Pequena, de penas azuis e olhar curioso, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é considerada o animal mais raro do Brasil e um ícone global da conservação ambiental / Divulgação/ 20th Century FOX
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Pequena, de penas azuis e olhar curioso, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é considerada o animal mais raro do Brasil e um ícone global da conservação ambiental. Nativa da região semiárida do norte da Bahia, a espécie foi declarada extinta na natureza no ano 2000.
No entanto, graças a esforços nacionais e internacionais, está sendo reintroduzida em seu habitat natural, um feito histórico da ciência e da preservação ambiental. Agora, porém, uma nova ameaça preocupa pesquisadores: a detecção de um vírus que pode comprometer a recuperação da espécie.
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Apesar dos avanços, um novo obstáculo preocupa os especialistas. Casos de circovírus, causador da Doença do Bico e das Penas dos Psitacídeos (PBFD), foram detectados em ararinhas-azuis vivendo soltas em Curaçá, onde atualmente há 11 indivíduos em liberdade, reintroduzidos desde 2022.
A doença compromete o sistema imunológico das aves e pode ser fatal, principalmente em populações pequenas e frágeis.
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Diante da situação, o ICMBio, em parceria com o Inema e o Ibama, elaborou e iniciou a implementação de um plano emergencial de contenção, com ações como isolamento de indivíduos, testes laboratoriais, reforço nos protocolos de biossegurança e monitoramento intensivo da população.
Mesmo com a resposta rápida, especialistas reforçam que o caso evidencia a necessidade de vigilância sanitária contínua, além de cooperação entre instituições e comunidades locais.
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A conservação de espécies ameaçadas depende de atenção constante, especialmente quando fatores inesperados, como doenças emergentes, colocam em risco décadas de trabalho e esperança.
A ararinha-azul é uma ave endêmica do bioma da Caatinga, especialmente da região de Curaçá (BA). Com cerca de 55 centímetros de comprimento, sua plumagem azul vibrante a tornou alvo da captura ilegal para o tráfico de animais e coleções exóticas em diversos países.
A destruição de seu habitat também foi um fator determinante para o quase desaparecimento da espécie. Durante décadas, os poucos exemplares restantes estavam em cativeiro, distribuídos entre zoológicos e criadores legalizados na Europa, Oriente Médio e América do Sul.
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Em 2020, após anos de articulação entre governos, ONGs e centros de pesquisa, um grupo de ararinhas-azuis foi reintroduzido na natureza, em uma área protegida próxima ao Rio São Francisco, na Bahia. A operação exigiu um processo detalhado de readaptação das aves, que passaram por treinamentos para aprender a voar longas distâncias, buscar alimento e evitar predadores.
Desde então, novos grupos vêm sendo reintroduzidos com sucesso, e já há registros de casais formando pares e construindo ninhos, um sinal promissor para a recuperação da espécie.
Em 2023, o Governo Federal convidou o Zoológico de São Paulo para criar o Centro de Conservação da Ararinha-azul, voltado à preservação e reprodução da espécie. Em funcionamento desde o final de 2024, o centro vem recebendo elogios pela sua estrutura e pela contribuição direta ao programa de reintrodução.
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O caso da ararinha-azul ganhou projeção mundial, inspirando documentários, estudos científicos e programas educacionais. A espécie ficou ainda mais conhecida após inspirar a animação Rio (2011), cujo protagonista, Blu, é baseado justamente nessa ave ameaçada.
Hoje, a ararinha-azul é vista como um exemplo global de resgate de espécies à beira da extinção, sendo citada em congressos ambientais e premiada por instituições como a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).