Entre as espécies extintas, destaca-se a Megatherium, que vagava pelas planícies com seus 3.600 kg / Divulgação
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As preguiças que conhecemos hoje, penduradas preguiçosamente nas árvores e com movimentos lentos e calculados, são apenas uma pequena amostra do que essa linhagem já representou ao longo da história evolutiva.
Um novo estudo realizado por cientistas do Museu de História Natural da Flórida e outras instituições revela que, no passado, essas criaturas foram muito mais diversas – algumas chegaram a atingir proporções gigantescas, comparáveis a elefantes.
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Ao longo de milhões de anos, preguiças habitaram diversos ambientes da Terra, desde desertos até florestas tropicais, e algumas delas nem sequer viviam nas árvores.
Usando uma combinação de fósseis, DNA e dados ecológicos, pesquisadores construíram uma árvore genealógica das preguiças e analisaram como e por que o tamanho desses animais variou tanto com o tempo.
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Entre as espécies extintas, destaca-se a Megatherium, que vagava pelas planícies com seus 3.600 kg e porte semelhante ao de um elefante asiático. Essa preguiça terrestre era capaz de alcançar folhas usando uma língua longa, parecida com a de uma girafa.
Outras espécies, menores, se adaptaram a ambientes mais áridos, como desertos, onde consumiam cactos e deixaram rastros em cavernas e até túneis escavados por suas próprias garras.
Na Caverna Rampart, próxima ao Lago Mead, foi encontrado um depósito com mais de seis metros de espessura contendo fezes fossilizadas e outros vestígios, que ajudaram os pesquisadores a compreender os hábitos desses animais.
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As garras também eram ferramentas eficientes para cavar tocas, algumas das quais ainda apresentam marcas visíveis nas paredes rochosas.
O principal fator que limita o tamanho das preguiças atuais é o ambiente em que vivem. A vida nas árvores exige leveza: uma preguiça arborícola pesa cerca de 6,5 kg, enquanto as maiores preguiças modernas raramente ultrapassam 79 kg.
Um corpo maior seria arriscado em galhos altos, onde quedas podem ser fatais, mesmo que esses animais já tenham sobrevivido a tombos de até 30 metros.
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Mas a questão principal para os cientistas era entender por que, entre as espécies terrestres, algumas evoluíram para tamanhos gigantescos, enquanto outras permaneceram pequenas. Para isso, o estudo analisou mais de 400 fósseis de diversos museus e reuniu informações sobre anatomia, dieta e habitat.
Com base nesses dados, foi possível traçar uma linha evolutiva que cobre mais de 35 milhões de anos.
As primeiras preguiças conhecidas, como a Pseudoglyptodon, surgiram na Argentina há cerca de 37 milhões de anos e tinham porte semelhante ao de cães grandes.
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Durante 20 milhões de anos, o tamanho desses animais permaneceu estável, até que mudanças climáticas significativas alteraram o cenário.
Erupções vulcânicas no Pacífico liberaram gases que contribuíram para um aquecimento global conhecido como Ótimo Climático do Mioceno Médio.
Com o aumento das temperaturas e a expansão das florestas, as preguiças passaram a diminuir de tamanho, favorecendo formas menores que se adaptavam melhor ao novo clima e ao ambiente arborizado.
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No entanto, essa fase quente não durou para sempre. Quando a Terra voltou a esfriar, as preguiças voltaram a crescer.
Algumas se espalharam por regiões mais frias, até mesmo chegando ao Alasca. Outras desenvolveram características semelhantes às dos peixes-boi, como costelas densas para flutuar e focinhos longos para se alimentar de plantas aquáticas.
Corpos maiores ofereciam proteção contra predadores e permitiam a conservação de energia e água, especialmente em áreas mais secas e frias. Algumas preguiças terrestres possuíam osteodermos – estruturas ósseas na pele semelhantes às dos tatus – que forneciam uma camada adicional de defesa.
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Foi durante as eras glaciais do Pleistoceno que esses animais atingiram seus maiores tamanhos. No entanto, a chegada dos seres humanos ao continente americano há cerca de 15 mil anos marcou o início de seu declínio.
Por serem lentas e visíveis demais, tornaram-se presas fáceis. Mesmo as preguiças caribenhas, que viviam em árvores, desapareceram após a chegada dos humanos à região.
A trajetória evolutiva das preguiças mostra como as espécies precisam se adaptar constantemente às mudanças no ambiente. Seu crescimento e posterior encolhimento refletem diretamente as alterações no clima e nos ecossistemas ao longo do tempo.
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O estudo oferece uma janela para o passado da vida na Terra e reforça a importância do equilíbrio ambiental. A história das preguiças é um exemplo claro de como mudanças naturais e interferências humanas podem moldar – ou extinguir – formas de vida únicas.