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Camadas ocultas da Antártica revelam segredos geológicos de milhões de anos

Novas evidências indicam que o subsolo antártico é muito mais dinâmico do que se imaginava

Agência Diário

Publicado em 30/10/2025 às 15:38

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Essa descoberta abre uma janela para um passado natural da Antártica / Freepik

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A vastidão congelada da Antártica continua a guardar mistérios de eras muito anteriores à presença humana.

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Em uma dessas frentes científicas, pesquisadores que buscavam amostras de gelo com a maior antiguidade possível acabaram por encontrar também vestígios inesperados: sedimentos ocultos sob camadas de gelo, apontando para processos geológicos e ambientais profundamente antigos.

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Essa descoberta abre uma janela para um passado natural da Antártica que ainda permanece pouco compreendido e lança luz sobre a dinâmica evolutiva do continente gelado ao longo de milhões de anos.

Embora o principal objetivo fosse obter registros climáticos contidos nas camadas de gelo, cápsulas do tempo que conservam atmosfera, temperaturas e composições químicas, o fato de encontrar sedimentos escondidos sob o gelo traz uma dimensão adicional.

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Além de reconstruir o clima, é possível explorar como a própria moldura geológica e ecológica da Antártica estava antes de se consolidar como o continente branco e congelado que conhecemos hoje.

Esse tipo de achado sublinha a importância de olhar por baixo da superfície gelada para compreender a história profunda deste continente extremo.

Conheça também o comportamento incomum na Antártida que está preocupando a ciência.

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A busca pelo gelo mais antigo

Na busca de entender o clima terrestre em escalas de tempo mais longas, equipes de cientistas têm perfurado a camada de gelo antártica em busca de núcleos que contenham registros contínuos de centenas de milhares, ou mesmo milhões, de anos.

Já se alcançaram marcas próximas de 800.000 anos, e os esforços visam ir além desse limite para compreender ciclos glaciais, transições de clima e mudanças atmosféricas profundas.

Por meio de tecnologias como sondagem por radar e modelagem do fluxo do gelo, os pesquisadores mapearam regiões candidatas no interior da Antártica Oriental à procura de camadas de gelo espessas e estáveis o suficiente para preservar as camadas mais antigas.

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O fato é que essa busca, por si só, já exige logística extrema, operação em locais de altíssima altitude e frio intenso, condições que reforçam o desafio de extrair, transportar e conservar essas amostras de gelo antigos.

E masi: a Antártida passa por um 'verdejamento', está ganhando vegetação e instigando pesquisadores.

A descoberta dos sedimentos escondidos

Enquanto as perfurações visavam essencialmente o gelo, a equipe encontrou algo inesperado: sedimentos antigos misturados ou acumulados sob o gelo.

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Em particular, camadas profundas que se formaram quando o gelo se deslocava lentamente sobre cordilheiras subglaciais, transportando partículas de sedimentos que acabavam por se depositar em depressões na bacia central antártica.

Esses sedimentos revelam que a base da camada de gelo não é apenas um substrato estático, mas representa interações dinâmicas entre gelo e rocha subjacente, um cenário no qual o gelo, ao mover-se, arrastou sedimento e o acumulou em camadas que ficaram soterradas.

A descoberta desafia a suposição simplista de que tudo sob o gelo seria apenas rocha ou gelo imaculado e mostra que a unidade basal do gelo pode conter materiais que registram a história geológica mais antiga da Antártica.

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E entenda também por que a mudança no solo da Antártida coloca o Brasil na rota de inundações.

Implicações para o passado climático e geológico

A presença desses sedimentos implica que a Antártica passou por fases geológicas nas quais partes de seu solo estiveram em contato com processos como transporte de sedimentos, movimentação de gelo, descongelamento local e reaprimoramentos de camada.

Isso representa uma camada de complexidade que deve ser levada em conta quando se interpretam registros de gelo ou quando se modela o comportamento futuro do gelo antártico.

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Além disso, o fato de haver sedimentos sugere que, antes da atual configuração glacial, talvez existissem condições em que o gelo era menos estático ou havia deslocamento associado a topografia subglacial complexa.

Para a ciência do clima, isso significa que os registros de gelo devem ser interpretados com cautela, pois é necessário saber se as camadas permaneceram intactas ou se sofreram deformações ou mistura por sedimentos. Tais misturas ou recristalizações podem complicar a leitura do passado climático.

O que isso revela sobre o continente antártico

A descoberta dos sedimentos escondidos amplia a visão que temos da Antártica como um continente gelado, inóspito e sempre estático. Pelo contrário, ela mostra que havia interações mais complexas entre gelo, sedimento, rocha e ambiente, que persistem sob o gelo atual.

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Esse tipo de achado confirma que o subsolo antártico pode funcionar como uma cápsula de processos muito antigos, talvez desde antes da consolidação da capa de gelo permanente.

Para estudos futuros, tanto climáticos quanto geológicos, isso significa que a Antártica deve ser vista não apenas como um grande reservatório de gelo, mas como um arquipélago de camadas, movimentos e registros que se acumulam silenciosamente.

A interpretação desses registros pode oferecer insights não apenas sobre quando o gelo antártico avançou ou recuou, mas também sobre a dinâmica da própria base da camada gelada, o que pode ser relevante para prever como o gelo responderá às mudanças de clima no futuro.

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