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Como criar uma barreira de plantas contra escorpiões e lacraias

Um guia prático e científico para o uso de plantas como defesa natural contra invasores peçonhentos em residências

Isabella Fernandes

Publicado em 07/05/2025 às 09:50

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Esses animais peçonhentos podem causar acidentes dolorosos e, em alguns casos, graves / Freepik

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A presença de escorpiões e lacraias em ambientes domésticos é uma preocupação comum, especialmente em regiões de clima quente e úmido. Esses animais peçonhentos podem causar acidentes dolorosos e, em alguns casos, graves. 

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Uma estratégia complementar e ecologicamente amigável para proteger a casa é a criação de uma barreira de plantas, também conhecida como cerca viva.

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Pensando nisso, o Diário explora como criar uma barreira de plantas para proteger a casa de escorpiões e lacraias, detalhando os princípios por trás dessa técnica, as espécies vegetais mais indicadas e as melhores práticas para sua implementação e manutenção, com base em informações técnicas e conhecimento popular consolidado.

Entendendo o comportamento de escorpiões e lacraias

Escorpiões são aracnídeos de hábitos noturnos, que durante o dia buscam refúgio em locais escuros e protegidos, como sob pedras, troncos, entulhos e dentro de frestas. Se for picado, saiba o que fazer e para onde ir.

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Lacraias, ou centopeias, são quilópodes também predominantemente noturnos, que preferem ambientes úmidos e se abrigam em locais semelhantes aos escorpiões.

Ambos são predadores e se alimentam principalmente de insetos, aranhas e outros pequenos invertebrados.

A aproximação e entrada desses animais em residências ocorrem geralmente devido a três fatores principais:

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  • Busca por abrigo: Frestas em paredes, vãos sob portas, ralos abertos, acúmulo de materiais de construção ou lixo no peridomicílio oferecem esconderijos ideais.
  • Fonte de alimento: A presença de baratas, grilos, aranhas e outros insetos dentro ou ao redor da casa atrai esses predadores.
  • Condições climáticas: Períodos de seca extrema, inundações ou grandes variações de temperatura podem forçá-los a procurar refúgio em ambientes internos com condições mais estáveis.

Uma barreira de plantas pode atuar dificultando o acesso desses animais ao interior das edificações. Algumas plantas possuem compostos voláteis que podem ter efeito repelente sobre os artrópodes em geral, incluindo as presas de escorpiões e lacraias, reduzindo indiretamente a atratividade do local. Além disso, uma vegetação densa pode funcionar como um obstáculo físico, embora não intransponível.

Por que investir em uma barreira vegetal protetora?

O controle de escorpiões e lacraias frequentemente envolve o uso de inseticidas químicos. No entanto, esses métodos apresentam limitações e riscos:

  • Impacto ambiental: Pesticidas podem contaminar o solo e a água, além de afetar organismos não-alvo, como polinizadores e inimigos naturais de pragas.
  • Riscos à saúde: A exposição a produtos químicos pode ser prejudicial à saúde de humanos, especialmente crianças e idosos, e de animais de estimação.
  • Eficácia limitada: Escorpiões, por exemplo, podem não ser facilmente atingidos por pulverizações devido aos seus hábitos de se esconderem em frestas profundas, e alguns produtos podem ter baixo efeito residual.
  • Resistência: O uso contínuo de certos inseticidas pode levar ao desenvolvimento de populações resistentes.

Em contrapartida, uma cerca viva ou barreira de plantas oferece benefícios consideráveis como parte de um manejo integrado de pragas:

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  • Solução mais natural e sustentável: Reduz a dependência de produtos químicos sintéticos.
  • Contribuição para a biodiversidade: Dependendo das espécies escolhidas, pode atrair insetos benéficos e pássaros.
  • Melhora estética: Agrega valor paisagístico ao entorno da residência.
  • Bem-estar: Pode criar um ambiente mais agradável e com sensação de maior segurança.

É crucial entender que a barreira vegetal não é uma solução mágica, mas sim um componente importante de uma estratégia de prevenção mais ampla, que deve incluir outras medidas de controle ambiental e físico.

Implementando sua barreira de plantas contra escorpiões e lacraias

A criação de uma barreira vegetal eficaz requer planejamento na seleção das espécies e na sua disposição ao redor da residência, além de cuidados contínuos.

Seleção de plantas com potencial dissuasor:
Embora a pesquisa científica específica sobre a repelência direta de plantas contra escorpiões e lacraias seja limitada, algumas espécies são tradicionalmente utilizadas ou possuem características que podem contribuir para afastá-los, seja por seus odores fortes que incomodam artrópodes em geral, seja por afetarem suas presas.

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  • Plantas com odores fortes:
  • Citronela (Cymbopogon nardus, Cymbopogon winterianus): Conhecida por seu óleo essencial que repele mosquitos e outros insetos.
  • Lavanda (Lavandula angustifolia): Seu aroma agradável para humanos pode ser repulsivo para diversos insetos e aracnídeos.
  • Alecrim (Rosmarinus officinalis): Planta aromática com odor forte, frequentemente citada como repelente de insetos.
  • Hortelã (Mentha spp.): O cheiro mentolado intenso pode afastar pragas.
  • Arruda (Ruta graveolens): Possui odor forte e penetrante, historicamente usada para afastar insetos e outros animais indesejados.
  • Manjericão (Ocimum basilicum): Algumas variedades são ricas em óleos essenciais com propriedades repelentes a insetos.
  • Plantas que podem atuar como barreira ou afetar o ambiente:
  • Cravo-de-defunto/Tagetes (Tagetes spp.): Algumas espécies liberam substâncias no solo (tiofenos) que podem ter ação nematicida e inseticida, afetando o ecossistema do solo e as populações de insetos.
  • Crisântemos (Chrysanthemum cinerariifolium e outras espécies produtoras de piretrinas): São a fonte natural das piretrinas, substâncias com conhecida ação inseticida. O plantio pode ajudar a reduzir a população de insetos próximos.

É importante notar que a eficácia dessas plantas pode variar conforme a espécie do animal peçonhento, as condições ambientais e a densidade do plantio. Muitas vezes, o efeito é indireto, pela redução da população de insetos que servem de alimento.

Planejamento e plantio da barreira:

  • Localização estratégica: Plante ao redor de todo o perímetro da casa, com atenção especial a áreas próximas de portas, janelas, frestas, muros e locais por onde os animais possam entrar. Crie uma faixa contínua de vegetação.
  • Densidade: As plantas devem ser cultivadas de forma que, ao atingirem a maturidade, formem uma barreira relativamente densa, dificultando a passagem.
  • Preparo do solo e manutenção: Garanta que o solo seja adequado para as espécies escolhidas, fornecendo os nutrientes e a irrigação necessários. Realize podas de formação e manutenção para manter as plantas saudáveis e a barreira eficaz.

Medidas complementares essenciais:
A barreira de plantas é mais eficaz quando combinada com outras ações preventivas:

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  • Vedação: Inspecione e vede todas as frestas, vãos e buracos em paredes, pisos, tetos, rodapés, portas e janelas. Use telas milimétricas em ralos de pias, banheiros e áreas de serviço, bem como em aberturas de ventilação.
  • Limpeza e organização: Mantenha o quintal e áreas ao redor da casa limpos, sem acúmulo de entulho, materiais de construção, lenha, telhas, tijolos, folhas secas ou lixo. Esses locais servem de abrigo.
  • Controle de insetos: Reduza a disponibilidade de alimento para escorpiões e lacraias controlando a população de baratas, grilos, aranhas e outros insetos.
  • Manejo da vegetação: Mantenha a grama aparada e evite que trepadeiras ou arbustos densos toquem as paredes da casa, pois podem servir de ponte.
  • Distanciamento: Crie uma faixa de separação (cerca de 50 cm a 1 metro) entre a vegetação densa do jardim e as paredes da casa, utilizando cascalho ou pedriscos, o que pode dificultar o deslocamento desses animais.

A implementação de uma barreira de plantas representa uma abordagem ecológica e proativa para aumentar a proteção contra escorpiões e lacraias.

Embora não elimine completamente o risco, essa estratégia, integrada a outras práticas de manejo ambiental e manutenção predial, contribui significativamente para um lar mais seguro e para a redução da necessidade de intervenções químicas, promovendo um convívio mais harmonioso com o meio ambiente.

A observação contínua e a adaptação das estratégias são fundamentais para o sucesso a longo prazo.

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