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Cultura

Expressar o sentir: Baixada é polo de música autoral

Festival de música autoral já mobilizou cerca de cem artistas e bandas da região em mostras, festivais, encontros e debates

Rafaella Martinez

Publicado em 19/11/2018 às 11:00

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A evolução dos estilos artísticos está relacionada com as mudanças na sociedade. / Ugo Castro Alves/Divulgação

Colocar nas letras, nos acordes e na melodia as ideias que habitam o inconsciente: nos últimos anos, a Baixada Santista têm se destacado como um dos principais polos de música autoral. São diversas iniciativas que trabalham para valorizar esse profissional. Uma delas, o Festival MAIS, existe e resiste desde 2013, com o intuito de criar espaços para apreciação da música autoral e promover a troca entre compositores e músicos da região.

“O festival surgiu a partir da realização de um sonho, seguido de uma frustação, que foi a gravação do disco ‘Sonho de Voar’, em parceria com a minha esposa Lua Marina e a dúvida que surgiu logo após esse lançamento que foi: e agora? O que um artista independente faz?”, relembra Ugo Castro Alves.

De acordo com ele, a ideia de promover a troca entre artistas surgiu nesse momento. “A gente acredita e investe no nosso sonho e depois fica sem direção. O MAIS é a abreviação de ‘Música Autoral Independente Santista’, mas também é um movimento de somar: unir artistas, espaços, parcerias e públicos. Já realizamos muitas coisas: por dois verões tivemos uma tenda de música autoral, participamos da virada autoral, tivemos projeto no Torto, no Mundi e na Rua de Lazer, e este foi o segundo ano do festival”, ­complementa.

O evento mobilizou cerca de cem artistas e bandas da região em mostras, festivais, encontros e debates. Só em 2017, o Festival MAIS teve em cena 23 atrações em apresentações ao ar livre, e os domingos de Ocupação MAIS na Rua de Lazer (Orla da Praia) receberam mais 24 artistas para mostrar suas produções independentes.

Na visão de Ugo, trabalhar com música é mais que uma forma de ganhar a vida: é uma missão. “É entender o poder transformador que vem através do que você faz. Na composição o artista se mostra: tudo está ali, na sua música. É bonito ver que as bandas estão a fim, andam junto, acreditam. Esse é nosso papel: fazer esse movimento crescer. Que sejamos ouvidos e que existam mais políticas publicas para música e para a arte autoral de um modo geral. Isso é de suma importância para a humanidade e acredito que em um momento de tanta intolerância e violência o que vai nos salvar é a cultura”, completa, acrescentando que o show business e o sucesso meteórico não é o sonho da maioria dos músicos autorais. “Queremos apenas fazer nosso trabalho, ganhar a vida com a nossa arte”.

Reconhecimento como artista.

O arquiteto Vinícius Camargo levou dez anos para se reconhecer como artista profissional. Trabalhando com música popular autoral desde os anos 2000, quando ainda cursava a faculdade em Bauru, foi apenas em 2010 que gravou o primeiro CD, ‘Vinícius Camargo em Risco’, que justamente traçava um paralelo com o ato dele se arriscar no campo da música.

“Comecei a compor nos anos 2000 e o primeiro festival que participei foi em meados de 2003 na Unesp Jabuticabal, apresentando ‘Céu de Gaza’, música que escrevi sobre a Palestina e que faz parte do meu repertório até hoje”, relembra.

Em 2010 o artista cofundou a Cia Animalenda de teatro e começou a trabalhar com composição para teatro e contação de historias, além de atuar.

“Definir a música é difícil. A arte de forma geral é uma das formas de se conhecer o mundo, de compreender a relação do ser humano na natureza e com o outro através do que é mais humano, que são os sentimentos e as emoções. Coisas que não são explicáveis cientificamente, mas que são expressas nas linguagens artísticas mais diversas”, explica

Na visão dele, a evolução dos estilos artísticos está relacionada com as mudanças na sociedade. “Conforme evolui a sociedade também mudam as formas de sentir e mudam também os significados desses sentimentos. Ao produzir arte buscamos entender os modos de agir em relação ao mundo. Não produzimos arte gratuitamente, de forma desinteressada. Buscamos nos aproximar mais da verdade e da realidade através de sentimentos, da emoção e da beleza, que inclui inclusive o que é feio, mas que precisa ser explicado”, finaliza.

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