O 2024 YR4 foi acompanhado até ficar muito distante e fraco para observação / Unsplash/hubblespacetelescope
Continua depois da publicidade
A comunidade científica passou a discutir uma medida extrema para um problema raro, porém preocupante: o asteroide 2024 YR4, descoberto em dezembro do ano passado, passou a ser monitorado com atenção depois de projeções indicarem uma probabilidade crescente, hoje estimada em 4,3%, de impacto com a Lua.
O corpo, com comprimento entre 53 e 67 metros, equivalente a um edifício de aproximadamente 10 andares, pode não provocar efeitos diretos na Terra em caso de colisão lunar, ou sequer destruir totalmente a lua, mas apresentaria riscos para satélites e equipamentos em órbita, além de gerar chuva de meteoros potencialmente danosa.
Continua depois da publicidade
Desde sua identificação, o 2024 YR4 foi acompanhado até ficar muito distante e fraco para observação; a previsão é que volte a ser rastreado em 2028, momento em que astrônomos deverão recolher dados sobre massa, composição e formato da rocha.
Enquanto isso, pesquisadores que analisaram cenários de defesa planetária apresentaram alternativas que vão desde o desvio do objeto até a sua destruição, e defendem que a urgência do caso exige avaliar medidas que possam ser acionadas antes da nova janela de observação.
Continua depois da publicidade
Entre as estratégias estudadas, o redirecionamento do asteroide aparece como a opção menos agressiva, mas esbarra numa lacuna crítica: o peso do 2024 YR4 é desconhecido, informação essencial para calcular a força necessária para alterar sua trajetória de forma segura.
Missões de reconhecimento poderiam suprir essa falha, porém demandariam planejamento e tempo que, segundo os autores do estudo, podem não estar disponíveis.
Diante disso, científicos levantaram a opção de neutralizar o risco por fragmentação usando uma detonação nuclear: um dispositivo da ordem de um megaton seria, na avaliação do grupo, capaz de destruir a rocha independentemente de sua massa.
Continua depois da publicidade
A justificativa técnica para a alternativa apelaria à física dos eventos de alta energia no vazio espacial e ao histórico de testes nucleares já realizados fora da atmosfera.
No estudo em formato de pré-impressão (aguardando revisão por pares), os pesquisadores lembram que já houve detonações experimentais a grande altitude, e argumentam que um ataque precoce aumenta significativamente as chances de sucesso, reduzindo a probabilidade de que fragmentos perigosos sigam rumo à Terra ou causem danos em equipamentos orbitais.
Embora um choque do 2024 YR4 contra a Lua não implique impacto direto no solo terrestre, os efeitos colaterais motivam preocupação.
Continua depois da publicidade
A colisão poderia lançar uma pluma de detritos que, ao cruzar órbitas, geraria um intenso chuveiro de meteoros, com potencial de atingir satélites e alterar rotas de missões espaciais.
Esse tipo de perturbação tem implicações práticas para comunicações, navegação e serviços dependentes de infraestrutura orbital. Por isso, os cientistas que assinam o trabalho defendem que postergar medidas até a reobservação do objeto em 2028 reduziria as opções táticas eficientes.
A principal limitação técnica permanece a ausência de medidas diretas sobre a massa e a constituição do asteroide, dados que só poderão ser obtidos com observações mais detalhadas em sua próxima aproximação.
Continua depois da publicidade
Além disso, qualquer ação envolvendo armas nucleares no espaço suscita questões políticas, legais e ambientais que extrapolam o debate puramente científico, exigindo coordenação internacional e avaliações de risco abrangentes.
No plano científico, a proposta apresentada é um alerta para que agências e governos avaliem com antecedência protocolos de defesa planetária e a logística de missões de reconhecimento.
Enquanto a comunidade acompanha o reaparecimento previsto para 2028, a discussão aberta pelos autores do estudo reforça a necessidade de combinar vigilância contínua com preparação técnica e diplomática: evitar um impacto lunar pode depender não só de cálculos e tecnologia, mas também da rapidez com que decisões e parcerias forem efetivadas.
Continua depois da publicidade