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Usadas por gerações antigas, essas práticas consolidadas por nossos avós revelam uma sabedoria ecológica que resiste ao tempo
Ventilação correta, cal, carvão e sal eram alguns dos truques que garantiam espaços secos e saudáveis sem depender de tecnologia. / Pexels
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As antigas adegas e porões de nossos avós tinham um charme particular — o ar fresco, o cheiro de terra úmida, batatas e vinho caseiro. Apesar da umidade natural desses espaços, o mofo raramente era um problema. Hoje, com construções modernas e materiais sintéticos, a situação parece ter se invertido. Mas há lições valiosas a recuperar dessas práticas esquecidas.
Antigamente, os porões eram feitos com materiais naturais como pedra, barro e cal. Essas substâncias permitiam que as paredes “respirassem”, absorvendo a umidade e liberando-a gradualmente. O resultado era um ambiente fresco, seco e saudável — sem precisar de desumidificadores elétricos.
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Enquanto o cimento e o plástico modernos bloqueiam a circulação de ar, as paredes antigas funcionavam como um filtro natural. “A respiração do espaço era fundamental”, explica o texto. O segredo estava em permitir que o ar circulasse livremente, evitando o acúmulo de vapor nas superfícies.
Entre os segredos mais eficazes estava o uso da cal. Nossos avós pintavam as paredes das adegas com uma mistura de cal e água — uma técnica simples que desinfetava, absorvia umidade e eliminava odores. O processo era repetido todos os anos, garantindo a manutenção do ambiente e prevenindo fungos e bactérias.
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O reboco de cal, além de regular a umidade, tem efeito antibacteriano e continua sendo uma alternativa ecológica e eficiente. Em tempos de sustentabilidade, vale considerar o retorno dessa prática tradicional.
O Canal da Chácara Justo tem um vídeo que mostra um pouco mais sobre o uso da cal:
A combinação de pedra e argila também tinha papel essencial. A pedra mantinha o ambiente frio e estável, enquanto o barro absorvia o excesso de umidade e o liberava aos poucos. Mas o verdadeiro segredo estava na ventilação — e ela era feita com sabedoria.
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Os antigos ventilavam o porão apenas em horários específicos, no início da manhã ou no fim da tarde, quando a diferença de temperatura entre o interior e o exterior era menor. Assim, o ar se renovava sem trazer umidade para dentro.
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Nem energia, nem aparelhos caros: os truques dos antigos eram simples e eficazes. Um deles era colocar sal de cozinha em potes de barro nos cantos do porão. O sal absorvia a umidade do ar e, depois de alguns dias, era trocado por um novo. Outro método usava cal viva e carvão vegetal — ambos removiam umidade e odores desagradáveis.
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O carvão era pendurado em sacos de pano e trocado mensalmente. Simples, barato e funcional. Até hoje, muitos especialistas recomendam o uso dessas técnicas em espaços fechados e úmidos.
Os porões antigos também eram limpos com vinagre diluído em água, um desinfetante natural e poderoso contra mofo e bactérias. Quando o problema era mais grave, nossos avós usavam álcool forte — como aguardente — para limpar cantos e prateleiras.
Ervas aromáticas como lavanda, louro e hortelã seca penduradas no teto mantinham o ambiente perfumado e livre de fungos. Hoje, óleos essenciais com propriedades antibacterianas, como os de lavanda e tomilho, podem reproduzir o mesmo efeito sem produtos químicos.
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Outro fator importante era a ausência de plástico. Alimentos e bebidas eram guardados em vidro, barro ou madeira, que permitiam a respiração natural e impediam o acúmulo de umidade. O controle constante evitava que produtos estragados contaminassem o restante dos alimentos armazenados.
A limpeza também era regular: duas vezes por ano, o porão era totalmente esvaziado, arejado e reordenado. Essa rotina disciplinada era o segredo para manter o espaço saudável por décadas.
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Embora as tecnologias modernas ofereçam soluções rápidas, combinar o conhecimento antigo com os recursos atuais é a melhor estratégia. Desumidificadores, por exemplo, podem ser usados em conjunto com paredes de cal e ventilação natural para potencializar resultados e reduzir o gasto de energia.
Reformas com materiais naturais, como reboco de barro e tinta de cal, devolvem às paredes a capacidade de respirar. Esses métodos são ecológicos, econômicos e sustentáveis — ideais para quem busca bem-estar e saúde dentro de casa.
Mais do que nostalgia, as práticas de nossos avós revelam uma sabedoria ecológica que resiste ao tempo. Eles entendiam que o equilíbrio entre ar, luz e limpeza era essencial para um lar saudável. Ao resgatar esses hábitos, podemos criar espaços mais agradáveis, livres de mofo e cheios de vida.
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Em tempos de excesso de tecnologia, talvez a resposta para muitos problemas domésticos esteja nas soluções simples do passado — feitas com cal, sal, ervas e um bom senso de respeito pela natureza.