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Com história, cultura, ecoturismo e tradições rurais, Santa Branca encanta visitantes com seu charme simples e acolhedor
A devoção à Santa Branca deu origem ao município e é celebrada todo mês de setembro / Dudu Santos/Divulgação
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A 94 km da capital paulistana é possível encontrar a chamada Cidade Presépio, que lembra os presépios natalinos com suas ladeiras, casinhas e a simplicidade de seus habitantes. Reconhecida como Município de Interesse Turístico (MIT) desde dezembro de 2017, Santa Branca reúne história, arquitetura, ecoturismo, clima rural e cultura, sendo um verdadeiro achado do interior paulista.
Fundada em 1832, a cidade ainda preserva parte de sua arquitetura original e divide-se entre áreas urbanas, com pequenos bairros, e a zona rural, marcada por antigas fazendas. O apelido “Cidade Presépio” integra-se de forma significativa ao contexto turístico do município, destacando suas particularidades e a diversidade de suas atrações.
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Em Santa Branca, o turismo cultural é uma das principais vertentes, celebrando a rica história, as tradições populares e o patrimônio arquitetônico do município. A cidade conta com a Casa da Cultura, que todos os anos, na época de natal, organiza um presépio com figuras religiosas, casinhas de barro, trabalhadores do campo, donas de casa e o Rio Paraíba do Sul cortando o cenário, representando a identidade local.
Outro destaque é o calendário anual de festividades, que mescla religião, folclore e cultura popular. No Carnaval, além da música, blocos e alegria, há o tradicional futebol de saia, em que os jogadores se fantasiam de mulher.
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No aniversário do município, a comemoração inclui o Desfile Cívico com escolas e entidades, além da FASBRA – Feira Agro-Artesanal de Santa Branca, que já soma mais de 30 edições e atrai visitantes de todo o Vale do Paraíba com shows musicais, rodeios, barracas de comidas típicas e artesanato.
Entre as celebrações religiosas, a Festa do Divino se estende por cerca de uma semana, unindo fé e manifestações populares. Há a entrada das bandeiras na Igreja Matriz, shows de evangelização, exposições de imagens sacras, quermesses e a tradicional folia do Divino, que conta com apresentações do grupo de Moçambique. Já a Festa da Padroeira, em setembro, reúne novena, quermesses e apresentações musicais.
Na zona rural, festas tradicionais como as de Maria Graciano, da Capelinha, do Descampado, da Piedade e de São Sebastião mantêm viva a tradição dos Mestres-Capelas, responsáveis por conduzir rezas à moda do século XIX. Nesses encontros, há danças como o Moçambique e a de São Gonçalo, além de comidas típicas — entre elas o afogado, prato de carne cozida com batata servido com farinha de mandioca.
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O calendário cultural inclui ainda a Cavalgada da Sobriedade, em maio, e a Festa da Tradição Caipira, em novembro, ambas promovidas pelo CESB (Crianças Especiais de Santa Branca). Esses eventos unem gastronomia típica, shows sertanejos, exposições e iniciativas beneficentes.
A cultura local é rica em danças e práticas tradicionais, essas são:
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O patrimônio arquitetônico e histórico de Santa Branca revela muito da formação cultural e religiosa do município, com construções que atravessam diferentes períodos da história local. A Igreja Matriz de Santa Branca, erguida a partir de uma capela construída por escravizados em 1828, em taipa de pilão, é o principal marco religioso da cidade, situada na praça central e símbolo da transição entre os ciclos de subsistência e do café.
Outro destaque é a Igreja do Rosário, de 1869, também em taipa e com duas torres, dedicada a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, atraindo fiéis e visitantes. O Edifício Ajudante Braga, atual Câmara Municipal, guarda a memória do período imperial e da mão de obra escrava, preservando lustres originais.
Na zona urbana, a Capela de São Sebastião, construída no início do século 20, segue como espaço de fé e devoção popular. Já o Mercado Municipal, finalizado em 1928 para abrigar produtores agrícolas, passou por um incêndio em 2002 e foi reinaugurado em 2004, mantendo-se como ponto de encontro da comunidade.
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Um dos maiores orgulhos da população é a Ponte Metálica, projetada em 1902 por Euclides da Cunha sobre o Rio Paraíba do Sul, com ferragens inglesas e pilares de pedra, que garantiu a ligação com Jacareí até 1983. Juntos, esses espaços compõem um valioso conjunto arquitetônico e cultural, tornando-se atrativos para quem deseja conhecer a história e a identidade de Santa Branca.
O ecoturismo em Santa Branca se tornou um dos grandes atrativos do município, impulsionado pela presença marcante do Rio Paraíba do Sul e da Represa de Santa Branca, que moldam a paisagem e oferecem cenários ideais para lazer e aventura.
O rio convida moradores e visitantes a atividades como boiacross, natação, pesca e caminhadas por trilhas que revelam belas paisagens às suas margens. Entre os destaques, está o tradicional evento Ecoboia, que acontece todos os anos e transforma o Paraíba em palco de confraternização, onde pessoas de todas as idades descem o rio em boias e jangadas criativas, em um espetáculo de cor e alegria.
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Às margens da represa, a Toca do Leitão é um dos pontos mais procurados: com 7,81 km² de área represada, funciona como espaço público e gratuito de lazer, perfeito para pesca, esportes aquáticos e passeios de barco que levam a pequenas ilhas povoadas por aves e animais silvestres.
Já na área rural, a Cachoeira do Putim encanta pela queda d’água de cerca de 50 metros sobre lajes de pedra, proporcionando uma experiência de contemplação e refresco em meio à mata, a apenas 15 km do centro.
A vocação para o turismo de aventura também se expressa em eventos como o Trilhão de Motos, realizado em julho, que movimenta a cidade com praticantes vindos de diferentes regiões.
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O turismo rural preserva a memória das antigas fazendas do século XIX e proporciona experiências típicas da vida no campo. Locais como o Hotel Fazendão e a Fazenda do Restaurante Engenho Velho oferecem passeios a cavalo, banhos de rio e cachoeira, doces caseiros e belas paisagens.
O município também guarda fazendas de grande valor histórico, como a Fazenda Caetê, ligada ao capitão-mor Cláudio José Machado; a Fazenda do Porto, associada ao Ajudante José Ferreira Braga; a Fazenda do Putim, que pertenceu ao primeiro barão de Jacareí; a Fazenda do Serrote, da família Nogueira; e a Fazenda Gomeatinga, erguida em 1857.
Essas propriedades refletem a importância da agricultura de cana, café e laranja na economia local e, hoje, muitas se transformaram em espaços de lazer, atraindo famílias, ciclistas e motoqueiros que exploram as trilhas da zona rural.
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As curiosidades históricas de Santa Branca ajudam a revelar a riqueza cultural do município e suas conexões com o cenário nacional.
Um exemplo marcante é a da Ponte Metálica, construída em 1902 pelo escritor e engenheiro Euclides da Cunha, que enquanto supervisionava as obras da estrutura, fazia a revisão final de seu clássico literário ‘Os Sertões', publicado justamente na época da inauguração da ponte.
Outra curiosidade que atravessou o tempo é a fama da cachaça de Santa Branca. Desde o século XIX, os alambiques desempenharam papel importante na economia regional, principalmente depois do declínio do café. Na década de 1920, José Rosa Porto promoveu em São Paulo uma intensa divulgação da aguardente produzida por seu pai, Onofre de Siqueira Porto.
A bebida ganhou repercussão nacional e ficou conhecida como “Santa Branquinha”, nome que se popularizou e deu origem ao termo “branquinha”, até hoje usado em todo o país como sinônimo de cachaça. Apesar das crises e da concorrência com marcas industrializadas, a tradição da produção artesanal resiste e vem sendo retomada por produtores locais, que buscam resgatar a qualidade e o prestígio histórico dessa bebida emblemática.