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Cultura

Moraes Moreira fez cordel sobre coronavírus em seu último post no Instagram

O poema inicia falando do medo da pandemia, mas também menciona violência, milícia e Marielle Franco

Folhapress

Publicado em 14/04/2020 às 09:25

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Músico morreu após um infarto nesta segunda-feira (13), no Rio de Janeiro, aos 72 anos / Sidney Rocharte/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia

Em sua última postagem em sua página no Instagram, o músico Moraes Moreira, morto após um infarto nesta segunda-feira (13), no Rio de Janeiro, aos 72 anos, compartilhou um cordel de sua autoria sobre a quarentena do coronavírus.

"Oi, pessoal. estou aqui na Gávea [no Rio de Janeiro] entre minha casa e escritório que ficam próximos, cumprindo minha quarentena, tocando e escrevendo sem parar. Este cordel nasceu na madrugada do dia 17, envio para apreciação de vocês. Boa sorte", escreveu Moraes.

O poema inicia falando do medo da pandemia, mas também menciona violência, milícia e Marielle Franco. "Eu temo o coronavirus/ E zelo por minha vida/ Mas tenho medo de tiros/ Também de bala perdida/ A nossa fé é vacina/ O professor que me ensina/ Será minha própria lida."
*
Confira o cordel na íntegra:
"Quarentena

Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida

Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo

Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito

De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estupro
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia

Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
Às vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido

Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta

Com tanta coisa inda cismo...
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também à misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia

As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres

O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo, nem idade"

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