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Cultura

Jovem empresário aposta na diversidade musical e muda o cenário de shows em Santos

Proprietário da casa de shows Arena Club, Daniel Lobo Azevedo começou a trabalhar com eventos quando tinha 16 anos. Atualmente, aos 27, ele colhe frutos de um trabalho que custou cerca de R$ 2 milhões em investimentos

Da Reportagem

Publicado em 18/05/2022 às 12:09

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Daniel Lobo Azevedo começou a trabalhar com eventos quando tinha 16 anos / Reprodução/Optima Comunicação

Tradicionais em Santos, as casas de shows atraem moradores de outras cidades do litoral paulista que querem curtir a noite na cidade santista. Entre bares e restaurantes acostumados a trazer artistas do funk, pagode e sertanejo, há cinco anos, a Arena Club, administrada pelo empresário Daniel Lobo Azevedo, mudou esse cenário na cidade após apostar na diversidade de gêneros musicais, trazendo cantores e bandas de rock alternativo, reggae, rap, forró, indie pop, entre outros estilos. 

Movimentada por grandes eventos, a cidade de Santos sempre foi um sinal de referência para curtir bons shows na região da Baixada Santista. Mas, apesar da grande oferta cultural, desde a juventude o empresário Daniel Lobo, hoje com 27 anos, percebia a existência de um público mal assistido, apreciador de gêneros diferentes dos comuns. 

Foi a partir dessa percepção e de uma frustração na adolescência - quando com sua banda de rock ouvia muitos nãos de casas noturnas e bares da cidade - que Daniel encontrou, aos 16, o seu talento profissional: promover eventos. O empresário embarcou, então, no cenário musical alugando espaços para fazer shows com a própria banda, o que acabou sendo também a solução para dar espaço a outros artistas. A iniciativa não demorou para se transformar em um negócio, o que preparou Daniel para o momento que vive atualmente.

Habilidoso com comunicação, o empresário também transformou o espaço que era utilizado para fazer shows independentes em uma produtora e começou a dar oportunidade para outras bandas tocarem no local. Em pouco tempo, o jovem observou que a ideia estava dando certo financeiramente e decidiu levar adiante como trabalho mais sério e se dedicou para conquistar o espaço que tem hoje.

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“Eu alugava um espaço pequeno para 200 pessoas e fazia um monte de shows. Isso começou a dar muito certo financeiramente, e quis começar a investir porque sabia que eu era bom com comunicação e venda. Percebi que eu estava fazendo algo que eu gostava, trabalhava só de final de semana, uma vez por mês, e ganhava duas, três vezes mais do que meus amigos que estavam trabalhando com carteira assinada. Aí que eu decidi fazer isso da minha vida”, explica Daniel. 

Até abrir a Arena Club, o empresário vivenciou experiências as quais o fizeram perceber que a área de eventos era um destino certo traçado em sua vida. Isso foi comprovado quando, aos 21 anos, Daniel resolveu investir todas as suas economias para abrir um estúdio, uma aposta que não deu certo financeiramente e o fez voltar para a área de eventos. “A gente ficava ali tentando, tentando e tentando, todos os dias e não ganhava dinheiro. No final do mês pagávamos as contas e não sobrava nada”, relata Azevedo. 

De volta para o mercado de shows, o empresário utilizou o estúdio para promover eventos, mas logo começou a procurar um local para abrir uma casa de shows junto aos seus sócios Tiago Lobo Azevedo e Antônio Carlos Martins Azevedo. Por conta da degradação do espaço que utilizavam, precisaram vender os equipamentos, pois poucas pessoas se interessaram em comprar o ambiente. “Nós saímos do estúdio em 2017, pegamos um empréstimo, conseguimos um investidor e compramos o espaço onde hoje é a Arena Club, que na época estava caindo aos pedaços e tivemos que fazer reformas”, conta Daniel. 

A Arena Club 

Idealizado para ser um espaço acolhedor e aberto para diferentes estilos musicais, a Arena Club passou por muitos momentos de reformas e incertezas desde que foi inaugurada, em 2017, no bairro santista Vila Mathias. Conforme explica Daniel, após conseguirem o espaço para receber um público maior, ele e os sócios perceberam que não tinham na época conhecimento suficiente para comandar eventos de grande porte para mais de mil pessoas. Nesta fase, o empresário conta que eles apanharam bastante até pegar o ritmo dos negócios. 

“Nós não tínhamos conhecimento para tocar um negócio dessa proporção. Eu tinha 22 anos e nós tomamos muitas pancadas. Ficamos os primeiros seis meses da Arena só queimando o restinho de caixa que a gente tinha, e foi uma fase bem difícil”, lembra Daniel. Com o tempo, os sócios conseguiram entender as necessidades do mercado, conheceram melhor o público e começaram a caminhar para momentos melhores. 

Entre problemas de estrutura, reformas e investimentos que custaram cerca de R$ 2 milhões, Daniel conseguiu, então, tocar a casa de shows. Em 2019, o empresário se planejou para o ano seguinte, preparando uma agenda completa mas que foi impedida de ser trabalhada por conta da pandemia. A crise sanitária mundial inviabilizou o desenvolvimento da empresa por mais de um ano, e foi somente em outubro de 2021 quando o empresário conseguiu novamente abrir as portas, mesmo com restrições. 

“Nesse período da pandemia, nós ficamos com um monte de ingressos represados para fazer reembolso, não sabíamos como íamos sustentar a empresa e para nós foi muito difícil, porque a casa estava totalmente proibida de abrir. Já agora em 2022, nós finalmente conseguimos funcionar sem restrições e pegamos pesado na agenda, montando uma programação bem completa para cada mês, e esse é o momento em que trabalhamos por cinco anos para vivenciá-lo agora com muito sucesso”, comemora Daniel.  

Diversidade musical

Para o empresário, a Arena Club é uma ilha que possibilita aos moradores de Santos e de outras cidades da Baixada Santista experimentarem estilos musicais diferentes daqueles que são encontrados em bares e baladas da cidade. “Eu faço shows de rock, reggae, rap, forró, pop e outros ritmos que não têm em outros lugares, porque é realmente uma coisa que faltava em Santos. Se o pessoal daqui quisesse ir para um show de uma dessas bandas, tinha que ir para São Paulo”, argumenta. 
 
Segundo Daniel, o momento que a casa de shows vive atualmente é o resultado de muitos prejuízos do passado.  “A gente se acostumou muito a apanhar, não só aqui nos trabalhos da casa, mas na época do estúdio também. Foi muito na base da garra mesmo para conseguir. Não vivemos aquela história de empreendedor perfeito onde a pessoa cria uma empresa e dá certo. Foi meio que à força mesmo. E é gratificante ver uma ideia que só existia na sua cabeça um dia tomar a cidade do jeito que tomou. Um dia nós entramos nesse espaço e ele era só lixo. Hoje é uma das principais casas de shows de Santos, o que não foi nenhuma genialidade, foi só persistência”, finaliza Daniel.  
 

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