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Cidade do Rio Grande do Norte abriga árvore rara do tamanho de um campo de futebol

O Cajueiro de Pirangi é uma atração natural que cresce há mais de um século e transformou o turismo da região

Júlia Morgado

Publicado em 24/10/2025 às 05:00

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Uma 'floresta' formada por um único organismo, símbolo vivo da cidade de Parnamirim (RN) / Prefeitura de Parnamirim

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Em Parnamirim, na região metropolitana de Natal (RN), uma árvore virou símbolo, destino turístico e fenômeno biológico. O Cajueiro de Pirangi, reconhecido pelo Guinness World Records desde 1994, ocupa uma área equivalente a um campo e meio de futebol, com uma copa que ultrapassa 9 mil m².

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O que impressiona não é apenas o tamanho, mas o fato de ser um único organismo vivo, formado por galhos que se expandem horizontalmente, tocam o solo e criam novas raízes, como se clonassem a si mesmos. De longe, parece uma floresta; de perto, é apenas uma árvore.

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Veja algumas imagens e pequenos fatos sobre a curiosa árvore reconhecida pelo Guinness World Records:

Sua área é equivalente a, pelo menos, 70 pés de caju "normais"/ Prefeitura de Parnamirim
Sua área é equivalente a, pelo menos, 70 pés de caju "normais"/ Prefeitura de Parnamirim
A praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim, está a apenas 25 quilômetros da capital do Rio Grande do Norte, Natal/ Prefeitura de Parnamirim
A praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim, está a apenas 25 quilômetros da capital do Rio Grande do Norte, Natal/ Prefeitura de Parnamirim
O espaço é administrado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema)/ Prefeitura de Parnamirim
O espaço é administrado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema)/ Prefeitura de Parnamirim
Em 1955, a histórica revista O Cruzeiro batizou o cajueiro de "O Polvo" e definiu o fenômeno como uma "sinfonia inacabada" de "galhos lançados em progressão geométrica". À época, a planta tinha 2.000 m² de área/ Prefeitura de Parnamirim
Em 1955, a histórica revista O Cruzeiro batizou o cajueiro de "O Polvo" e definiu o fenômeno como uma "sinfonia inacabada" de "galhos lançados em progressão geométrica". À época, a planta tinha 2.000 m² de área/ Prefeitura de Parnamirim

Um gigante à beira-mar

Localizado na Praia de Pirangi do Norte, o cajueiro domina a paisagem e movimenta a economia local. Passarelas de madeira conduzem o visitante por baixo da copa, e um mirante de 10 metros de altura oferece uma vista que ajuda a compreender a dimensão do fenômeno.

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Estima-se que o cajueiro tenha sido plantado em 1888 por Luís Inácio de Oliveira, um pescador que, segundo o folclore, morreu sob a sombra da própria criação. Hoje, com mais de 135 anos, a árvore é tratada como patrimônio vivo de Parnamirim.

Falando em pontos turísticos com mais de um século, conheça esta fazenda no interior de SP — com mais de 400 anos e considerada uma relíquia viva da história brasileira.

De curiosidade a motor econômico

Com cerca de 300 mil visitantes por ano, o Cajueiro de Pirangi é o principal atrativo da Rota do Sol, roteiro turístico que liga praias do litoral potiguar. No entorno, feiras de artesanato e comércios prosperam — um exemplo de como a natureza pode sustentar a economia.

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Durante décadas, o cajueiro também foi um produtor expressivo: colhia-se até 80 mil cajus por safra, algo em torno de 2,5 toneladas. Hoje, o valor maior está no turismo e na preservação, mais do que na produção de frutos.

O canal 'Vanspilla', mostra imagens desse impressionante ponto turístico natural: 

Mistério biológico e curiosidades

O crescimento descomunal do cajueiro se deve a duas mutações genéticas raras. A primeira faz com que seus galhos cresçam lateralmente, e não para cima. A segunda permite que, ao tocar o solo arenoso, esses galhos criem raízes e se tornem novos troncos, geneticamente idênticos ao original.

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Um detalhe curioso: um dos cinco galhos principais não se enraíza e cresce como um cajueiro comum. Por isso, os moradores o apelidaram de “salário mínimo” — pela performance modesta em comparação aos demais.

Conheça também esta cidade, um tesouro escondido na Serra da Mantiqueira, ideal para quem busca paz e aventura.

Entre a natureza e a cidade

O crescimento contínuo trouxe desafios urbanos. Partes da copa ultrapassaram o limite do parque e chegaram até a rodovia RN-063, o que gerou uma longa disputa sobre a necessidade de poda. Ambientalistas temem que uma intervenção brusca prejudique a árvore; já moradores e o órgão ambiental do estado alegam riscos à segurança e à infraestrutura.

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O custo estimado para o manejo é de R$ 200 mil, com previsão de execução após o período de frutificação — uma negociação delicada entre conservação e modernização.

Rival à vista

O título de “maior cajueiro do mundo” pode, em breve, mudar de mãos. No Piauí, o Cajueiro-Rei, localizado em Cajueiro da Praia, reivindica o recorde, com medições recentes de 8.800 a 8.880 m². O pedido de homologação ainda está em análise pelo Guinness.

Mais do que uma disputa botânica, trata-se de um embate de identidade e turismo: o título garante visibilidade, prestígio e fluxo de visitantes.

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Você sabia que existe um castelo medieval no Brasil? Melhor ainda: ele está quase intacto, é o único das Américas e pode receber visitas.

Um monumento vivo

Enquanto o resultado não vem, Parnamirim segue celebrando seu gigante verde. Comparado a fenômenos naturais como o Pando, nos Estados Unidos — um sistema de árvores geneticamente idênticas interligadas por raízes subterrâneas —, o Cajueiro de Pirangi é uma versão tropical e visível desse mesmo princípio.

Ele não é o mais alto nem o mais antigo, mas talvez o mais expansivo: uma árvore que, há mais de um século, cresce para os lados e não para o céu, transformando a paisagem e a história de uma cidade inteira.

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