Décadas após o desastre nuclear, os fenômenos peculiares surpreendem os cientistas / Reprodução/YouTube
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A explosão do reator de Chernobyl transformou a região em um símbolo mundial de destruição, mas algo curioso aconteceu ao longo dos anos: a vida encontrou um jeito de permanecer ali. Entre as descobertas mais intrigantes está um fungo escuro que cresce justamente nos pontos onde a radiação é mais intensa.
Segundo o site americano ScienceAlert, esse microrganismo observado inicialmente nas paredes do antigo reator não apenas suporta a radiação: ele parece se beneficiar dela.
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Com o avanço das pesquisas, os cientistas passaram a identificar com frequência uma espécie chamada Cladosporium sphaerospermum em áreas fortemente contaminadas.
O que mais chamou atenção foi o comportamento dele diante da radiação, que não se encaixa no padrão biológico que conhecemos.
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É como se esse fungo tivesse desenvolvido uma forma própria de conviver com aquilo que, para quase todo organismo vivo, significa morte certa.
O segredo desse fungo parece estar na melanina, o mesmo pigmento que dá cor à pele humana. No caso dele, a melanina atua como um tipo de escudo natural, ajudando a neutralizar parte dos danos causados pela radiação.
Mas o que deixou a comunidade científica ainda mais intrigada foi a possibilidade de que a melanina também esteja envolvida em uma forma de aproveitar a energia radioativa para favorecer o crescimento do organismo.
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Essa hipótese lembra um mecanismo parecido com a fotossíntese, mas adaptado para um ambiente extremo.
Embora ainda não exista confirmação definitiva de como esse processo funciona, alguns experimentos mostraram que fungos mais escuros, justamente os ricos em melanina, cresceram mais rapidamente quando expostos à radiação.
É uma teoria empolgante, mas, como reforça o ScienceAlert, ainda faltam provas diretas que expliquem o processo químico envolvido.
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A resistência desse fungo despertou interesse além da área ambiental. Pesquisadores já levaram amostras para testes em ambientes espaciais, inclusive na Estação Espacial Internacional.
A ideia era simples, mas ousada: se ele consegue lidar tão bem com radiação em Chernobyl, será que poderia atuar como uma espécie de camada protetora contra a radiação cósmica?
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Os resultados iniciais animaram os pesquisadores, mas ainda há um longo caminho até transformar esse potencial em solução prática.
Usar fungos como barreiras biológicas, seja no espaço ou em zonas radioativas na Terra, exige estudar estabilidade, segurança e até a forma de manter o organismo funcionando sem riscos.
Mesmo assim, o interesse cresce porque, se funcionar, abriria portas para formas mais naturais e econômicas de proteção.
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Apesar de anos de observações, parte do funcionamento desse fungo ainda permanece no campo das hipóteses. Os cientistas não sabem ao certo até onde vai essa adaptação extraordinária, nem se ela realmente envolve um processo comparável à radiossíntese.
Mas o simples fato de um organismo prosperar num ambiente tão hostil já muda a forma como entendemos os limites da vida.
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Esse tipo de descoberta importa porque amplia nossa percepção do possível. Pode inspirar novas tecnologias, colaborar na limpeza de áreas contaminadas e até orientar pesquisas sobre como sustentar a vida fora da Terra.
No fim, o fungo de Chernobyl é um lembrete de que a natureza sempre encontra maneiras surpreendentes de sobreviver e às vezes até de transformar o impossível em rotina.