Cobras tomam ilham e mudam ecossistema local / Imagem meramente ilustrativa / Foto de Catalin Buescu/Pexels
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Na pequena ilha de Guam, no Pacífico, cientistas e autoridades já falam em “desastre ecológico”. O motivo é a chegada e a proliferação descontrolada da serpente arbórea parda (Boiga irregularis), uma espécie invasora que teria sido introduzida acidentalmente, possivelmente em carregamentos militares. Estima-se que hoje existam cerca de 2 milhões desses animais espalhados pelo território.
O impacto foi devastador. Guam abrigava 12 espécies de aves nativas, mas 10 delas já desapareceram completamente da ilha. As poucas que restam sobrevivem em áreas urbanas ou cavernas, longe de seus habitats naturais. Sem as aves, que ajudavam a controlar insetos e a espalhar sementes, o equilíbrio do ecossistema entrou em colapso.
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Um dos efeitos mais visíveis é a explosão populacional de aranhas. Milhões, talvez bilhões desses aracnídeos agora cobrem a vegetação em níveis nunca antes registrados. Pesquisadores relatam que é possível ver centenas de aranhas em redes a menos de dois metros do solo.
O governo dos Estados Unidos destina cerca de 3,8 milhões de dólares por ano em tentativas de controlar a praga. Uma das estratégias foi espalhar iscas com paracetamol — substância tóxica para as serpentes — em uma base aérea, aliada a uma cerca à prova de cobras. Embora a medida tenha tido algum sucesso local, replicá-la em toda a ilha, com seu relevo acidentado e extensa área verde, é considerado inviável.
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O caso de Guam acende um alerta mundial sobre os impactos das espécies invasoras em ambientes insulares. A perda das aves já compromete a regeneração de diversas árvores e altera a dinâmica da floresta. Para especialistas, o que ocorre na ilha pode ser um exemplo dramático de como uma invasão biológica é capaz de remodelar por completo um ecossistema — e colocar em risco sua sobrevivência a longo prazo.