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Especialista ensina a usar restos de café nas plantas, mas alerta: 'nem todos servem'

Do adubo ao pesticida natural, o café pode transformar restos da sua rotina em nutrientes poderosos para plantas e flores

Júlia Morgado

Publicado em 29/09/2025 às 12:31

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Além de despertar pessoas pela manhã, o café também fortalece raízes, nutre o solo e protege plantas de forma natural / 8photo/Freepik

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Parece loucura, mas o café pode ser um benéfico tanto para despertar quanto para as plantas do jardim. O melhor de tudo isso é que não é necessário um gasto extra para conseguir esse composto, apenas os restos do seu café da manhã farão todo o trabalho. 

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Então, pare de jogar fora as sobras de frutas e os resíduos do café preparado, reutilizá-los ajuda seu jardim a ficar mais saudável. E o melhor: tudo isso de forma orgânica!

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Parte da história brasileira, o café não apenas fornece a energia ideal para iniciar o dia, como também pode se transformar em um grande aliado no cuidado das plantas, servindo como fertilizante natural ou até mesmo como pesticida caseiro. Confira este guia e descubra todos os benefícios que ele pode oferecer ao seu jardim.

O café pode ser incorporado ao solo como adubo natural, fortalecendo o crescimento das plantas/ Ekaterina Ershova/Pixabay
O café pode ser incorporado ao solo como adubo natural, fortalecendo o crescimento das plantas/ Ekaterina Ershova/Pixabay
Rico em minerais como magnésio, fósforo e potássio, o café pode se transformar em um fertilizante natural para o jardim/ Anja/Pixabay
Rico em minerais como magnésio, fósforo e potássio, o café pode se transformar em um fertilizante natural para o jardim/ Anja/Pixabay
No método seco, a borra de café seca e compostada é aplicada diretamente na terra, nutrindo plantas como os morangos/ Katharina N./Pixabay
No método seco, a borra de café seca e compostada é aplicada diretamente na terra, nutrindo plantas como os morangos/ Katharina N./Pixabay
O método líquido de café diluído em água é ideal para hortas, garantindo nutrientes de forma equilibrada/ Daniel Dan outsideclick/Pixabay
O método líquido de café diluído em água é ideal para hortas, garantindo nutrientes de forma equilibrada/ Daniel Dan outsideclick/Pixabay
Além de nutrir, o café atrai minhocas, fundamentais para oxigenar e arejar o solo do jardim/ Gerada po IA/Gamini
Além de nutrir, o café atrai minhocas, fundamentais para oxigenar e arejar o solo do jardim/ Gerada po IA/Gamini

Como assim bom para as plantas?

Sem dúvida a sustentabilidade é uma tendência na atualidade, e o já antigo discurso dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), está mais famoso do que nunca.

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Parte disso é a lógica de priorizar produtos orgânicos, seja na alimentação ou até na escolha de protetores solares livres de químicos, surge também o movimento de reaproveitar o café no cuidado com as plantas.

Pode parecer inusitado, mas esse hábito traz inúmeros benefícios: o café é rico em nutrientes essenciais, como magnésio, fósforo, nitrogênio e potássio. Esses minerais, presentes nos resíduos da bebida, funcionam como um fertilizante natural poderoso para fortalecer e nutrir o seu jardim.

Útil não apenas como adubo, o café também é um ótimo pesticida natural, eficaz e aliado do microecossistema do seu jardim. Adotar esse ingrediente é apostar em uma solução em que todos saem ganhando.

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O uso do café no cultivo de plantas apresenta diversos benefícios, embora também envolva algumas desvantagens, que serão abordadas adiante. Trata-se de um método totalmente natural, sem a utilização de produtos químicos ou substâncias agressivas que possam comprometer o desenvolvimento das espécies.

Alessandra Fernandes, Engenheira Agrônoma e dona do canal Mundo Agro, fala mais do assunto:

Fortalecimento das raízes

Um dos principais benefícios do café para as plantas está relacionado ao fortalecimento das raízes. 

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Ao ferver um punhado de grãos em meio litro de água e aplicar o concentrado já frio na terra, o enraizamento se torna mais vigoroso, permitindo que as plantas aproveitem melhor os nutrientes disponíveis.

Café como fonte de nutrientes

O café que nos ajuda na produtividade para as plantas, o importante são os minerais como magnésio, fósforo, nitrogênio e potássio, que funcionam como fertilizantes naturais. 

Diferentemente dos adubos sintéticos, os resíduos de café liberam esses nutrientes de forma gradual, permitindo que o solo os absorva por períodos prolongados. O resultado é uma vegetação mais saudável e gramados bem nutridos ao longo do ano.

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Conheça também o líquido que todos jogam fora, mas é ouro puro para as plantas.

Solo vivo e equilibrado

O uso do café como adubo também favorece o microecossistema do jardim. Além de contribuir para o desenvolvimento de microrganismos benéficos, o café atrai minhocas, essenciais para a oxigenação e aeração do solo. 

Adubar habitualmente um composto vegetal enriquecido com resíduos de café pode até reduzir a necessidade de fertilizantes convencionais, que muitas vezes prejudicam insetos e outros animais importantes para o equilíbrio natural.

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Café e acidez do solo

Ao contrário dos grãos de café torrados, que apresentam alta acidez, os resíduos já utilizados possuem pH neutro, o que os torna adequados como fertilizante. Porém se o desejo é a acidificação do solo, recomenda-se o uso do café em sua forma natural.

Espécies que se beneficiam

O café pode ser um adubo eficaz para suculentas, mas seu uso requer alguns cuidados. Especialistas recomendam a aplicação apenas em suculentas cultivadas diretamente no solo, já que, em vasos, a borra pode compactar a terra e comprometer a drenagem, afetando o desenvolvimento da planta. Nesse caso, a orientação é utilizar a borra de café já compostada, distribuindo-a ao redor das plantas e cobrindo com uma fina camada de terra.

O uso da borra sem compostagem adequada pode trazer efeitos indesejados, como a atração de moscas e o risco de deposição de ovos entre as folhas. Além disso, o excesso de café também prejudica o crescimento, reforçando a necessidade de moderação.

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Além das suculentas, o café beneficia especialmente plantas que exigem solos ácidos. Entre elas estão hortênsias, magnólias, camélias, mirtilos e azaléias, que se desenvolvem melhor quando o pH é equilibrado. Como o café ajuda a equilibrar o pH do solo, seu uso deixa as plantas florescerem exuberantes e crescerem saudáveis.

Riscos do uso em excesso

  • Use com moderação: o excesso de café pode causar desnutrição. Apesar de conter diversos nutrientes, sua composição é desequilibrada, com predominância de nitrogênio em relação a outros elementos. Esse excesso pode levar à carência de minerais como cálcio, potássio e magnésio.
  • Combine com outros adubos: para evitar problemas, recomenda-se utilizar o café de forma complementar, sempre associado a outros tipos de adubo, garantindo maior equilíbrio nutricional.
  • Atenção às espécies: mesmo em pequenas doses, algumas espécies não se adaptam bem às alterações de acidez provocadas pelo café. Por isso, não é indicado utilizá-lo em hortas com plantas frutíferas ou em plantas ornamentais mais sensíveis.
  • Prefira o natural: é importante destacar que apenas a borra do café natural, em grão, deve ser utilizada.
  • Proibido o instantâneo: produtos industrializados, como café instantâneo ou versões com adoçantes artificiais, não são adequados e podem prejudicar o desenvolvimento das plantas.

Ação como pesticida natural

Além de servir como adubo, o café também pode ser utilizado como pesticida natural. Sua aplicação auxilia no controle de lesmas, caracóis, larvas e alguns insetos mastigadores, funcionando como uma barreira protetora contra pragas.

O efeito ocorre porque a composição do café atua como repelente tóxico para determinados insetos que prejudicam o desenvolvimento das plantas

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A recomendação é aplicar uma camada fina diretamente sobre o solo, sempre com espessura inferior a meio centímetro. Caso contrário, há o risco de alterar excessivamente o pH do substrato, comprometendo a saúde do jardim.

Como preparar e aplicar o café nas plantas

Método seco (borra de café)

Preparação

  1. Depois de preparar seu café, espalhe os resíduos em uma assadeira de alumínio forrada com jornal.
  2. Após isso deixe a borra aberta em local ensolarado até que esteja completamente seca. Isso evita o apodrecimento e a formação de fungos.
  3. Transfira a borra seca para um recipiente fechado de vidro, plástico ou qualquer outro tipo de pote limpo e seco, para manter a qualidade até o uso.

Aplicação

  1. Espalhe uma pequena quantidade de borra seca diretamente ao redor da raiz da planta.
  2. Com uma pá ou garfo de jardinagem, mexa levemente incorporando a borra ao solo para facilitar a absorção.
  3. O uso é indicado principalmente para plantas como rosas, morangos e rododendros, mas pode ser usado em outras que toleram bem solos levemente ácidos.
  4. Proporção recomendada: cerca de 2 g de borra para cada 1 kg de terra.
  5. Frequência: sempre que adicionar compostagem ao solo, aproveite para incluir a borra também.

Método líquido (café diluído)

Preparação

  1. Nunca, em hipótese alguma, utilize o café ainda quente, pois isso pode danificar as raízes e prejudicar as plantas. Espere até que esteja completamente frio.
  2. Misture o café coado em água limpa, na proporção de aproximadamente 1 parte de café para 2 a 3 partes de água. Isso reduz a acidez e evita excessos de nutrientes.
  3. Ele deve estar puro, sem açúcar, adoçante ou qualquer outra coisa.
  4. Segundo dicas de profissionais, o café líquido pode ser colocado em regadores comuns, sempre bem lavados, o que facilita a aplicação e garante uma distribuição uniforme.

Aplicação

  1. Frequência: utilize a cada 1 ou 2 semanas, de acordo com a necessidade da planta e o tipo de solo.
  2. Modo de uso: despeje o líquido diretamente sobre o solo, próximo à raiz, evitando molhar as folhas.
  3. Área maior: em gramados ou canteiros extensos, regue com o café diluído usando o regador, garantindo que a solução seja espalhada de forma constante e homogênea.
  4. Plantas indicadas: além de gramados, é útil para hortaliças de folhas verdes (como alface e espinafre) e plantas ornamentais que se beneficiam de solos levemente ácidos.
  5. Proporção recomendada: cerca de 100 ml da solução para cada planta pequena, ou 1 litro para áreas de 1 m² de gramado ou canteiro.
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