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Contra as probabilidades, a Amazônia faz o oposto do que previram os climatologistas

No entanto, uma nova pesquisa internacional trouxe um resultado surpreendente, e positivo

Isabella Fernandes

Publicado em 30/09/2025 às 09:10

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No entanto, uma nova pesquisa internacional trouxe um resultado surpreendente, e positivo. / Freepik

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Por décadas, a comunidade científica temia o pior para a Amazônia: o colapso da maior floresta tropical do mundo, transformando-se aos poucos em uma savana, como consequência do aquecimento global.

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No entanto, uma nova pesquisa internacional trouxe um resultado surpreendente, e positivo. Em vez de definhar, a floresta está crescendo. E mais: todas as árvores, de todas as idades e tamanhos, estão engordando.

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A descoberta vem de um dos maiores estudos já feitos sobre o bioma amazônico. Liderado por um consórcio de cientistas internacionais, o projeto monitorou, ao longo de mais de 40 anos, 188 áreas de floresta espalhadas pela América do Sul. O objetivo: medir como a Amazônia está respondendo às mudanças no clima global.

Crescimento coletivo

Entre 1971 e 2015, quase 100 pesquisadores acompanharam de perto o crescimento das árvores em diferentes regiões da floresta, usando um método chamado "área basal", que calcula quanto espaço os troncos ocupam no solo e, por consequência, quanto carbono está sendo armazenado ali.

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O resultado surpreendeu até os cientistas mais experientes: a circunferência média das árvores aumentou 3,3% por década desde os anos 1970. Mais impressionante ainda: o crescimento foi geral, atingindo desde as árvores mais jovens até as gigantes centenárias. A floresta inteira está crescendo, em peso, em volume, em vida.

Por que isso está acontecendo?

A explicação pode estar no ar, literalmente. O aumento do dióxido de carbono (CO) na atmosfera, normalmente associado aos impactos negativos das mudanças climáticas, está funcionando como uma espécie de fertilizante natural para a vegetação.

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Esse fenômeno, chamado de efeito de fertilização por CO, já era conhecido, mas os pesquisadores não esperavam que ele fosse tão forte, nem que tivesse um efeito tão distribuído. Em vez de beneficiar apenas as árvores maiores (como previam os modelos), ou apenas as menores (como sugeriam outras hipóteses), todas as árvores se beneficiaram igualmente. Um equilíbrio ecológico raro e, até então, inesperado.

Um novo papel para a floresta: superabsorvedora de carbono

Com esse crescimento generalizado, a Amazônia está sequestrando mais carbono do que nunca. Cada árvore em expansão armazena mais CO, ajudando a desacelerar o ritmo das mudanças climáticas. Nenhuma das áreas monitoradas mostrou sinais de declínio nesse período, mesmo diante de secas e ondas de calor.

Essa descoberta reforça a importância da Amazônia como um regulador climático essencial para o planeta e mostra uma face até então pouco explorada de sua resiliência.

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Mas os cientistas fazem um alerta

Apesar dos resultados otimistas, os pesquisadores mantêm os pés no chão. Essa fase de crescimento pode ser apenas uma adaptação temporária, e não uma solução definitiva.

Com o avanço do desmatamento, das queimadas e o agravamento das mudanças climáticas, esse equilíbrio pode ser rompido. A fertilização por CO pode perder força diante de estresses mais severos, como secas prolongadas e elevação extrema das temperaturas.

 

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