O antes badalado Hotel Glória hoje não passa de memória, poeira e abandono / Tânia Rego / Agência Brasil
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Inaugurado em agosto de 1922, durante a Exposição Internacional do Centenário da Independência, o Hotel Glória marcou época como o primeiro cinco estrelas do Brasil.
Localizado na zona sul do Rio de Janeiro, de frente para a Marina da Glória, o edifício em estilo neoclássico logo se tornou um cartão-postal da cidade, recebendo presidentes, reis, artistas de Hollywood e ídolos da música.
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Segundo o Diário do Rio, era comum ver celebridades como Carmen Miranda e até políticos estrangeiros circulando pelo saguão, que respirava luxo e modernidade.
Durante décadas, o Glória foi sinônimo de requinte. Sua proximidade com o centro e, ao mesmo tempo, com a orla, fazia dele o endereço ideal para quem queria vivenciar a elegância carioca. De acordo com o historiador Paulo Knauss, citado pelo G1, o hotel representava a “belle époque tropical”, um espaço que unia arquitetura imponente, gastronomia refinada e noites memoráveis. Foi palco de bailes famosos, recepções diplomáticas e hospedagens de chefes de Estado como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Dwight Eisenhower.
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Nos anos 2000, o glamour já não era mais o mesmo. Em 2008, o empresário Eike Batista comprou o hotel com o objetivo de transformá-lo em um seis estrelas. O projeto de revitalização previa suítes de luxo, spa internacional e restaurantes premiados. Porém, segundo o Estadão, a derrocada do grupo EBX levou ao abandono das obras, deixando para trás andaimes, entulhos e uma história suspensa. O edifício, que já foi vitrine de sofisticação, passou a acumular poeira, infiltrações e lembranças desbotadas.
Por mais de uma década, o Hotel Glória permaneceu em silêncio, com suas portas fechadas e seu passado brilhante ecoando apenas na memória dos cariocas. Reportagem do O Globo destacou o contraste doloroso: um prédio tombado pelo IPHAN, patrimônio da arquitetura brasileira, entregue ao esquecimento. Janelas quebradas, pichações e estruturas corroídas pela maresia compunham a imagem melancólica de um gigante adormecido.
Hoje, após 14 anos de espera, novos planos reacenderam a esperança de ver o Glória renascer. De acordo com o Diário do Rio, o edifício está sendo transformado em um empreendimento residencial, com previsão de manter parte da fachada histórica.
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Ainda que não volte a ser um hotel, a memória do Glória permanece viva — como símbolo de uma cidade que já foi capital cultural e diplomática do país, e que guarda em seus corredores vazios a nostalgia de uma época dourada que não volta mais.