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Bomba nuclear pode ser usada para evitar que asteroide destrua a lua, aponta estudo

Rocha do tamanho de um prédio de 10 andares tem 4,3% de chance de atingir a Lua; solução drástica é debatida

Luna Almeida

Publicado em 27/09/2025 às 12:58

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O 2024 YR4 foi acompanhado até ficar muito distante e fraco para observação / Unsplash/hubblespacetelescope

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A comunidade científica passou a discutir uma medida extrema para um problema raro, porém preocupante: o asteroide 2024 YR4, descoberto em dezembro do ano passado, passou a ser monitorado com atenção depois de projeções indicarem uma probabilidade crescente, hoje estimada em 4,3%, de impacto com a Lua

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O corpo, com comprimento entre 53 e 67 metros, equivalente a um edifício de aproximadamente 10 andares, pode não provocar efeitos diretos na Terra em caso de colisão lunar, ou sequer destruir totalmente a lua, mas apresentaria riscos para satélites e equipamentos em órbita, além de gerar chuva de meteoros potencialmente danosa.

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Desde sua identificação, o 2024 YR4 foi acompanhado até ficar muito distante e fraco para observação; a previsão é que volte a ser rastreado em 2028, momento em que astrônomos deverão recolher dados sobre massa, composição e formato da rocha. 

Enquanto isso, pesquisadores que analisaram cenários de defesa planetária apresentaram alternativas que vão desde o desvio do objeto até a sua destruição, e defendem que a urgência do caso exige avaliar medidas que possam ser acionadas antes da nova janela de observação.

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Por que a destruição entrou na mesa

Entre as estratégias estudadas, o redirecionamento do asteroide aparece como a opção menos agressiva, mas esbarra numa lacuna crítica: o peso do 2024 YR4 é desconhecido, informação essencial para calcular a força necessária para alterar sua trajetória de forma segura. 

Missões de reconhecimento poderiam suprir essa falha, porém demandariam planejamento e tempo que, segundo os autores do estudo, podem não estar disponíveis. 

Diante disso, científicos levantaram a opção de neutralizar o risco por fragmentação usando uma detonação nuclear: um dispositivo da ordem de um megaton seria, na avaliação do grupo, capaz de destruir a rocha independentemente de sua massa.

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A justificativa técnica para a alternativa apelaria à física dos eventos de alta energia no vazio espacial e ao histórico de testes nucleares já realizados fora da atmosfera. 

No estudo em formato de pré-impressão (aguardando revisão por pares), os pesquisadores lembram que já houve detonações experimentais a grande altitude, e argumentam que um ataque precoce aumenta significativamente as chances de sucesso, reduzindo a probabilidade de que fragmentos perigosos sigam rumo à Terra ou causem danos em equipamentos orbitais.

Motivos para agir cedo

Embora um choque do 2024 YR4 contra a Lua não implique impacto direto no solo terrestre, os efeitos colaterais motivam preocupação. 

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A colisão poderia lançar uma pluma de detritos que, ao cruzar órbitas, geraria um intenso chuveiro de meteoros, com potencial de atingir satélites e alterar rotas de missões espaciais. 

Esse tipo de perturbação tem implicações práticas para comunicações, navegação e serviços dependentes de infraestrutura orbital. Por isso, os cientistas que assinam o trabalho defendem que postergar medidas até a reobservação do objeto em 2028 reduziria as opções táticas eficientes.

O que ainda falta saber

A principal limitação técnica permanece a ausência de medidas diretas sobre a massa e a constituição do asteroide, dados que só poderão ser obtidos com observações mais detalhadas em sua próxima aproximação. 

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Além disso, qualquer ação envolvendo armas nucleares no espaço suscita questões políticas, legais e ambientais que extrapolam o debate puramente científico, exigindo coordenação internacional e avaliações de risco abrangentes. 

No plano científico, a proposta apresentada é um alerta para que agências e governos avaliem com antecedência protocolos de defesa planetária e a logística de missões de reconhecimento.

Enquanto a comunidade acompanha o reaparecimento previsto para 2028, a discussão aberta pelos autores do estudo reforça a necessidade de combinar vigilância contínua com preparação técnica e diplomática: evitar um impacto lunar pode depender não só de cálculos e tecnologia, mas também da rapidez com que decisões e parcerias forem efetivadas.

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