Pesquisa da USP aponta que árvore típica do paisagismo urbano pode ser peça-chave na adaptação das cidades às mudanças do clima / Freepik
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Diante do agravamento da crise climática, os centros urbanos precisam buscar soluções eficazes para enfrentar os impactos. Cidades são particularmente sensíveis a altas temperaturas, estiagens intensas e eventos extremos.
Uma das alternativas mais estudadas é o uso de Soluções Baseadas na Natureza, como a arborização planejada. Porém, é essencial escolher árvores que resistam bem às condições difíceis do ambiente urbano.
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Entre as espécies avaliadas por cientistas, uma árvore bastante conhecida se destacou: a Tipuana tipu, presente nas cidades brasileiras desde a década de 1950 e originária de regiões da Bolívia e da Argentina.
O Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP, realizou uma pesquisa que aponta a alta capacidade dessa espécie em suportar o estresse ambiental, contribuindo para tornar as cidades mais preparadas.
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Durante a forte seca de 2013 e 2014, esperava-se uma redução no desenvolvimento das árvores. No entanto, a Tipuana teve um comportamento inesperado.
A análise dos anéis de crescimento da espécie indicou que ela cresceu ainda mais nesse período, graças ao aumento da fotossíntese, o que gerou maior acúmulo de carbono nos tecidos.
Esta árvore tem a madeira mais resistente do mundo e é prima do nosso Ipê-Amarelo.
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“Queremos compreender como podemos usar a arborização da melhor forma possível para adaptar a cidade às mudanças climáticas. Como a gente pode construir florestas urbanas que sejam resilientes”, explicou Giuliano Locosselli, autor do estudo, ao Jornal da USP.
A pesquisa incluiu áreas como o polo petroquímico de Capuava, entre Mauá e Santo André, e o Parque Santa Amélia, na capital paulista. O método utilizado preservou as árvores, usando uma sonda fina de 5 milímetros.
“Sabe quando estamos doentes e temos que fazer uma biópsia, tirar um pedacinho do tecido para analisar? Foi isso que fizemos com a planta”, comparou Locosselli.
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A espécie também permitiu aos pesquisadores observar registros ambientais ao longo do tempo. Seus anéis revelaram, por exemplo, a redução da poluição após o fim do chumbo na gasolina, em 1989, e mudanças nos ventos em 2006.
“Todas as variações nos anéis de crescimento de árvores são fundamentais para entender o passado e aprender com as lições para olhar para o futuro”, destacou o professor Marcos Buckeridge, orientador do estudo, também em entrevista ao Jornal da USP.
Embora não seja brasileira, a Tipuana foi amplamente usada no paisagismo de várias cidades. Hoje, seu uso é permitido apenas em locais específicos ou protegidos, como o Parque da Independência, onde se destaca por sua copa colorida.
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Por não ser considerada invasora e se adaptar com facilidade ao clima urbano, a Tipuana é uma alternativa viável para aumentar a vegetação nas cidades.
Ela colabora com a umidade do ar por meio da evapotranspiração e ajuda a reduzir a temperatura da superfície, ação crucial para lidar com o aquecimento global.
A Tipuana pode não ser a única resposta para o futuro, mas certamente é uma parte importante da solução.
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