O templo chinês possui quase 2 mil anos / Imagem: Reprodução/YouTube
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No coração da China, mais precisamente na região de Guizhou, em Anshun, repousa um templo que desafia a compreensão de isolamento. Este santuário budista e taoista não é apenas um local de oração, mas um refúgio incrustado no meio de uma montanha, acessível por uma série íngreme de escadas de pedra.
Sua localização remota e a beleza natural circundante fazem dele um ponto de peregrinação e curiosidade, mas sua verdadeira singularidade reside em sua única moradora e guardiã. Há mais de uma década, a Mestre Shi, uma monja de 70 anos, escolheu este local imponente como seu lar e missão de vida, dedicando-se inteiramente aos cuidados do templo.
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Ela vive completamente só, com apenas algumas visitas ao longo do ano, mantendo viva uma tradição que se estende por séculos. A vista impressionante do vale é uma companhia constante, assim como as estátuas antigas, enquanto ela realiza suas tarefas diárias de limpeza e preparo de alimentos.
Voltando ao Brasil, o maior templo budista da América Latina fica no interior de São Paulo.
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O acesso a este templo isolado é, por si só, uma aventura que prepara o espírito para a serenidade do local. O caminho até o topo da montanha é marcado por escadas de pedra antigas que se elevam pela encosta, passando inclusive por uma pequena habitação auxiliar que, curiosamente, também está localizada dentro de uma caverna.
Esta jornada física e contemplativa sublinha a dedicação de quem decide visitar o santuário, que fica em uma posição privilegiada com uma vista que se estende por quilômetros do cenário de Guizhou.
Não se trata, contudo, de um lugar novo. As narrativas sobre a fundação deste templo em uma caverna remontam a um dos períodos mais fascinantes e tumultuados da história chinesa: o período dos Três Reinos.
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Esta época caótica seguiu o colapso da Dinastia Han, mergulhando a nação em um turbilhão de conflitos políticos e militares entre 220 e 280 d.C., o que deu início à surpreendente história do local.
A história mais contada sobre a origem do santuário aponta para Meng Huo, uma figura proeminente e líder na região de Nanzhong, que pertencia ao estado de Shu Han. Acredita-se que Meng Huo teria feito uso estratégico da caverna muito antes de se tornar um templo.
Sua finalidade inicial era menos espiritual e mais prática, servindo como um depósito secreto e seguro para estocar comida e suprimentos essenciais durante os intensos conflitos da época.
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Anos depois, o destino da caverna mudaria completamente, graças a um descendente direto do líder, chamado Meng You. Segundo o relato que perdura, Meng You se viu encurralado e sob o ataque de um exército inimigo em uma batalha que parecia não ter salvação.
A intervenção providencial de dois monges, que o auxiliaram e garantiram sua segurança, foi o ponto de virada na trajetória histórica do local.
Em um gesto de profunda gratidão e reconhecimento pela salvação, Meng You teria oferecido a caverna aos monges como um presente. Este ato marcou a transição da caverna, de um esconderijo militar e depósito, para um local sagrado e de devoção.
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Veja também que a construção mais antiga do mundo segue em obras e só deve ser concluída em 2033.
Atualmente, o templo é o lar da Mestre Shi, uma monja de 70 anos que há mais de uma década se dedica a limpar, cozinhar e assegurar que tudo de que precisa para viver esteja disponível no local isolado. Sua rotina é de completa autossuficiência e dedicação.
As únicas interrupções nessa solidão e paz são as visitas raras, geralmente de peregrinos devotos que buscam a tranquilidade do templo para oração ou de turistas curiosos que se aventuram pela montanha.
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Essa vida de reclusão, longe do burburinho das cidades e das demandas do cotidiano, é o que a Mestre Shi realmente valoriza e busca. Ela encontrou uma paz profunda em seu papel de guardiã solitária.