Estudo desafia ideia de que açúcar causa "vício" e aponta influência de outros fatores / Freepik
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Será que comer uma sobremesa hoje te faz querer ainda mais açúcar amanhã? Um estudo recente mostra que isso pode não passar de uma impressão — e não de uma reação real do nosso corpo.
Apresentada durante o congresso internacional Nutrition 2025, a pesquisa foi conduzida pela professora Kees de Graaf, da Universidade de Wageningen, na Holanda.
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A equipe investigou se existe relação direta entre o consumo frequente de doces e o aumento do desejo por açúcar ao longo do tempo.
A conclusão surpreende: mesmo com diferentes níveis de ingestão, o apetite por doces se manteve praticamente o mesmo em todos os grupos. O estudo contesta a ideia de que o açúcar tem um “efeito viciante” crescente no organismo.
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E como estamos falando de doces: relembre os chocolates famosos que sumiram das prateleiras.
Participaram do estudo 180 adultos, divididos em três grupos. Um seguia uma dieta com baixa ingestão de sobremesas, outro com consumo moderado, e o terceiro era orientado a comer mais doces do que o habitual.
Durante seis meses, os pesquisadores acompanharam os voluntários com dois tipos de avaliação: testes laboratoriais com marcadores na urina para medir o consumo real de açúcar e questionários frequentes para mapear o desejo por alimentos doces.
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Apesar da variação no consumo, os relatos sobre vontade de comer doce não mudaram significativamente entre os grupos. Ou seja, quem comeu mais açúcar não passou a desejar mais do que os outros.
Além do desejo por açúcar, o estudo também observou efeitos no organismo. A equipe avaliou indicadores como peso corporal, sensibilidade à insulina e marcadores cardiovasculares — e não encontrou alterações significativas nem mesmo entre os que comeram mais doces.
Apesar disso, os próprios autores destacam que isso não deve ser interpretado como uma liberação para exageros. Alimentos ultraprocessados, especialmente bebidas adoçadas, continuam associados ao aumento do risco de obesidade e outras doenças.
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O nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), considerou o estudo importante, mas fez ressalvas. Ele lembra que o número de participantes ainda é limitado e que o controle do que foi ingerido não foi feito em tempo real, o que pode afetar a precisão dos dados.
Ainda assim, a pesquisa representa um avanço ao sugerir que o desejo por açúcar pode ter origem mais complexa, envolvendo fatores como genética, hábitos individuais e até o contexto emocional.
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A equipe pretende agora publicar o estudo em revista científica e ampliar o foco da pesquisa, incluindo crianças e investigando a influência de aspectos genéticos e neurológicos na preferência por alimentos doces.