Diário Mais
Da troca de pedras à nova localização de estátua: entenda as polêmicas e os detalhes da reforma que vai revitalizar um dos cartões-postais de São Paulo
Viaduto do Chá, Praça do Patriarca e Theatro Municipal passarão por ampla reestruturação / Wikimedia Commons
Continua depois da publicidade
Uma obra grandiosa, avaliada em R$ 70 milhões, está prestes a começar e deve transformar radicalmente a paisagem do Viaduto do Chá, o primeiro a ser construído na cidade, da Praça do Patriarca e de todo o entorno do Theatro Municipal nos próximos anos.
O projeto, que será licitado em breve pela gestão Ricardo Nunes (MDB), já teve seu valor ajustado algumas vezes e movimenta a cidade com as novidades previstas, que incluem a substituição das tradicionais pedras portuguesas por piso de granito e a mudança de local da estátua de José Bonifácio.
Continua depois da publicidade
O plano faz parte de uma nova fase de reestruturação do centro histórico de São Paulo. A necessidade de uma reforma na área surgiu depois que uma inspeção detectou problemas estruturais no Viaduto do Chá, segundo a Prefeitura.
O secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Monteiro, ressalta a urgência da intervenção: “Foram identificados problemas estruturais, principalmente de infiltração. Se a gente deixar, ao longo do tempo vai se deteriorando cada vez mais”, afirmou em entrevista ao Metrópoles.
Continua depois da publicidade
Contudo, algumas das mudanças propostas estão gerando debate com arquitetos e órgãos de preservação. Um envidraçamento que fecharia a marquise do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, por exemplo, foi suspenso após a decisão contrária do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).
Em 2019, a prefeitura de São Paulo substituiu o mural de grafite do Anhangabaú.
A principal intervenção no Viaduto do Chá será a troca das pedras portuguesas por piso de granito nas cores vermelho e cinza nas calçadas.
Continua depois da publicidade
O secretário Marcos Monteiro explica que a retirada das pedras portuguesas vai “aliviar” o que ele chama de carregamento de materiais em cima do viaduto e, consequentemente, facilitará a manutenção. O gestor explica a dificuldade com o material atual.
“A mão de obra disponível para reassentamento de pedra portuguesa hoje é muito especializada e, em geral, a gente tem muita dificuldade de conseguir”, conta.
O projeto de reforma do Viaduto do Chá também tem como objetivo solucionar os problemas de infiltração na Galeria Prestes Maia, um alvo frequente de reclamações da concessionária que administra o espaço.
Continua depois da publicidade
Essa galeria, que é uma passagem subterrânea para pedestres ligando a Praça do Patriarca ao Vale do Anhangabaú, sofre com os danos causados pela água.
Uma nova opção para o fechamento da entrada da galeria Prestes Maia, no lugar das atuais grades, ainda está em discussão. Anteriormente, uma ideia de envidraçamento foi suspensa após o Condephaat se manifestar contra.
Na Praça do Patriarca, importante ponto histórico da cidade que abriga a Igreja Santo Antônio, a reforma prevê intervenções no piso, mantendo os desenhos de mosaico, e a transferência da estátua de José Bonifácio para o centro do local. Porém, a maior polêmica gira em torno da Marquise, obra do premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
Continua depois da publicidade
A marquise é alvo de debates desde sua instalação, com alguns críticos argumentando que ela impede uma visão ampla do centro novo.
A Prefeitura chegou a sugerir a transferência da obra ou o envidraçamento da entrada da galeria abaixo dela. No entanto, essas ideias foram rechaçadas por arquitetos e pela família de Paulo Mendes da Rocha.
O impasse chegou a uma sugestão do Condephaat, que propôs como alternativa um "fechamento horizontal retrátil no gradil já existente" para a entrada da galeria. Pedro Mendes da Rocha, filho do arquiteto, defende a posição do conselho e afirma que essa é a opção que “menos interfere na integridade da obra”. A Prefeitura informou que está analisando a sugestão para apresentar um modelo final.
Continua depois da publicidade
O Viaduto do Chá é um marco fundamental na história de São Paulo. Foi o primeiro viaduto da cidade, inaugurado em 1892. A primeira versão, que utilizava estruturas metálicas importadas da Alemanha, foi projetada para facilitar o deslocamento entre o centro histórico e a área que se expandia para o oeste.
Curiosamente, durante alguns anos, as pessoas precisavam pagar pedágio para cruzar a estrutura, o que lhe rendeu o apelido de Viaduto dos Três Vinténs. A cobrança, felizmente, caiu por terra em 1897. A versão atual, que conhecemos hoje, foi construída em 1939, em estilo Art Decó, e assinada pelo arquiteto Elisiário Bahiana.
A expectativa da gestão é lançar a licitação ainda neste ano, com a previsão de anúncio dos vencedores até maio de 2026. A partir do início, a obra deve durar 18 meses. O valor inicial do projeto, que era de R$ 58 milhões, cresceu para R$ 70 milhões após mais levantamentos e ajustes.
Continua depois da publicidade