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Grande parte dos rios paulistanos foi canalizada e confinada em galerias de concreto sob a cidade, e essa opção sem planejamento gera impactos até hoje
Mapas e guias de ruas de São Paulo ainda revelam marcas da água escondida sob o concreto / Reprodução/YouTube
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Poucos conhecem, mas São Paulo ainda guarda muitos rios e córregos. A confusão acontece porque a maior parte deles foi enterrada para dar espaço a construções e avenidas.
Quando a capital enfrenta temporais, esses rios e córregos ressurgem, transbordando e trazendo às ruas a água que não conseguem mais suportar.
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Grande parte dos rios da maior cidade das américas foi canalizada e confinada em galerias de concreto sob a cidade, e essa opção sem planejamento gera impactos até hoje.
“Como as pessoas não conseguiram fazer especulação imobiliária em cima dos córregos, ofereceram para as ruas serem os córregos. O resto virou habitação”, explica Rodolfo Costa e Silva, coordenador do programa de despoluição do Rio Tietê, em entrevista à Fapesp.
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Essa transformação do espaço aquático em São Paulo ocorreu de forma acelerada. No início do século XX, os moradores costumavam aproveitar o Tietê para nadar, pescar e até passear de barco.
Aos poucos, esse cenário de lazer foi substituído pela poluição. O despejo cada vez maior de esgoto doméstico e industrial fez com que, já nos anos 1950, o rio fosse classificado como esgoto a céu aberto — realidade que persiste.
“O crescimento populacional, econômico e o mercado de terras fez a cidade caminhar em direção aos rios”, diz o historiador Janes Jorge, que é professor da Unifesp à Fapesp.
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As marcas da água permanecem na cidade, inclusive nos nomes de bairros como Água Rasa, Água Funda, Rio Pequeno e Vila Nova Cachoeirinha.
“Se você abrir um guia de ruas de São Paulo, você vai ver um monte de referência à água que está naquele lugar, ou que esteve visível naquele local”, conta Luiz Campos Júnior, co-criador da iniciativa Rios e Ruas também à Fapesp.