Diário Mais

Descoberta revela mutação em gene e associação com doença que impacta milhões

Pesquisa destaca o papel do GRIN2A na comunicação neuronal e indica que a L-serina pode melhorar sintomas psiquiátricos

Júlia Morgado

Publicado em 11/12/2025 às 07:16

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Representação do cérebro e do DNA destaca o papel do gene GRIN2A na comunicação neuronal e no risco aumentado de desenvolver esquizofrenia / kjpargeter/Freepik

Continua depois da publicidade

Uma equipe de médicos especializados em genética e neurologia identificou que doenças mentais como a esquizofrenia apresentam forte relação com mutações no gene GRIN2A. Os pesquisadores afirmam que reconhecer esse fator de risco genético pode abrir caminho para o desenvolvimento de terapias preventivas no futuro.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O gene GRIN2A é responsável por regular a comunicação entre neurônios a partir da produção da proteína GluN2A. Quando atua de forma adequada, contribui para a transmissão de sinais elétricos entre células nervosas e para a realização de processos fundamentais como aprendizagem, memória, linguagem e desenvolvimento do cérebro.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Estudo com 2,7 milhões de pessoas mostra relação entre o consumo de tomate e o câncer

• Tatuagem pode causar câncer? Entenda o que diz o novo estudo sobre o assunto

• Microplásticos fogem de Santos: estudo revela que cidade exporta poluição ao mar aberto

No artigo publicado na revista Molecular Psychiatry, os autores demonstram que a mutação no gene reduz a atividade do receptor elétrico NMDA, que participa da comunicação neuronal, o que eleva o risco de surgimento de transtornos mentais.

Pode te interessar: nova descoberta promete revolucionar terapias contra câncer e doenças neurodegenerativas.

Continua depois da publicidade

Estudo mostra como mutações no GRIN2A afetam a comunicação entre neurônios e elevam o risco de transtornos mentais/ Freepik
Estudo mostra como mutações no GRIN2A afetam a comunicação entre neurônios e elevam o risco de transtornos mentais/ Freepik
Análises genéticas revelam que alterações específicas podem influenciar diretamente o desenvolvimento de doenças psiquiátricas/ kjpargeter/Freepik
Análises genéticas revelam que alterações específicas podem influenciar diretamente o desenvolvimento de doenças psiquiátricas/ kjpargeter/Freepik
Resultados reforçam a variabilidade individual no risco de esquizofrenia mesmo entre pessoas expostas aos mesmos fatores ambientais/ Freepik
Resultados reforçam a variabilidade individual no risco de esquizofrenia mesmo entre pessoas expostas aos mesmos fatores ambientais/ Freepik
 
 
Entre os 121 indivíduos avaliados, 85 apresentaram uma variação no GRIN2A e 23 desenvolveram alguma doença mental. Os resultados indicam que pessoas portadoras da mutação apresentam risco significativamente maior do que aquelas sem alterações. Além disso, os pacientes apresentaram sintomas exclusivamente psiquiátricos, o que afasta em grande medida hipóteses ambientais ou contextuais.

A descoberta contraria o entendimento predominante de que os transtornos mentais têm origem poligênica. Até agora, acreditava-se que essas condições resultavam da interação de múltiplos fatores, inclusive genéticos. O estudo revela pela primeira vez que uma mutação em um único gene pode exercer influência decisiva no desenvolvimento de um transtorno mental.

O relatório também menciona estudos anteriores que investigaram o tratamento da deficiência do receptor NMDA, causada pela mutação no GRIN2A, com o aminoácido L-serina. Os quatro pacientes com esquizofrenia que participaram do teste apresentaram melhorias expressivas, incluindo desaparecimento de alucinações, remissão de sintomas de paranoia e melhor comportamento após o tratamento.

Dica de leitura: cientista quer testar plantas amazônicas no espaço em busca de avanços contra Alzheimer.

Continua depois da publicidade

Como esse experimento foi conduzido antes da pesquisa principal, os autores destacam que ainda não é possível considerá-lo um método terapêutico definitivo. Mesmo assim, afirmam que a eficácia da L-serina poderá ser confirmada em um ensaio clínico randomizado, prospectivo e duplo-cego.

A esquizofrenia é uma doença mental caracterizada por delírios, alucinações, pensamento e linguagem desorganizados, alterações de comportamento e perda de motivação ou prazer. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o transtorno afeta cerca de 23 milhões de pessoas no mundo, o que corresponde a 0,29% da população global. Entre adultos, a taxa chega a 0,43%, o equivalente a 1 pessoa afetada a cada 233 indivíduos.

Embora os especialistas compreendam bem os sintomas e conheçam as faixas etárias em que a doença costuma aparecer, ainda não há uma definição única sobre sua origem. Há terapias eficazes e diversos fatores de risco são reconhecidos, incluindo genética, neuroquímica e elementos externos como estresse e uso de drogas.

Continua depois da publicidade

Saiba mais: para envelhecer saudável, precisa abandonar esses hábitos comuns.

Mesmo assim, a ciência ainda não explica por completo por que pessoas com risco semelhante podem ou não desenvolver a doença. Algumas recebem o diagnóstico mesmo sem histórico familiar e outras permanecem saudáveis, mesmo quando ambos os pais têm esquizofrenia. Até o momento, também não existe uma estratégia clara de prevenção.

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software