O cardeal norte-americano Robert Prevost foi eleito o próximo líder da Igreja Católica nesta quinta-feira (8) / Reprodução/Vatican News
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A eleição de um novo papa é um evento de grande relevância global, acompanhado por milhões de fiéis e observadores internacionais. Um dos primeiros e mais simbólicos atos do pontífice recém-eleito é a escolha de seu nome papal.
Este artigo explora como o novo papa escolhe seu nome pontifício e qual o significado por trás dessa decisão, mergulhando na história e nas implicações dessa tradição secular da Igreja Católica, sediada no Vaticano.
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Compreender este processo oferece uma visão sobre a continuidade, as prioridades e a mensagem que o novo líder espiritual deseja transmitir ao mundo.
Nesta quinta-feira (8), Robert Prevost foi eleito papa e escolheu o nome de “Leão XIV”.
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A prática de um papa adotar um novo nome após sua eleição não é contemporânea ao início do papado. O primeiro papa a mudar de nome foi João II em 533 d.C. Seu nome de batismo era Mercúrio, e ele considerou inadequado que o líder da Igreja Católica tivesse o nome de um deus pagão romano.
A partir do século X, a prática tornou-se mais comum, e desde o século XVI, com Marcelo II (que manteve seu nome de batismo, Marcello Cervini, por um breve pontificado em 1555), todos os papas têm adotado um novo nome pontifício.
A escolha de um nome papal carrega um peso histórico e simbólico significativo. Frequentemente, reflete uma homenagem a um predecessor, a um santo padroeiro, ou sinaliza a direção teológica e pastoral que o novo papa pretende seguir.
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Nomes como Pedro, o primeiro apóstolo e considerado o primeiro papa, nunca foram escolhidos por reverência, com a única exceção de Lando, que reinou brevemente e cujo nome completo era Lando Pedro.
No entanto, João Paulo I quebrou uma tradição ao ser o primeiro a usar um nome duplo, homenageando seus dois predecessores imediatos, João XXIII e Paulo VI, indicando uma intenção de continuidade com o Concílio Vaticano II.
Imediatamente após a aceitação formal da eleição no Conclave, o Cardeal Decano (ou o cardeal mais antigo em ordem e antiguidade) pergunta ao eleito: "Quo nomine vis vocari?" ("Com que nome queres ser chamado?"). A resposta é então anunciada aos cardeais e, posteriormente, ao mundo através da famosa proclamação "Habemus Papam" da varanda central da Basílica de São Pedro.
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A escolha do nome é um ato pessoal do novo papa, embora possa ser influenciada por diversos fatores:
A escolha é, portanto, uma das primeiras e mais importantes mensagens que o novo líder da Igreja Católica envia aos fiéis e ao cenário internacional.
A escolha de um nome papal frequentemente reverbera para além dos muros do Vaticano, tendo implicações na percepção pública e nas relações internacionais. Nomes como Leão (associado à força e à defesa da doutrina), Pio (ligado à piedade e, em alguns casos, a posturas mais conservadoras) ou Inocêncio carregam consigo séculos de história e conotações específicas.
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Quando Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome Francisco em 2013, foi uma decisão sem precedentes, pois nenhum papa havia adotado esse nome antes. A escolha foi imediatamente vista como um sinal de uma nova era para a Igreja Católica, enfatizando a pobreza, a paz e o cuidado com a criação.
Essa decisão moldou as expectativas iniciais sobre seu papado e suas prioridades em questões como justiça social, diálogo inter-religioso e reforma da Cúria Romana.
Da mesma forma, a escolha de Karol Wojtyla por João Paulo II, mantendo a homenagem de seu predecessor João Paulo I, sinalizou um compromisso com as reformas do Concílio Vaticano II e um pontificado que se mostraria altamente influente na geopolítica do final do século XX, especialmente em relação ao colapso do comunismo na Europa Oriental.
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A análise do nome escolhido por um novo papa oferece, assim, uma chave de leitura inicial para entender as direções e ênfases de seu futuro pontificado, refletindo tanto uma conexão com a tradição milenar da Igreja quanto uma resposta aos desafios contemporâneos.
A seleção de um nome pontifício é um ato carregado de simbolismo, história e intenção. Ao compreender como o novo papa escolhe seu nome e o significado inerente a essa escolha, observadores podem discernir as primeiras indicações sobre o tom, as prioridades e a visão do novo líder da Igreja Católica para a instituição e sua interação com o mundo.
Esta tradição, longe de ser meramente protocolar, constitui uma declaração fundamental que ecoa através dos séculos e influencia a percepção global do papado.
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