Dados mostram as cidades com maior número de maus-tratos a animais em SP

Dados recentes da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo revelaram um cenário preocupante sobre os maus-tratos a animais no estado. Entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024, foram registradas 9.240 ocorrências em território paulista. 

Desse total, 779 denúncias aconteceram em cidades do interior, representando 8,43% dos casos no estado.

O tema voltou a ganhar destaque após o resgate de dois cães em situação de abandono em uma casa de Águas de Lindóia, interior paulista, no último dia 20 de março. 

A ação da Polícia Civil foi motivada por diversas denúncias feitas por moradores da região.

Campinas lidera ranking de maus-tratos a animais

Entre as 52 cidades analisadas, Campinas aparece como o município com maior número de denúncias no período, com 165 registros de maus-tratos.  

Apesar de ser considerada um dos centros econômicos mais importantes do país, a cidade deixa a desejar quando o assunto é a segurança dos animais.

Logo atrás está Indaiatuba, com 65 casos, uma média de até seis ocorrências por mês.

Em contrapartida, Águas de Lindóia, conhecida por produzir mais de 50% da água mineral no Brasil, aparece entre as cidades com menor número de casos, somando apenas sete ocorrências em dois anos, o que equivale a um registro a cada dois meses.

Onde os maus-tratos acontecem com mais frequência

Os dados também indicam que quase metade dos casos registrados na região ocorreram dentro de residências, totalizando 49,29% das denúncias. Já 21,82% dos maus-tratos aconteceram em vias públicas.

É importante destacar que nem sempre o local da denúncia corresponde ao local onde o crime realmente ocorreu. 

Isso porque muitas denúncias são feitas de forma online e acabam sendo registradas em delegacias de outras cidades.

Abusos chocantes e o trabalho das ONGs

Organizações Não-Governamentais que atuam na proteção dos animais em cidades da região bragantina e de Campinas relatam casos de violência que vão além do abandono. 

Voluntários presenciaram situações de gatos abandonados dentro de sacolas plásticas, além de casos de violência sexual contra cães.

Entre os resgates mais marcantes, uma ONG de Pinhalzinho encontrou sete filhotes de gato abandonados dentro de uma lixeira. Os animais estavam tão debilitados que sequer conseguiam se alimentar.

Punições mais severas desde 2020

A legislação para crimes de maus-tratos contra animais domésticos ficou mais rigorosa após a sanção da Lei nº 14.064, em 2020. Desde então, a pena para quem comete esse tipo de crime varia de dois a cinco anos de reclusão. 

Antes disso, a punição era bem mais branda, com previsão de três meses a um ano de prisão.

Além dessa lei, crimes contra a fauna silvestre também são punidos pela Lei nº 9.605/1998, que trata de crimes ambientais. 

Ela diferencia maus-tratos contra animais domésticos e contra espécies silvestres, incluindo aquelas protegidas pelo IBAMA.

Tráfico de animais silvestres ainda é realidade

Outro crime comum na região é o tráfico de animais silvestres. De acordo com a Polícia Ambiental, o transporte irregular dessas espécies resulta em altíssimos índices de mortalidade. 

Em casos de transporte interestadual, estima-se que até 90% dos animais não sobrevivem à viagem.

Uma operação realizada em 2020, por exemplo, resultou na prisão de um trio que transportava mais de 100 aves em Pongaí, no interior de São Paulo. Grande parte dos animais não resistiu às condições do transporte.

A orientação das autoridades é clara: em casos de suspeita de maus-tratos ou tráfico de animais, a denúncia é fundamental para que os responsáveis possam ser identificados e punidos, e para que os animais sejam resgatados e tenham a chance de uma vida mel