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Entenda por que o Curupira foi escolhido como mascote da COP 30

Figura do folclore brasileiro representa o guardião das florestas e simboliza a união entre saberes ancestrais e ciência nas discussões sobre o clima

Júlia Morgado

Publicado em 06/11/2025 às 15:50

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Curupira, o lendário guardião das florestas, foi escolhido como mascote da COP 30 a Conferência do Clima da ONU que será realizada em Belém (PA) e terá as florestas como tema central / Divulgação/COP30

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Uma das principais figuras do folclore brasileiro será o símbolo representante da COP 30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que ocorre entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém (PA) — saiba por que Belém é o local desse evento internacional. O Curupira, emblemático na cultura como o guardião das florestas e dos animais, será o mascote para o encontro.

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Com seus cabelos flamejantes e pés virados para trás, a inclusão da entidade folclórica na identidade visual do evento busca aproximar as novas gerações do debate ambiental, reforçando a importância da preservação da natureza. Em carta à comunidade internacional, o embaixador e presidente da COP30, André Corrêa do Lago, destaca as florestas como um "tópico central" nas discussões sobre as mudanças climáticas.

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Corrêa do Lago também enfatiza a importância de incorporar os saberes dos povos originários na estratégia de enfrentamento das mudanças climáticas. "A cultura brasileira herdou dos povos indígenas nativos do Brasil o conceito de 'mutirão' ('Motirõ' em tupi-guarani), que se refere a uma comunidade que se reúne para trabalhar em uma tarefa compartilhada, seja colhendo, construindo ou apoiando uns aos outros".

Segundo ele, "ao compartilhar essa inestimável sabedoria ancestral e tecnologia social, a presidência da COP30 convida a comunidade internacional a se juntar ao Brasil em um mutirão global contra a mudança do clima, um esforço global de cooperação entre os povos para o progresso da humanidade."

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O comunicado ainda reforça a necessidade de integrar os saberes tradicionais e locais com a ciência moderna, de modo a encontrar caminhos sustentáveis e eficazes para enfrentar a crise ambiental global.

Veja também: Cidade do litoral de SP apresenta projeto inovador de justiça climática na COP 30.

O guardião da natureza

Segundo a organização do evento, a primeira referência ao Curupira na história brasileira foi feita em 1560 pelo padre José de Anchieta, em São Vicente (SP), após ouvir dos povos indígenas relatos sobre a misteriosa entidade.

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Descrito como um ser de cabelos vermelhos e pés virados para trás — uma artimanha usada para confundir aqueles que tentam seguir seus passos —, o Curupira é considerado uma das figuras mais emblemáticas do folclore nacional. Veja algumas representações do personagem:

Normalmente representado em animações, o Curupira é amplamente utilizado em ações de conscientização infantil sobre o cuidado com o meio ambiente/ LeonardoG/Wikimedia
Normalmente representado em animações, o Curupira é amplamente utilizado em ações de conscientização infantil sobre o cuidado com o meio ambiente/ LeonardoG/Wikimedia
Em 2001, o Sítio do Picapau Amarelo já havia incorporado o personagem folclórico em sua trama, com o ator Gabriel Jansen interpretando o guardião das florestas/ Reprodução Viva
Em 2001, o Sítio do Picapau Amarelo já havia incorporado o personagem folclórico em sua trama, com o ator Gabriel Jansen interpretando o guardião das florestas/ Reprodução Viva
Mais recentemente, a série brasileira da Netflix Cidade Invisível explorou o folclore nacional, trazendo Fábio Lago na pele do Curupira/ Reprodução X/@NetflixBrasil
Mais recentemente, a série brasileira da Netflix Cidade Invisível explorou o folclore nacional, trazendo Fábio Lago na pele do Curupira/ Reprodução X/@NetflixBrasil
Agora, na COP 30, o guardião da floresta mostrará ao mundo a importância da preservação ambiental/ Alex Ribeiro/Agência Pará
Agora, na COP 30, o guardião da floresta mostrará ao mundo a importância da preservação ambiental/ Alex Ribeiro/Agência Pará

Associado à proteção ambiental, especialmente contra a caça e a destruição das florestas, o personagem permanece vivo na tradição amazônica e em diferentes regiões do Brasil.

O escritor paraense Paulo Maués, autor do livro Histórias de Curupira, destaca a importância simbólica da entidade. Para ele, "de todos os personagens que são protetores da natureza, o Curupira é o principal. O homem da Amazônia tem uma relação muito curiosa com esse personagem. É um personagem que pode ajudar um homem na caçada, mas que também pode castigar esse mesmo homem se ele entrar na floresta para maltratar tanto a fauna quanto a flora."

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Maués ressalta ainda que "o conhecimento em torno das lendas brasileiras e, de modo particular, as amazônicas, está muito associado a questões ligadas à preservação da natureza. Personagens como o Curupira, o Boto e a Iara são verdadeiros agentes de consciência ecológica, de educação ambiental. A gente percebe, por exemplo, uma norma de conduta muito ética do homem comum da Amazônia, que vem dos povos originários, e a relação de pertencimento e respeito com o meio ambiente."

Leia mais: Israel boicota COP30 no Brasil em meio a críticas ao governo Lula.

A escritora Januária Silva, autora de O Curupira e Outros Seres Fantásticos do Folclore Brasileiro, reforça essa simbologia. Segundo ela, o Curupira é reconhecido como o "guardião das florestas", protetor dos animais e das matas, que age com rigor quando necessário. "Mesmo que, para isso, ele às vezes se utilize de métodos nem tão adequados, né? Mas o que importa é o que ele simboliza: essa conexão forte que o homem tem com a natureza", afirma.

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Assim, mais do que uma figura lendária, o Curupira reflete a sabedoria ancestral e a consciência ambiental que atravessam gerações — um símbolo vivo do respeito à floresta e da harmonia entre o homem e o meio natural.

O canal 'MYSTERIUM TV' fala mais da história do Curupira: 

 

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