Ao caminhar pelas ruas de Santos, no litoral de São Paulo, um traço urbano salta aos olhos: a predominância absoluta de edifícios residenciais. / Renan Lousada/DL
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Ao caminhar pelas ruas de Santos, no litoral de São Paulo, um traço urbano salta aos olhos: a predominância absoluta de edifícios residenciais. Diferentemente de outras cidades brasileiras, onde casas e prédios convivem de forma equilibrada, Santos construiu uma identidade marcada pela verticalização contínua.
Hoje, o município é reconhecido como a cidade com a maior proporção de moradores vivendo em apartamentos no país. Essa característica influencia não apenas a paisagem, mas também a rotina, a infraestrutura e a dinâmica social da cidade.
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A verticalização de Santos não é um fenômeno recente nem resultado exclusivo da especulação imobiliária moderna. O processo começou ainda na primeira metade do século XX, impulsionado por limitações geográficas claras. O território do município é restrito, cercado pelo mar, por áreas de manguezal e pela Serra do Mar, o que praticamente inviabilizou a expansão horizontal.
Com pouco espaço para crescer “para os lados”, a cidade encontrou na construção vertical a principal alternativa para acomodar sua população. A proximidade com a capital paulista, a importância econômica do Porto de Santos e o apelo do litoral como local de moradia permanente aceleraram esse movimento ao longo das décadas.
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A orla da praia é o retrato mais evidente desse modelo urbano. Quilômetros de prédios residenciais se alinham quase sem interrupções, formando um dos maiores conjuntos verticais contínuos do Brasil. No entanto, a verticalização não se restringe à faixa litorânea.
Bairros como Gonzaga, Boqueirão, Aparecida e Ponta da Praia apresentam uma predominância quase total de edifícios. Em muitas dessas regiões, casas térreas tornaram-se raridade, substituídas por condomínios residenciais de diferentes épocas e padrões.
Viver majoritariamente em prédios altera profundamente a dinâmica urbana. A alta densidade populacional em áreas relativamente pequenas pressiona sistemas como abastecimento de água, esgoto, energia elétrica, mobilidade urbana e coleta de resíduos.
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Por outro lado, esse adensamento facilita o acesso a serviços, comércio, escolas e transporte público, criando uma cidade compacta e funcional. A vida em condomínios, o uso constante de áreas comuns e a convivência em espaços compartilhados fazem parte do cotidiano da maioria dos santistas.
Entre os principais benefícios da verticalização estão a otimização do uso do solo, a proximidade entre moradia e serviços e a valorização imobiliária em áreas bem localizadas. Santos consegue abrigar uma população expressiva em um território limitado, algo especialmente relevante para cidades costeiras.
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Os desafios, porém, são significativos. A concentração excessiva de prédios pode intensificar ilhas de calor, reduzir a ventilação natural e criar áreas de sombra permanente, especialmente na orla. Além disso, muitos edifícios mais antigos exigem investimentos constantes em manutenção, segurança estrutural e modernização.
Balneário Camboriú, em Santa Catarina, costuma ser lembrada como símbolo da verticalização no Brasil, principalmente pela altura de seus edifícios. Santos, no entanto, se destaca por outro motivo: a quantidade de prédios e a proporção de moradores que vivem em apartamentos.
Enquanto outras cidades combinam bairros horizontais e verticais, Santos adotou um padrão urbano quase homogêneo, tornando-se um caso singular no cenário do urbanismo brasileiro.
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