A lendária Estrada da Graciosa e sua beleza ímpar / Imagem gerada por IA
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A Estrada da Graciosa, oficialmente inaugurada em 1873, guarda em seus paralelepípedos a memória de um Paraná em formação. Muito antes de se tornar rodovia, ela já era trilha usada por indígenas e tropeiros, rota de comércio e ligação entre o planalto e o litoral.
Construí-la não foi tarefa simples: por quase duas décadas, engenheiros e trabalhadores enfrentaram a topografia difícil da Serra do Mar, a mata densa e as chuvas constantes. O resultado foi uma obra monumental para a época, que durante quase um século foi a principal ligação de Curitiba com as cidades litorâneas de Morretes e Antonina.
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Quem percorre a Graciosa hoje encontra muito mais do que um caminho entre dois destinos. São cerca de 40 quilômetros serpenteando pela Serra do Mar, cercados pela exuberância da Mata Atlântica. As curvas fechadas revelam riachos, cascatas e recantos floridos, enquanto trechos de paralelepípedo reforçam a sensação de que o tempo ali corre em outro ritmo. Não à toa, parte do trajeto está dentro do Parque Estadual da Graciosa e de outras áreas de preservação reconhecidas pela UNESCO como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Cada quilômetro é um convite a contemplar e respeitar a riqueza natural.
A Graciosa também é cultura viva. Ao longo do caminho, o visitante encontra oratórios antigos, pontes preservadas e o icônico Portal da Graciosa, em Quatro Barras, que marca a entrada da estrada-parque. Os miradouros, estrategicamente espalhados, permitem parar, descansar e fotografar paisagens que parecem molduras naturais. Ao final da descida, já em Morretes, a viagem ganha sabor especial: ali, o tradicional barreado, prato típico do litoral paranaense, completa a experiência de quem uniu estrada, história e gastronomia em um só roteiro.
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Reconhecida oficialmente como patrimônio cultural e natural do Paraná desde 1986, a Estrada da Graciosa exige preservação. Hoje, veículos pesados já não podem circular em determinados trechos, e há normas específicas que regulamentam seu uso turístico, garantindo que a beleza do lugar não se perca diante do desgaste do tempo e do excesso de tráfego. Manter viva a Graciosa é um desafio, mas também uma responsabilidade coletiva: sem ela, uma parte fundamental da identidade do Estado se apaga.
Fazer a descida da Graciosa em dias claros, sem chuva ou neblina, é uma experiência que mistura história, paisagem e emoção. A cada curva, a estrada revela um pouco do Paraná antigo e do que permanece preservado. É mais que uma viagem: é uma travessia no tempo, onde a natureza e a cultura se encontram, lembrando a todos que nem sempre o destino é mais importante que o caminho.
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