A chave está no sistema glinfático / Imagem: Pexels
Continua depois da publicidade
Para a maioria das pessoas, o sono é visto apenas como um período de inatividade e descanso para o corpo. Mas, para a ciência, dormir é um processo vital com consequências profundas.
A falta de sono, por exemplo, pode trazer riscos para a saúde física e mental, incluindo doenças neurodegenerativas como o mal de Alzheimer.
Continua depois da publicidade
Embora ainda sem cura, essa doença, que geralmente afeta idosos, tem sua incidência relacionada a diversas ações que tomamos no nosso dia a dia. E uma das mais importantes para a prevenção, como a ciência vem demonstrando, é priorizar boas noites de sono.
Vale lembrar que a Anvisa liberou um remédio revolucionário que pode mudar o tratamento do Alzheimer.
Continua depois da publicidade
A responsável por proteger o cérebro de substâncias prejudiciais é uma rede vascular específica, chamada de sistema glinfático.
Descoberta em 2012 pela neurocientista dinamarquesa Maiken Nedergaard, essa rede age como um sistema linfático para o cérebro, com a função de drenar proteínas e resíduos que podem causar danos neurológicos.
Entre as substâncias danosas que o sistema glinfático remove está a beta-amiloide, uma proteína residual dos processos cerebrais. Quando essa proteína não é eliminada corretamente, ela se acumula, formando placas que levam à disfunção e à inflamação cerebral, que são condições diretamente associadas ao Alzheimer.
Continua depois da publicidade
Essa relação foi observada em um artigo publicado por pesquisadores da Universidade Macquarie, na Austrália, que reforça a ligação entre a disfunção do sistema glinfático e o risco aumentado de desenvolver doenças como o Alzheimer.
A descoberta do sistema mudou a forma como entendemos a manutenção da saúde cerebral.
O momento crucial em que o sistema glinfático mais atua é durante o sono, especialmente na fase de sono profundo. É nesse período que o processo de "limpeza" do sistema nervoso central se intensifica, permitindo a eficiente drenagem da proteína beta-amiloide e outros resíduos acumulados durante o dia.
Continua depois da publicidade
Um estudo citado pelos pesquisadores australianos, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, mostrou uma evidência impressionante: apenas uma única noite de privação de sono foi suficiente para aumentar significativamente a quantidade de beta-amiloide no cérebro.
Esse resultado sugere que a falta de sono é um fator de risco imediato para a saúde cerebral.
É como se o sono fosse o "turno da noite" do cérebro, um período essencial para que ele se regenere e se prepare para o dia seguinte. Pular essa etapa significa deixar o cérebro mais vulnerável ao acúmulo de substâncias que podem levar a problemas de saúde no futuro.
Continua depois da publicidade
Apesar da forte evidência da relação entre sono e prevenção do Alzheimer, os cientistas querem aprofundar a pesquisa sobre os mecanismos do sistema glinfático.
Uma das principais perguntas é sobre os efeitos da privação contínua de sono, em oposição a uma única noite, já que os resultados a longo prazo ainda não estão claros.
Outra questão em aberto é se medicamentos para insônia, que ajudam a dormir, também ativam o sistema glinfático da mesma forma que o sono natural.
Continua depois da publicidade
Ou seja, se combater a insônia com remédios tem os mesmos efeitos protetores. Os pesquisadores pretendem encontrar a resposta para essas e outras dúvidas nos próximos anos.
A conclusão, no entanto, permanece a mesma: uma boa noite de sono é um investimento para a saúde a longo prazo. O recado, contudo, já está dado: não despreze as noites de sono e jamais fique sem dormir, a menos que você queira desenvolver doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.