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Localizada na Chapada Diamantina, cidade tem clima serrano, temperaturas próximas de 1°C e é referência na produção de cafés especiais
Clima diferenciado se deve à altitude elevada e ao relevo montanhoso / Rafael Cristo Watanabe/Wikimedia Commons
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Quando se fala no Nordeste brasileiro, a imagem que logo vem à mente são praias ensolaradas, calor intenso e dias abafados. Mas em meio ao clima tropical predominante na região, há um refúgio que foge do padrão. Localizada na Chapada Diamantina, a cidade baiana de Piatã é a mais alta e fria do Nordeste, com 1.280 metros de altitude e temperaturas que podem chegar a 1°C no inverno.
Entre os meses de junho e julho, as manhãs cobertas de neblina e as noites geladas tornam o município um destino peculiar no mapa turístico do país. O clima diferenciado se deve à altitude elevada e ao relevo montanhoso, características que contribuem para a sensação térmica ainda mais baixa, reforçada pelo ar seco e pela vegetação de serra.
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Além do frio, Piatã ostenta o título de "Terra do Café", com grãos produzidos em fazendas locais que já receberam prêmios internacionais. A Fazenda Rigno, por exemplo, oferece visitas guiadas que mostram cada etapa da produção, encerradas com degustações de cafés com notas de chocolate, canela e frutas.
O clima serrano atrai visitantes que aproveitam o frio para vestir casacos, acender lareiras e curtir uma atmosfera que remete a cidades do Sul do Brasil. Em madrugadas de julho, os termômetros frequentemente marcam menos de 10°C, consolidando a fama da cidade como a capital nordestina do frio.
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Outros destinos na Chapada Diamantina e no sudoeste baiano, como Guanambi, também registram baixas temperaturas durante o inverno, mas Piatã se destaca pelo clima, cultura e natureza exuberante.
O município é repleto de atrações naturais. Cachoeiras como Patrício, Cochó, Malhada da Areia, Encontro das Águas e Bica do Machado são opções populares. A Cachoeira do Cochó surpreende com uma pequena praia de areia, enquanto a do Patrício possui um poço natural rodeado por paredões rochosos.
Para os aventureiros, a cidade é o principal ponto de partida para trilhas como a que leva ao Pico do Barbado – ponto mais alto do Nordeste, com 2.033 metros de altitude –, acessível após uma caminhada de nível médio de cerca de 4 horas. Outras trilhas, como a da Serra do Tromba e da Serra da Santana, revelam paisagens panorâmicas e mirantes naturais. Esta última também é famosa por receber romarias até a Capela do Senhor do Bonfim.
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No centro urbano, o visitante pode conhecer construções históricas como a Igreja Matriz do Bom Jesus e a Capela de Nossa Senhora do Rosário, que remontam aos séculos 17 e 18, marcando a presença dos bandeirantes e do ciclo do garimpo na região. Durante o mês de junho, o tradicional São João de Piatã é outro atrativo cultural que movimenta a cidade.
Para os interessados em história pré-colonial, Piatã também abriga sítios arqueológicos na Serra do Gentil, com pinturas rupestres datadas entre 10 e 12 mil anos, vestígios do período Paleolítico.
Com pouco mais de 20 mil habitantes, segundo estimativa de 2024, o município tem ritmo tranquilo e baixa densidade demográfica – cerca de 11 pessoas por km². Essa característica reforça o ar pacato e interiorano, ideal para quem busca tranquilidade e conexão com a natureza.
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Na área da educação, os indicadores são positivos: 98,6% das crianças entre 6 e 14 anos estavam escolarizadas em 2010. O IDEB nos anos iniciais do ensino fundamental chegou a 6,1 em 2023, acima da média nacional. Já nos anos finais, o índice foi de 5,1. A cidade conta com 13 escolas de ensino fundamental e três de ensino médio, atendendo mais de 3.500 alunos.
Na economia, o desenvolvimento é moderado. O salário médio entre os trabalhadores formais era de 2,1 salários mínimos e o PIB per capita de R$ 14.405,06 em 2021. Apenas 7,96% da população estava empregada formalmente, o que mostra a predominância da economia rural e informal.
Por outro lado, a infraestrutura urbana ainda enfrenta desafios: apenas 4,7% das moradias tinham esgotamento sanitário adequado em 2010 e 3,9% das vias eram pavimentadas. Em contrapartida, 50,3% das ruas eram arborizadas, mostrando uma preocupação ambiental evidente.
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Apesar dos índices urbanos modestos, Piatã preserva sua identidade rural, cultural e natural, consolidando-se como um destino único no Nordeste brasileiro – onde o frio, o café e as montanhas se encontram.