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'Chupeta anti-estresse': mania estranha conquista jovens e preocupa médicos

Tendência de 'infantilização' gera polêmica: hábito promete reduzir ansiedade, mas pode causar danos à saúde mental e bucal

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 20/08/2025 às 15:36

Atualizado em 20/08/2025 às 16:11

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Febre já chegou a festivais de música eletrônica, em que a chupeta aparece como parte do figurino / Engin_Akyurt/Pixabay

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A chupeta, símbolo máximo da infância, está sendo resgatada por jovens adultos na Coreia do Sul, China e até nos Estados Unidos. O acessório, antes restrito a bebês, virou protagonista de uma tendência que mistura humor, ansiedade e regressão comportamental — e que já domina o TikTok, o Instagram e o X (antigo Twitter).

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Vídeos de universitários em baladas usando chupetas como se fossem parte do look, transmissões ao vivo de influenciadores “mastigando” o objeto para lidar com o estresse e até artistas pop posando com o acessório colecionam milhões de visualizações.

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Especialistas chamam o fenômeno de “infantilização de adultos”, um movimento que vem em contrapartida ao processo inverso e mais conhecido: a adultização precoce de crianças nas redes sociais. No caso da chupeta, a regressão funciona como uma fuga diante da pressão acadêmica, profissional e emocional.

Segundo psicólogos, esse comportamento tem nome: regressão, mecanismo de defesa em que o indivíduo retoma hábitos da primeira infância para buscar sensação de segurança.

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O que o hábito de adotar bebês reborns pode significar, segundo a psicologia.

Na Coreia do Sul, lives no TikTok mostram jovens utilizando chupetas coloridas para “acalmar crises de ansiedade”. Na China, perfis populares exibem casais gravando vídeos de humor em que competem para ver quem consegue ficar mais tempo com o acessório na boca.

Nos EUA, a febre já chegou a festivais de música eletrônica, em que a chupeta aparece como parte do figurino. No Brasil, o tema entrou no radar dos internautas depois que Neymar publicou fotos brincando com a chupeta da filha Mavie e o ator Ary Fontoura viralizou ao ironizar a moda em seu Instagram.

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Os supostos benefícios — redução do estresse, combate à compulsão alimentar, auxílio contra a insônia, prevenção do bruxismo e até melhora no ronco — são amplamente divulgados em vídeos curtos que beiram a estética de tutorial. Mas os especialistas alertam: não há comprovação científica.

Mania dos bebês reborn: a busca por likes e os vazios emocionais da era digital.

A sucção até pode estimular a liberação de serotonina e gerar alívio imediato, mas não trata as causas da ansiedade. Pelo contrário, pode levar a dependência psicológica e problemas físicos, como má oclusão dentária e retração gengival.

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O psiquiatra coreano Jin-ho Park chegou a classificar a tendência como “um placebo perigoso”: “É como usar uma muleta emocional que mascara o problema em vez de tratá-lo”. Já a dentista chinesa Li Mei alertou em entrevistas locais que o uso prolongado pode deformar a arcada dentária, da mesma forma que acontece com crianças que usam chupeta por tempo excessivo.

No Brasil, a reação mistura humor e perplexidade. Hashtags como #chupetachallenge e #adultoinfantil começaram a circular, acompanhadas de memes que ironizam a cena de “marmanjo de 25 anos de chupeta na balada”.

Apesar da crítica, especialistas temem que a moda encontre terreno fértil também por aqui, já que o Brasil está entre os países que mais consomem conteúdo de tendências estrangeiras no TikTok.

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No fim, o uso da chupeta por adultos pode parecer apenas uma brincadeira viral, mas revela um traço maior: a dificuldade de lidar com a pressão da vida adulta em uma geração hiperconectada e ansiosa. O que começou como meme já levanta preocupações sérias de saúde física e mental.

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