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Conclaves da Igreja: qual foi o mais longo e o mais curto da história?

Uma análise dos processos de eleição papal, examinando os recordes de duração e os fatores históricos que os influenciaram

Bruna Lima

Publicado em 07/05/2025 às 14:53

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Qual foi o conclave mais longo e o mais curto da história da Igreja / Divulgação/ Vatican News

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A eleição de um novo Papa, realizada durante um conclave, é um momento crucial para a Igreja Católica e atrai a atenção mundial.

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Esses encontros do Colégio de Cardeais, realizados em isolamento na Capela Sistina, no Vaticano, podem variar drasticamente em sua duração.

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Compreender qual foi o conclave mais longo e o mais curto da história da Igreja, bem como os motivos por trás dessas diferenças, oferece uma perspectiva sobre a evolução da instituição e os desafios enfrentados em diferentes épocas. 

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O que é um conclave e sua evolução histórica

Um conclave (do latim cum clave, "com chave") é a reunião dos cardeais da Igreja Católica com o propósito de eleger o Bispo de Roma, o Papa, sucessor de São Pedro.

A prática de isolar os cardeais eleitores visa protegê-los de influências externas e acelerar a decisão. As regras que governam os conclaves evoluíram significativamente ao longo dos séculos.

Inicialmente, a eleição do Bispo de Roma seguia costumes variados, envolvendo clero e povo. Contudo, para evitar interferências e longas vacâncias da Sé Apostólica (o período em que não há Papa, conhecido como Sé Vacante), o processo foi gradualmente restrito aos cardeais.

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O Segundo Concílio de Lyon, em 1274, com a constituição apostólica Ubi periculum do Papa Gregório X, formalizou muitas das regras do conclave, incluindo o isolamento estrito, motivado pela experiência do próprio Gregório X, eleito após o conclave mais longo da história.

Modificações posteriores continuaram a refinar o processo, buscando um equilíbrio entre deliberação cuidadosa e a necessidade de uma liderança para a Igreja.

Os extremos: o conclave mais longo e o mais curto

A história dos conclaves registra uma ampla variação em sua extensão, refletindo as complexidades políticas e eclesiásticas de cada período.

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O título de conclave mais longo da história da Igreja pertence à eleição que ocorreu em Viterbo, Itália, entre 1268 e 1271.

Após a morte do Papa Clemente IV, os cardeais levaram dois anos, nove meses e dois dias para eleger Teobaldo Visconti, que tomou o nome de Gregório X.

A demora foi causada por profundas divisões políticas entre os cardeais, influenciados por facções que apoiavam diferentes potências europeias, especialmente Carlos de Anjou.

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A situação tornou-se tão insustentável que os cidadãos de Viterbo, exasperados, recorreram a medidas drásticas: primeiro, trancaram os cardeais no palácio papal; depois, removeram o teto do edifício e, finalmente, restringiram severamente suas rações alimentares para forçar uma decisão.

Em contraste, um dos conclaves mais curtos da história foi o que elegeu o Papa Júlio II em 1º de novembro de 1503.

Este conclave durou apenas algumas horas, com Giuliano della Rovere sendo eleito quase por unanimidade já no primeiro escrutínio. A rapidez deveu-se, em grande parte, à sua forte candidatura e a negociações prévias bem-sucedidas.

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Outros conclaves notavelmente curtos incluem o de 1939, que elegeu o Papa Pio XII em menos de 24 horas e após apenas três votações, em um contexto de iminente guerra mundial, e o de 1276, que elegeu o Papa Inocêncio V também em um único dia.

Fatores que influenciam a duração de um conclave

Diversos elementos podem influenciar o tempo que os cardeais levam para escolher um novo Pontífice. A análise histórica revela padrões e dinâmicas recorrentes:

  • Interferências externas: Historicamente, imperadores, reis e famílias poderosas exerciam pressão significativa sobre os cardeais, prolongando as deliberações até que um candidato aceitável para seus interesses fosse encontrado. O direito de veto (ou Ius exclusivae), exercido por algumas monarquias católicas, foi formalmente abolido apenas no início do século XX.
  • Divisões internas no Colégio Cardinalício: Diferenças teológicas, pastorais ou políticas entre os cardeais podem levar a impasses. A ausência de um candidato claramente favorito ou a existência de múltiplos blocos fortes podem resultar em numerosas votações.
  • Número de eleitores: Um colégio cardinalício maior pode, teoricamente, levar a mais deliberações, embora as regras modernas visem agilizar o processo mesmo com um número considerável de eleitores.
  • Regulamentações do conclave: As próprias regras, como a exigência de maioria de dois terços dos votos, são desenhadas para garantir um consenso amplo, mas podem, em certas circunstâncias, prolongar o processo se nenhum candidato conseguir atingir tal patamar rapidamente.
  • Contexto histórico e urgência percebida: Em tempos de crise aguda, como a iminência de uma guerra (caso da eleição de Pio XII em 1939) ou a necessidade de reformas urgentes, os cardeais podem sentir uma pressão maior para chegar a uma decisão célere.

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As experiências dos conclaves mais longos e mais curtos demonstram a complexa interação de fatores humanos, políticos e espirituais na escolha do líder da Igreja Católica.

Embora as regras modernas busquem otimizar o processo, a deliberação e a busca por consenso entre os cardeais permanecem centrais, tornando a duração de cada conclave um evento singular e, por vezes, imprevisível.

A história dos conclaves, com seus recordes de duração, oferece um vislumbre fascinante dos desafios e das dinâmicas internas da Igreja Católica ao longo dos séculos.

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Desde a extenuante eleição de Viterbo até as rápidas escolhas como a de Júlio II, cada conclave reflete as tensões e as esperanças de seu tempo, sublinhando a adaptabilidade e a continuidade de uma das instituições mais antigas do mundo.

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