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De símbolo da riqueza à falência: o fim da loja mais luxuosa do Brasil

Entre helicópteros no teto e grifes internacionais, o comércio virou caso de polícia e faliu

Jeferson Marques

Publicado em 22/09/2025 às 15:57

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A Daslu foi sinônimo de riqueza e ostentação por muitos anos / Imagem ilustrativa / Imagem gerada por IA

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Durante anos, a Daslu foi sinônimo de ostentação e exclusividade em São Paulo. Fundada nos anos 1950 por Lúcia Piva de Albuquerque e Lourdes Aranha, começou como uma butique voltada para a elite paulistana. 

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O grande salto veio nos anos 1990, quando a empresária Eliana Tranchesi assumiu a gestão e transformou a marca em um verdadeiro templo do consumo de luxo. Em 2005, foi inaugurada a chamada “Villa Daslu”, um prédio suntuoso na Vila Olímpia, com 17 mil metros quadrados e mais de 60 grifes internacionais reunidas sob o mesmo teto. 

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Segundo a Folha de S.Paulo, o espaço era considerado um dos maiores templos de luxo da América Latina, atraindo clientes endinheirados, celebridades e até políticos estrangeiros.

Escândalo

O brilho, porém, durou pouco. Em 2005, poucos dias após a inauguração da Villa, a loja foi alvo da Operação Narciso, da Receita Federal e da Polícia Federal, que investigavam fraudes milionárias em importações.

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Eliana Tranchesi e outros executivos foram acusados de participar de um esquema de subfaturamento de mercadorias vindas do exterior, o que resultava em pagamento menor de impostos.

Em 2009, Eliana chegou a ser condenada a 94 anos de prisão, embora tenha respondido em liberdade enquanto recorria da decisão, como registrou o Estadão. O escândalo abalou a imagem da Daslu, afastou clientes e deixou a empresa em profunda crise financeira.

Queda

Com dívidas crescentes e dificuldade para manter a operação, a Daslu entrou em recuperação judicial em 2009 e, em 2011, teve parte de seus ativos leiloados. Em 2014, a marca foi adquirida pela Laep Investments, mas não conseguiu recuperar o prestígio de antes. Em 2016, as lojas físicas fecharam definitivamente as portas. Eliana Tranchesi morreu em 2012, vítima de câncer no pulmão, e seu irmão, Antônio Tranchesi, também investigado, se afastou do varejo. 

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Para especialistas do setor, como destacou o Valor Econômico, a queda da Daslu é um exemplo de como até marcas voltadas para o público mais rico podem ruir diante de má gestão, problemas judiciais e mudanças de comportamento do consumidor.

Símbolo

A história da Daslu se tornou um símbolo da transformação do mercado de luxo no Brasil. Se nos anos 1990 o consumo ostentatório era visto como status, na década seguinte o setor precisou se reinventar, apostando em experiências digitais e novos modelos de exclusividade. Para a BBC Brasil, o fim da Daslu representa também o fim de uma era em que a elite se reunia em espaços fechados e inacessíveis, distantes da realidade da maioria da população. 

Hoje, a lembrança da Daslu sobrevive como uma mistura de fascínio e escândalo, um retrato da São Paulo que viveu seu auge de glamour e depois assistiu ao colapso de sua loja mais emblemática.

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