Cada dispositivo eletrônico contém em média 450 miligramas de ouro de 22 quilates em suas placas / Imagem gerada por IA/ImageFX
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Seu celular antigo guardado na gaveta, aquele computador quebrado ou o micro-ondas que parou de funcionar guardam um segredo valioso: ouro.
Cada dispositivo eletrônico contém, em média, 450 miligramas do metal precioso em suas placas de circuito, uma quantidade que parece pequena, mas representa um desperdício bilionário quando multiplicada pelos milhões de aparelhos descartados anualmente.
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A escolha não é por luxo, mas por necessidade técnica. O ouro apresenta condutividade elétrica excepcional e, diferentemente de metais como cobre ou prata, resiste completamente à oxidação.
Essas propriedades o tornam indispensável para conexões críticas que exigem máxima confiabilidade, especialmente em componentes sensíveis de placas-mãe, processadores e conectores.
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Dados de 2023 revelam que a humanidade descartou 53 milhões de toneladas de equipamentos eletrônicos. A maior parte desse volume segue direto para aterros sanitários, levando consigo não apenas ouro, mas também prata, paládio e terras raras.
Além do impacto ambiental causado por substâncias tóxicas, há uma perda econômica considerável de recursos finitos.
Dica do editor: Depois de três décadas, geólogos encontram o maior depósito de cobre, prata e ouro do planeta.
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Pesquisadores da renomada ETH Zurich desenvolveram um método revolucionário de extração que utiliza um ingrediente surpreendente: proteínas do soro do leite, aquele líquido que sobra da fabricação de queijos.
A equipe descobriu que essas proteínas, quando processadas adequadamente, podem ser convertidas em filtros biológicos altamente seletivos para capturar partículas de ouro.
A técnica envolve quatro etapas principais. Primeiro, as proteínas do soro passam por tratamento químico que as transforma em uma estrutura porosa semelhante a uma esponja.
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Em seguida, placas eletrônicas são dissolvidas em solução ácida controlada, liberando todos os metais presentes. A esponja proteica então filtra especificamente o ouro, ignorando outros elementos.
Finalmente, o metal recuperado passa por purificação e é fundido em pepitas de 22 quilates com 91% de pureza.
O potencial econômico é significativo: apenas 10 placas de circuito podem render ouro avaliado em aproximadamente R$ 170 mil aos preços atuais do mercado.
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Mais importante ainda, a técnica combina aproveitamento de dois tipos diferentes de resíduos, eletrônicos e agroindustriais, transformando problemas ambientais em oportunidades de negócio.
A inovação suíça representa um avanço na economia circular. Por um lado, reduz o acúmulo de lixo eletrônico perigoso. Por outro, oferece destino nobre para o soro de leite, que muitas vezes é descartado por laticínios ou usado apenas para alimentação animal.
A convergência dessas duas necessidades cria um modelo de reciclagem tecnológica ambientalmente responsável.
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Apesar da simplicidade conceitual, os pesquisadores fazem um alerta crucial: nunca tente replicar esse processo em ambientes domésticos. A manipulação envolve ácidos altamente corrosivos, temperaturas precisas e equipamentos de segurança profissionais.
Acidentes podem causar queimaduras graves, intoxicação ou explosões. A extração de metais preciosos deve permanecer restrita a laboratórios certificados e profissionais treinados.
Iniciativas como essa representam o caminho para tornar a indústria eletrônica mais sustentável.
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À medida que a demanda por dispositivos cresce globalmente, técnicas de recuperação eficientes tornam-se essenciais não apenas para preservar o meio ambiente, mas também para garantir o suprimento futuro de materiais estratégicos cada vez mais escassos.