Saúde

'Bife de plástico' é o menu do planeta Terra para os humanos; substância chega às mesas

Pesquisadores apontam que partículas plásticas microscópicas estão em quase todos os alimentos e bebidas do dia a dia

Agência Diário

Publicado em 03/10/2025 às 17:00

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Fragmentos de plástico minúsculos podem aparecer até em um bife / Imagem gerada por IA

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Eles são invisíveis, mas estão no prato: fragmentos de plástico minúsculos podem aparecer até em um bife. No processo de cozimento, se derretem e se misturam à comida, endurecendo novamente quando resfriam.

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Essas partículas recebem o nome de microplásticos e nanoplásticos, com tamanhos menores que 5 mm ou entre 1 e 1 mil nanômetros. Encontrados no ambiente inteiro, já chegam até ao corpo humano.

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Cientistas detectaram sua presença em órgãos como cérebro, artérias e placenta.

“Plásticos baseados em materiais fósseis, nas suas formas micro e nanoparticuladas, foram encontrados em virtualmente todos os órgãos do corpo que foram estudados”, afirmou o professor Paul Anastas à BBC.

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Da lavoura às prateleiras

Microplásticos podem estar em vegetais, carnes, ovos e até no sal. Isso acontece tanto pelo cultivo em solo contaminado quanto pelo uso intensivo de plásticos na indústria alimentícia.

Conforme explicou a pesquisadora Sheela Sathyanarayana, da Universidade de Washington, “as fábricas usam uma enorme quantidade de plástico para aumentar a eficiência e o rendimento dos produtos”.

Certos cuidados diminuem a contaminação. Lavar o arroz antes de cozinhar pode reduzir em até 40% os fragmentos. Peixes e carnes também podem ser higienizados, embora parte das partículas permaneça.

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Entre os mais contaminados está o sal marinho, reflexo da poluição dos oceanos. Alimentos ultraprocessados também concentram grandes quantidades de microplásticos no processo de fabricação.

Bebidas e recipientes como fontes ocultas

A água consumida diariamente também é um dos principais veículos, tanto a da torneira quanto a engarrafada. Estudos revelaram que apenas o ato de abrir ou fechar uma garrafa plástica solta centenas de partículas.

“Estão surgindo estudos que demonstram que existem muito mais micro e nanoplásticos na água engarrafada do que se pensava anteriormente”, disse Annelise Adrian, da ONG World Wide Found for Nature (WWF), à BBC.

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Filtros de carvão podem eliminar até 90% dos fragmentos, fazendo da água tratada uma opção mais segura. Porém, até saquinhos de chá plásticos soltam bilhões de partículas quando expostos à água quente.

As embalagens também contribuem muito. Romper pacotes, abrir sacos ou reutilizar potes plásticos já gastos libera milhares de fragmentos.

Testes indicam ainda que aquecer recipientes plásticos no micro-ondas pode soltar bilhões de micro e nanoplásticos em poucos minutos.

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Itens de cozinha e substituições possíveis

Utensílios comuns, como tábuas de corte de polietileno, colheres plásticas e panelas antiaderentes, também liberam partículas. Ensaios mostram que cortar carne ou legumes em tábuas de plástico pode gerar centenas de fragmentos por corte.

Segundo a bióloga Vilde Snekkevik, pesquisadora do Instituto Norueguês de Água, “o problema é que, simplesmente, nós o usamos demais. Ele está em toda parte”.

Entre as alternativas estão o vidro, o aço inoxidável e até o silicone, que libera menos partículas, embora também se degrade em altas temperaturas. Nenhum material, porém, é totalmente isento de riscos.

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Por isso, especialistas sugerem substituir utensílios quando apresentarem sinais de desgaste e preferir materiais mais resistentes e duráveis.

Ainda não se sabe com clareza os efeitos que esses fragmentos causam no organismo humano. Parte deles pode ser eliminada, mas o risco de acúmulo prolongado ainda é estudado.

Para Sathyanarayana, pequenas escolhas já fazem diferença. “Existem muitas soluções simples em casa, realmente fáceis de adotar”, afirmou à BBC.

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