Bolo clássico de chocolate com especiarias / Foto meramente ilustrativa / Foto de Anastasia Shuraeva/Pexels
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Para muitos paulistanos e turistas, os bolos e pães do Mosteiro de São Bento, no coração de São Paulo, não são apenas doces: são relíquias gastronômicas. A fama é antiga, mas a pergunta persiste: o que torna esses quitutes tão reverenciados?
O segredo reside, segundo o próprio Mosteiro, na devoção inabalável à regra de São Bento do século VI: "ora et labora" (ora e trabalha). Esta filosofia, que exige que os monges vivam do próprio ofício, transformou a padaria em um tesouro, onde a fé e a tradição são ingredientes tão vitais quanto o trigo e o açúcar.
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Desde que a padaria abriu as portas ao público em 1999, o maior mistério é a origem e a composição exata das receitas. A Padaria do Mosteiro afirma que muitos dos seus pães, bolos e biscoitos são elaborados a partir de fórmulas ancestrais, recuperadas dos arquivos da abadia. O mais intrigante é que esse conhecimento é transmitido apenas de monge para monge, garantindo que o toque e a autenticidade permaneçam inalterados através dos séculos. Não adianta perguntar; o segredo está guardado a sete chaves.
Entre as joias da padaria, algumas criações se destacam e carregam histórias de tempos distantes. O famoso Bolo Dom Bernardo, por exemplo, é uma complexa mistura de sabores que inclui café, chocolate, nozes, conhaque, pêssego e gengibre, sendo descrito frequentemente como uma experiência quase espiritual. Há também o Bolo Laetare, uma receita de origem portuguesa, à base de farinha de amêndoas, famosa pela sua umidade e riqueza.
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Até mesmo o Pão de Mel Benedictus é uma lenda, recheado com uma geleia de damasco que muitos consideram incomparável. O que esses quitutes têm em comum é a combinação de ingredientes especiais (como vinho canônico e especiarias) e o toque artesanal que as padarias modernas não conseguem replicar.
Mais do que apenas uma guloseima, a compra de um bolo no Mosteiro é um ato de nostalgia, remetendo a uma época em que o tempo corria mais devagar e o trabalho era uma forma de oração. Os bolos de São Bento, portanto, não são apenas sobre o sabor, mas sobre o legado de séculos que carregam consigo.