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A combinação entre altas temperaturas e umidade excessiva preocupa cientistas e reforça o alerta
Termômetro marca 46º C em um começo de tarde de verão no RJ / Tomaz Silva/Agência Brasil
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Pesquisas recentes ligadas à NASA apontam para um cenário alarmante: a combinação entre calor extremo e alta umidade poderá tornar algumas regiões do Brasil inabitáveis até meados deste século.
Os estudos indicam que, caso o aquecimento global continue em ritmo acelerado, o país enfrentará temperaturas que ultrapassarão os limites fisiológicos suportados pelo corpo humano.
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As projeções mais críticas envolvem áreas da Amazônia, do Centro-Oeste e partes do Nordeste e da Região Norte, onde a elevação da temperatura e o aumento da umidade formam o que os cientistas chamam de “calor úmido letal”. Trata-se de uma condição medida pelo chamado índice de bulbo úmido, que combina temperatura e umidade relativa do ar. Quando esse índice passa dos 35 °C, o corpo humano perde a capacidade de se resfriar por meio da transpiração, o que pode levar à insolação, colapso térmico e morte.
A própria NASA mantém uma rede de observação global que monitora continuamente variáveis como temperatura, níveis de dióxido de carbono, degelo e eventos extremos. Segundo os dados da agência, os últimos dez anos foram os mais quentes da história, e a tendência de aquecimento é mais acentuada em regiões tropicais.
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Além disso, estudos independentes reforçam o alerta. Uma análise de 634 estações meteorológicas brasileiras mostra que as temperaturas médias no país subiram mais de 1 °C em seis décadas, enquanto os episódios de calor extremo e estiagem se tornaram cada vez mais frequentes. Já no Sul, há aumento de chuvas intensas, mostrando que o desequilíbrio climático afeta o país de maneiras diferentes.
Um dos pontos mais sensíveis do planeta, a Floresta Amazônica pode estar se aproximando de um ponto de inflexão climático. Estudos publicados em periódicos internacionais sugerem que o desmatamento e o aquecimento global estão enfraquecendo a capacidade da floresta de produzir umidade, o que poderia transformar parte da Amazônia em uma savanna árida — fenômeno conhecido como dieback. Essa mudança alteraria radicalmente o regime de chuvas em todo o Brasil, ampliando a seca no interior e provocando desequilíbrios na agricultura e na geração de energia.
Se o cenário descrito pelos cientistas se confirmar, os impactos sobre a saúde humana e o meio ambiente serão severos. Populações do Norte e Nordeste enfrentarão ondas de calor potencialmente fatais, enquanto a escassez hídrica e a perda de produtividade agrícola poderão gerar migrações internas em massa. O aumento da demanda por energia elétrica para refrigeração e o agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares completam o quadro preocupante.
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Especialistas lembram que, embora o termo “colapso climático” soe dramático, ele reflete o risco real de sistemas naturais e sociais entrarem em ruptura caso as emissões de gases de efeito estufa não sejam controladas. O futuro climático do país, portanto, dependerá de políticas públicas efetivas e da cooperação global para conter o aquecimento médio abaixo de 1,5 °C, conforme as metas do Acordo de Paris.
Entre as principais medidas recomendadas estão a redução imediata das emissões, a recuperação de biomas degradados, a ampliação das áreas de proteção ambiental e a adaptação das cidades para lidar com o calor extremo — com mais áreas verdes, sombreamento urbano e sistemas de alerta rápido. A NASA reforça que ainda há tempo para reverter parte dos danos, mas as ações precisam ser urgentes e coordenadas.
Fontes: NASA (science.nasa.gov), Mundo e Meio, Terra Brasil Notícias, IPCC e BBC News
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