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Cosplayers contam trajetória e falam dos desafios para continuar com o hobby

Segundo um levantamento do Future Market Insights, o mercado cosplayer rendeu mundialmente cerca de US$ 4,788 milhões (R$ 26,2 milhões), em 2023

Gabriel Fernandes

Publicado em 29/11/2024 às 12:39

Atualizado em 29/11/2024 às 13:42

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Maatouk já chegou a apresentar sua caracterização de Stan Lee para os próprios atores da Marvel / Reprodução/Instagram

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"Tive um sonho do meu avô com o Stan Lee, e interpretei como um sinal de motivação, amor e carinho". Foi por conta dessa passagem que o ator Daniel Maatouk passou a estudar mais sobre a vida do ícone da Marvel. Com um penteado para trás, óculos escuros, um bigode branco, voz arrastada e andando como um verdadeiro idoso, surgia o seu mais popular cosplay.

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Durante vários eventos, Maatouk já chegou a apresentar sua caracterização de Stan Lee para os próprios atores da Marvel como Chris Hemsworth (Thor), Hugh Jackman (Wolverine), Ryan Reynolds (Deadpool) e Paul Rudd (Homem-Formiga). 

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"Em uma CCXP, o Paul [Rudd] estava com uma manopla do infinito, e começou a brincar de soquinho comigo que também estava usando uma. O Kevin Feige [Presidente da Marvel] estava ao lado, olhou pra mim e fez um joinha piscando o olho. Foi bastante especial". 

Quem também viveu uma experiência marcante e inusitada devido aos seus trabalhos na área, foi a produtora Daniela Zogaib. Em 2019, por conta de seu traje da Mulher-Maravilha, ela participou de um painel na CCXP, sobre o segundo longa da personagem. 

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Na ocasião, ela dividiu o palco com a própria intérprete da personagem nas telonas, a atriz Gal Gadot. 

"Senti um frio na barriga e quis dar o meu melhor. Ela foi extremamente educada e carinhosa com todos durante os ensaios, apertando as mãos, cumprimentando olho no olho", recorda.

Só que não foi nesta época que Daniela começou nesta área. Desde os 10 anos, sempre acompanhou vários animes e ao comprar seu primeiro computador passou a entrar em contato com a comunidade de cosplayers que existia em São Paulo e no exterior. "Me interessava pelas fotos e admirava os personagens 'vivos'. Foi aí que decidi que iria ser uma cosplayer".

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Como a maioria das costureiras que consultou não conheciam os conceitos de roupas, perucas e lentes, ela mesma passou a confeccionar os trajes e garimpar as peças e acessórios que poderiam ser utilizados. 

Nesse meio tempo, ia com frequência a eventos da área e ao bairro da Liberdade, em São Paulo. O seu principal intuito sempre era estudar e conseguir mais materiais.

Uma situação parecida foi vivida pelo movimentador de frota, Adller Dias Matos. Conhecido por seu cosplay de Scorpion, do "Mortal Kombat", ele depende e muito de criatividade para baratear o material utilizado. 

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"Geralmente compro direto da China, mas a minha cunhada me ajudou neste último trabalho. Com as taxações ficou mais complicado de se fazer, pois quase tudo que se usa é importado", explica Matos.

O mesmo problema foi citado por Daniela, que lamenta o fato da crescente inflação afetar a customização dos trajes e prejudicar o resultado final. "É algo que me chateia, pois para ser uma cosplayer, é preciso ter um grande investimento e um aparente nível de perfeição que afasta as pessoas do hobby", ressalta a produtora.

Segundo um levantamento do Future Market Insights, o mercado cosplayer rendeu mundialmente cerca de US$ 4,788 milhões (R$ 26,2 milhões), em 2023. É esperado que este montante aumente 6.1%, com uma arrecadação de US$ 8.656,2 milhões (R$ 47,4 milhões) em 2033. Os países que mais investem no setor são o Japão, China, Coreia do Sul, EUA, Reino Unido e o próprio Brasil.

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Atuando na área há 15 anos, Matos já fez personagens icônicos como KyloRen, Homem-Aranha, VenomSnake, Link (do game "Zelda") e Capitão Pátria (da série "The Boys"). Porém, no começo ele alega que havia uma vergonha de se envolver nessa área, pois além de ser algo "diferente", era mal visto pela maioria da população. 

Uma situação que agravou a imagem da área foi a novela "A Força do Querer", realizada pela Rede Globo em 2017. Nela o personagem Yuri (interpretado pelo ator Drico Alves), apresenta a rotina de um cosplayer de forma ridicularizada. "Eles não tiveram um cuidado básico para mostrar que somos pessoas comuns. Não agimos daquela maneira".

Mesmo que o alcance do folhetim tenha sido enorme, o mesmo não se pode dizer para a rotina da maioria dos profissionais. Segundo o próprio Maatouk, muitos possuem um trabalho de qualidade, mas são ofuscados por conta dos seguidores baixos nas redes sociais. 

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"Se você não tem esses números, que são os principais interesses das empresas e dos clientes, você não será chamado para eventos, viagens e até trabalhos. Manter-se no cosplay é muito difícil", explica o ator. 

"Os que fazem com amor e carinho, eu acho incrível, mas poderiam deixar aberta a oportunidade a outros trabalhos."

Mesmo há cinco anos na área, ele ainda sente que há dificuldades para estar na área. "Ainda possuo dificuldades, mesmo com contato constante com os atores, dubladores e estar nos eventos. Sempre preciso ter um chamariz para que eles possam me convidar mais vezes".

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