrada das bandeiras na Igreja Matriz, shows de evangelização, exposições de imagens sacras, quermesses e a tradicional folia do Divino, que conta com apresentações do grupo de Moçambique. Já a Festa da Padroeira, em setembro, reúne novena, quermesses e apresentações musicais.

Na zona rural, festas tradicionais como as de Maria Graciano, da Capelinha, do Descampado, da Piedade e de São Sebastião mantêm viva a tradição dos Mestres-Capelas, responsáveis por conduzir rezas à moda do século XIX. Nesses encontros, há danças como o Moçambique e a de São Gonçalo, além de comidas típicas — entre elas o afogado, prato de carne cozida com batata servido com farinha de mandioca.

Continua depois da publicidade

O calendário cultural inclui ainda a Cavalgada da Sobriedade, em maio, e a Festa da Tradição Caipira, em novembro, ambas promovidas pelo CESB (Crianças Especiais de Santa Branca). Esses eventos unem gastronomia típica, shows sertanejos, exposições e iniciativas beneficentes.

A cultura local é rica em danças e práticas tradicionais, essas são: 

  • Moçambique: uma dança de origem portuguesa com influência indígena, marcada por guizos nos tornozelos e bastões que simbolizam espadas. Em Santa Branca, o grupo foi criado em 1869 pelo Ajudante José Ferreira Braga com predominância de brancos, diferente da tradição. Hoje participa da Festa do Divino e da Folia de Reis.
  • São Gonçalo: dança típica do Vale do Paraíba, realizada como pagamento de promessas. Os devotos se organizam em fileiras diante de um altar, em rituais geralmente feitos em casas, com partilha de alimentos.
  • Catira: semelhante à dança de São Gonçalo, mas sem caráter religioso. É marcada por sapateados e palmas, envolve cantoria coletiva e o “levante” ao final. A mesma é acompanhada por violeiros e figurinos típicos.
  • Folia de Reis: a celebração relembra a visita dos Reis Magos. Grupos percorrem casas com bandeiras e cantorias, acompanhados de instrumentos. Os “marombos” (palhaços) divertem com danças e brincadeiras

Falando em cidades do interior, conheça a cidade do interior de SP que é o destino perfeito para quem quer conhecer um pedaço da Itália.

Continua depois da publicidade

Patrimônio Arquitetônico e Histórico

O patrimônio arquitetônico e histórico de Santa Branca revela muito da formação cultural e religiosa do município, com construções que atravessam diferentes períodos da história local. A Igreja Matriz de Santa Branca, erguida a partir de uma capela construída por escravizados em 1828, em taipa de pilão, é o principal marco religioso da cidade, situada na praça central e símbolo da transição entre os ciclos de subsistência e do café. 

Outro destaque é a Igreja do Rosário, de 1869, também em taipa e com duas torres, dedicada a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, atraindo fiéis e visitantes. O Edifício Ajudante Braga, atual Câmara Municipal, guarda a memória do período imperial e da mão de obra escrava, preservando lustres originais. 

Na zona urbana, a Capela de São Sebastião, construída no início do século 20, segue como espaço de fé e devoção popular. Já o Mercado Municipal, finalizado em 1928 para abrigar produtores agrícolas, passou por um incêndio em 2002 e foi reinaugurado em 2004, mantendo-se como ponto de encontro da comunidade. 

Continua depois da publicidade

Um dos maiores orgulhos da população é a Ponte Metálica, projetada em 1902 por Euclides da Cunha sobre o Rio Paraíba do Sul, com ferragens inglesas e pilares de pedra, que garantiu a ligação com Jacareí até 1983. Juntos, esses espaços compõem um valioso conjunto arquitetônico e cultural, tornando-se atrativos para quem deseja conhecer a história e a identidade de Santa Branca.

Ecoturismo

O ecoturismo em Santa Branca se tornou um dos grandes atrativos do município, impulsionado pela presença marcante do Rio Paraíba do Sul e da Represa de Santa Branca, que moldam a paisagem e oferecem cenários ideais para lazer e aventura.

O rio convida moradores e visitantes a atividades como boiacross, natação, pesca e caminhadas por trilhas que revelam belas paisagens às suas margens. Entre os destaques, está o tradicional evento Ecoboia, que acontece todos os anos e transforma o Paraíba em palco de confraternização, onde pessoas de todas as idades descem o rio em boias e jangadas criativas, em um espetáculo de cor e alegria.

Continua depois da publicidade

Às margens da represa, a Toca do Leitão é um dos pontos mais procurados: com 7,81 km² de área represada, funciona como espaço público e gratuito de lazer, perfeito para pesca, esportes aquáticos e passeios de barco que levam a pequenas ilhas povoadas por aves e animais silvestres. 

Já na área rural, a Cachoeira do Putim encanta pela queda d’água de cerca de 50 metros sobre lajes de pedra, proporcionando uma experiência de contemplação e refresco em meio à mata, a apenas 15 km do centro.

A vocação para o turismo de aventura também se expressa em eventos como o Trilhão de Motos, realizado em julho, que movimenta a cidade com praticantes vindos de diferentes regiões.

Continua depois da publicidade

Turismo Rural

O turismo rural preserva a memória das antigas fazendas do século XIX e proporciona experiências típicas da vida no campo. Locais como o Hotel Fazendão e a Fazenda do Restaurante Engenho Velho oferecem passeios a cavalo, banhos de rio e cachoeira, doces caseiros e belas paisagens.

O município também guarda fazendas de grande valor histórico, como a Fazenda Caetê, ligada ao capitão-mor Cláudio José Machado; a Fazenda do Porto, associada ao Ajudante José Ferreira Braga; a Fazenda do Putim, que pertenceu ao primeiro barão de Jacareí; a Fazenda do Serrote, da família Nogueira; e a Fazenda Gomeatinga, erguida em 1857.

Essas propriedades refletem a importância da agricultura de cana, café e laranja na economia local e, hoje, muitas se transformaram em espaços de lazer, atraindo famílias, ciclistas e motoqueiros que exploram as trilhas da zona rural.

Continua depois da publicidade

Confira como foi a experiência do canal Traços do Mundo:

Curiosidades

As curiosidades históricas de Santa Branca ajudam a revelar a riqueza cultural do município e suas conexões com o cenário nacional. 

Um exemplo marcante é a da Ponte Metálica, construída em 1902 pelo escritor e engenheiro Euclides da Cunha, que enquanto supervisionava as obras da estrutura, fazia a revisão final de seu clássico literário ‘Os Sertões', publicado justamente na época da inauguração da ponte. 

Outra curiosidade que atravessou o tempo é a fama da cachaça de Santa Branca. Desde o século XIX, os alambiques desempenharam papel importante na economia regional, principalmente depois do declínio do café. Na década de 1920, José Rosa Porto promoveu em São Paulo uma intensa divulgação da aguardente produzida por seu pai, Onofre de Siqueira Porto. 

A bebida ganhou repercussão nacional e ficou conhecida como “Santa Branquinha”, nome que se popularizou e deu origem ao termo “branquinha”, até hoje usado em todo o país como sinônimo de cachaça. Apesar das crises e da concorrência com marcas industrializadas, a tradição da produção artesanal resiste e vem sendo retomada por produtores locais, que buscam resgatar a qualidade e o prestígio histórico dessa bebida emblemática.

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software