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Espanha e Portugal não estão parados: território gira lentamente, dizem cientistas

Pesquisa aponta rotação gradual causada por forças geológicas profundas

Júlia Morgado

Publicado em 23/12/2025 às 23:30

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A aproximação entre as placas da África e da Eurásia explica o movimento gradual que afeta Espanha e Portugal / NASA, MODIS/LANCE/Domínio Público

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Um novo estudo científico revelou que a Península Ibérica, região onde estão localizados Espanha e Portugal, está passando por um movimento lento de rotação no sentido horário, ou seja, no mesmo sentido dos ponteiros do relógio. O fenômeno acontece há milhares de anos e é causado pelo deslocamento das placas tectônicas da África e da Eurásia.

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A pesquisa foi publicada na revista científica Gondwana Research e conduzida por cientistas da Universidade do País Basco. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram dados de satélite (GPS), sensores de posicionamento no solo e registros de terremotos, capazes de detectar movimentos de apenas alguns milímetros por ano.

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As placas tectônicas

Antes de iniciar entenda o que são as placas tectônicas:

As placas tectônicas são enormes blocos de rocha que formam a camada mais externa da Terra, chamada de crosta. Elas se encaixam como peças de um quebra-cabeça e cobrem todo o planeta. No mapa é possível ver as as principais placas tectônicas do planeta/ M.Bitton/Wikimedia Commons
As placas tectônicas são enormes blocos de rocha que formam a camada mais externa da Terra, chamada de crosta. Elas se encaixam como peças de um quebra-cabeça e cobrem todo o planeta. No mapa é possível ver as as principais placas tectônicas do planeta/ M.Bitton/Wikimedia Commons
Essas placas não estão soltas no espaço. Elas 'flutuam' sobre uma camada mais quente e maleável do interior da Terra, o manto, o que permite que se movam lentamente ao longo do tempo. A imagem mostra um esquema das camadas da Terra/ Domínio Público
Essas placas não estão soltas no espaço. Elas 'flutuam' sobre uma camada mais quente e maleável do interior da Terra, o manto, o que permite que se movam lentamente ao longo do tempo. A imagem mostra um esquema das camadas da Terra/ Domínio Público
Quando duas placas se afastam, o material quente do interior da Terra sobe para preencher o espaço. Esse movimento pode formar vulcões e novas áreas de crosta, principalmente no fundo dos oceanos/ domdomegg/Wikimedia Commons
Quando duas placas se afastam, o material quente do interior da Terra sobe para preencher o espaço. Esse movimento pode formar vulcões e novas áreas de crosta, principalmente no fundo dos oceanos/ domdomegg/Wikimedia Commons
Quando placas colidem, uma pode ser empurrada para baixo da outra ou ambas podem se comprimir. Esse processo é responsável pela formação de cadeias de montanhas e por muitos terremotos/ domdomegg/Wikimedia Commons
Quando placas colidem, uma pode ser empurrada para baixo da outra ou ambas podem se comprimir. Esse processo é responsável pela formação de cadeias de montanhas e por muitos terremotos/ domdomegg/Wikimedia Commons
Há também situações em que as placas deslizam lado a lado. Embora não criem vulcões, esses movimentos acumulam tensão no solo, que pode ser liberada em forma de tremores/ domdomegg/Wikimedia Commons
Há também situações em que as placas deslizam lado a lado. Embora não criem vulcões, esses movimentos acumulam tensão no solo, que pode ser liberada em forma de tremores/ domdomegg/Wikimedia Commons
Os limites entre as placas tectônicas concentram a maior parte dos terremotos e vulcões do planeta. Mesmo se movendo apenas alguns milímetros por ano, essas placas moldam continentes, oceanos e a geografia da Terra ao longo de milhões de anos. O mapa mostra o movimento feito pelas placas/ Eric Gaba/Wikimedia Commons
Os limites entre as placas tectônicas concentram a maior parte dos terremotos e vulcões do planeta. Mesmo se movendo apenas alguns milímetros por ano, essas placas moldam continentes, oceanos e a geografia da Terra ao longo de milhões de anos. O mapa mostra o movimento feito pelas placas/ Eric Gaba/Wikimedia Commons

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O que está acontecendo sob o solo?

As placas tectônicas africana e eurasiática estão se aproximando lentamente, a uma velocidade de cerca de quatro a seis milímetros por ano. Em vez de provocar uma colisão direta em uma única falha geológica, como ocorre em outras partes do mundo, essa pressão se espalha por uma área ampla no sul da Europa.

Com isso, a Península Ibérica funciona como uma espécie de “engrenagem” presa entre duas forças gigantes, sendo empurrada e forçada a girar lentamente para se ajustar a esse movimento constante.

Isso representa perigo imediato?

Segundo os cientistas, não há motivo para alarme. Esse deslocamento é extremamente lento e imperceptível para os seres humanos. No entanto, ele ajuda a explicar por que terremotos são relativamente frequentes e espalhados por diferentes regiões da Espanha e de Portugal.

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Como não existe uma única grande falha geológica bem definida na região, a energia acumulada no subsolo acaba sendo liberada aos poucos, em diferentes pontos, o que aumenta a complexidade da atividade sísmica local.

O futuro do Mediterrâneo

Embora os efeitos não sejam sentidos no curto prazo, as consequências em escala geológica podem ser enormes. De acordo com o estudo, esse movimento contínuo pode levar, no futuro distante, ao fechamento do Mar Mediterrâneo, transformando-o novamente em um mar fechado. Além disso, África e Europa podem acabar se unindo no oeste, alterando completamente a geografia da região.

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Os pesquisadores reforçam que essas transformações ocorrem ao longo de milhões de anos. Ainda assim, compreender esses movimentos ajuda a ciência a interpretar melhor a dinâmica da Terra e a identificar áreas onde a tensão geológica está se acumulando.

“O solo sob nossos pés pode até parecer sólido e imóvel, mas, em uma escala de tempo planetária, a Península Ibérica gira silenciosamente, sendo remodelada por forças que atuavam muito antes da chegada dos seres humanos e que continuarão atuando muito depois disso”, destacam os autores do estudo.

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