23 de Abril de 2024 • 22:43
Recentemente, o Museu Histórico da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, localizado em Santa Cruz dos Navegantes, reuniu historiadores e militantes para um bate-papo entre os munícipes sobre o reflexo da Ditadura Militar na construção da atual sociedade. O debate foi marcado pela contextualização histórica destrinchada por especialistas acerca do Golpe Militar de 1964, que foi influenciado pelo cunho ideológico presente à época.
O evento marcou o encerramento da exposição itinerante “Lugares da Memória”, que teve abertura no fim do ano passado. Com a presença de 2.100 visitantes, a mostra foi uma iniciativa do Memorial da Resistência de São Paulo. A exposição que passou por várias cidades, encontrou no litoral histórias de tortura como o navio de prisioneiros Raul Soares, ancorado no Porto, e a repressão sofrida pelos estudantes no Colégio Canadá, em Santos.
Na oportunidade, estiveram o secretário municipal de cultura, Odair Dias Filho; o professor de Sociologia e Geografia Humana, José Juarez Tavares Lima; o professor doutor em História da Economia, Ricardo Rugai; o ex-preso político e dirigente comunista, Anibal Ortega; e o diretor de Políticas Públicas da Prefeitur,a Guilherme Cruz. Coordenado pela Secretaria Municipal de Cultura, o encontro contou com a presença de pessoas que vivenciaram esse período e de muitos jovens.
No debate, os convidados colocaram em pauta o contexto histórico internacional que precedeu ao golpe em 1964, lembrando a trajetória cruel traçada pelos militares até 1985, com o fim da Ditadura. Foram relatos de quem vivenciou os anos de chumbo de perto, como no caso do diretor de Políticas Públicas, que marcaram o evento. "Parabenizo a iniciativa de resgatar a memória histórica que deve servir de base para as novas gerações, de quanto foi dura a luta pelo fim do regime militar e a implantação da democracia em nosso País", ressaltou Cruz, que atuou como líder estudantil em 1978.
Segundo o professor José Juarez Tavares Lima, debates como esse servem para a construção de valores e princípios que formam um cidadão. “A cidadania se constrói com a prática, com esse tipo de debate. Não basta só ter uma aula de Sociologia ou de Filosofia. O que tem que ocorrer é a escola sair dos seus espaços fechados e levar os estudantes até os locais onde se vivem a vida, para aprenderem na prática. A cidadania é um processo de construção do ser humano.”
Lima também contou que momentos como esse resgatam a memória do brasileiro em relação ao que ocorreu na história do Brasil e que influenciam até os dias atuais. “A ditadura militar não ocorreu dois séculos atrás, pelo contrário, faz parte da nossa história contemporânea. É um fato recente assim como a construção da cidadania brasileira. Nós fomos abafados e calados até a Constituição de 88, onde o Artigo 5º assegura nossos direitos como cidadãos. Esse artigo revela o nosso medo do retorno da Ditadura Militar, que suspendeu todos nossos direitos”, finalizou o professor.
Artigo 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
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