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"Bênção, pai": O fim silencioso de um costume que uniu gerações por décadas no Brasil

À medida que a concepção de família se modifica, rituais antigos como a bênção se tornam menos frequentes

Agência Diário

Publicado em 11/08/2025 às 08:44

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O gesto da bênção se transforma na modernidade familiar. / Imagem gerada por IA

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O hábito de pedir a bênção aos pais, um pilar de respeito e afeto para gerações no Brasil, está em declínio. Esse gesto simbólico cede espaço frente às profundas transformações que redefinem o formato e as dinâmicas das famílias atuais.

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À medida que a concepção de família se modifica, rituais antigos como a bênção se tornam menos frequentes. Essa não é uma perda, mas sim um processo de adaptação cultural e simbólica que acompanha a evolução das relações.

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É fundamental compreender que essa mudança não apaga o afeto. Segundo o antropólogo David Stigger, da USP, "a cultura não perde as coisas, ela transforma. Ela realoca, ela reorganiza", sublinhando que as tradições culturais se reconfiguram.

E falando sobre pais, conheça a história da menina com Síndrome de Down que foi rejeitada 20 vezes, mas encontrou o amor.

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Famílias pluralizadas

As configurações familiares no Brasil transcendem o modelo patriarcal. Hoje, há famílias chefiadas por mães solo, casais homoafetivos e avós que criam netos, mostrando diversidade.

Este panorama influencia a lógica da bênção, anteriormente ligada ao pai ou à mãe. Stigger explicou que "Grande parte das famílias brasileiras são encabeçadas por mulheres. Então, o costume de falar 'bênção pai ou bênção mãe', ele se desloca".

O simbolismo da partida

A bênção também cumpria um importante papel simbólico: ela assinalava a transição do ambiente seguro do lar para o mundo externo, muitas vezes visto como perigoso.

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Era um gesto de cuidado que dava ao indivíduo a força simbólica dos laços familiares. "A bênção geralmente acontece ao sair de casa", destacou David Stigger.

Fronteiras fluidas na era digital

Com o avanço da tecnologia e a comunicação instantânea, as divisões entre o espaço público e o privado tornaram-se mais porosas.

Aplicativos como o WhatsApp conectam as pessoas a todo momento, diminuindo a necessidade de um ritual específico ao sair. "A eficácia simbólica da bênção muitas vezes não se torna tão necessária", observou Stigger.

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A família em constante redefinição

Um estudo de Christiane Torres de Azeredo indica que a estrutura familiar sempre passou por alterações. Desde a barbárie até hoje, o modelo evoluiu de coletivo para nuclear e, agora, afetivo.

A Constituição de 1988 consolidou o afeto e a dignidade, substituindo o "pátrio poder" pelo "poder familiar". Isso demonstra uma evolução contínua do conceito de família no país.

Afeto: a essência que permanece

O declínio da bênção tradicional não significa o fim do respeito ou do amor entre pais e filhos. Isso demonstra que esses sentimentos são expressos de novas maneiras.

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A cultura familiar é viva e se adapta. A bênção é menos um costume perdido e mais um símbolo que encontrou outras formas de existir e se manifestar nos lares brasileiros.

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