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Cultura

Brasileiras da indústria de HQs se tornam personagem em livro

Publicação de pesquisadoras reúne 125 mulheres envolvidas na indústria.

LG Rodrigues

Publicado em 16/06/2019 às 07:05

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Pesquisadoras se reúnem todos os meses na Gibiteca de Santos; livro deverá chegar às mãos do público no último trimestre do ano. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

Mulher-Maravilha, Mulher-Gato, Capitã Marvel, Mônica... Tantas heroínas e vilãs que marcaram, e ainda marcam, as páginas de histórias em quadrinhos com décadas de existência estão eternizadas no imaginário dos fãs de HQs. Mas e quanto às mulheres que trabalham 'do lado de fora' dos gibis? Bom, essas ainda não têm nem um pingo do reconhecimento que tanto merecem, mas uma dupla de Santos está trabalhando arduamente para mudar esse cenário.

É praticamente impossível determinar quando foi que as mulheres brasileiras começaram a trabalhar com histórias em quadrinhos, mas praticamente todas as profissionais do ramo apontam para a pesquisadora Sônia Maria Bibe Luyten como sendo uma das pioneiras. Trabalhando no ramo há pelo menos 50 anos, a especialista em histórias em quadrinhos é doutora pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) e é quem dá nome a um grupo de estudos e pesquisas daqui de Santos, que recebeu uma tarefa importante.

Criado há pouco mais de um ano, o grupo de pesquisas é coordenado pela historiadora Laluña Machado, graduada na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), e que é também a maior especialista do super-herói Batman de todo o Brasil. Ela conta também com a parceria da pesquisadora de quadrinhos, mestra em Comunicação pela ECA/USP e integrante do Observatório de Quadrinhos da ECA/USP, Daniela Marino.

O interesse por histórias em quadrinhos veio da infância de Daniela e voltou com força ao conhecer Sandman, de Neil Gaiman, aos 17 anos de idade. Já Lalunã se apaixonou pelas séries do universo animado da DC como Batman Animated Series e Liga da Justiça. Ambas não tiveram dúvidas e se tornaram pesquisadoras da arte.

Juntas, elas hoje estão finalizando os últimos detalhes antes de publicar um livro: Mulheres & Quadrinhos, pela Skript Editora.

"No nosso site, o Minas Nerds, temos ao menos 16 listas com quadrinistas brasileiras. Tem muita mulher fazendo e estudando quadrinhos no Brasil. A mulher deixou de ser leitora faz tempo. Hoje a Lalunã é uma das maiores especialistas de Batman no Brasil. Ela foi indicada para um evento em homenagem ao Batman e quando saiu a publicação dos eventos ela não estava como convidada", explica Daniela.

"O problema não era nem eu não ser convidada, o problema era ter duas mesas em dias diferentes para falar sobre Batman e cada uma com dez homens brancos pra falar sobre. Foi quando eu pirei", completa Lalunã.

O episódio acabou gerando o primeiro contato entre as duas integrantes do grupo de estudos e pesquisas de HQ "Sonia Maria Bibe Luyten" com a equipe da Skript Editora. Com carta branca para organizar um trabalho sobre o papel desempenhado pelas brasileiras na indústria dos quadrinhos durante quase seis décadas, Daniela e Lalunã deram o ponta pé inicial do projeto.

"A ideia do livro surgiu de um questionamento da ausência das mulheres em certos espaços. Fazemos parte do Minas Nerds, que publica matérias sobre o mundo pop com a perspectiva feminina, e quando tem um evento sempre olhamos os painéis e line-ups e sempre falta mulher. Fica a impressão que só existem mesmo homens brancos trabalhando no meio".

Toda a movimentação das duas profissionais, que se reúnem mensalmente na Gibiteca de Santos, levou o projeto do livro até o Catarse, site de financiamento coletivo. A meta inicial era de arrecadar R$ 21.800 em até seis meses. O objetivo foi alcançado em pouco mais de duas semanas e o livro de 500 páginas está garantido para chegar às mãos do público no fim do ano.

Ao todo, 125 brasileiras envolvidas com histórias em quadrinhos de diversas maneiras foram entrevistadas para o livro, que deverá contar com depoimentos, artes e até mesmo tiras de quadrinhos completamente inéditas.

"A editora não esperava que fossemos juntar tantas profissionais. Conversamos com quadrinistas, letristas, artistas, jornalistas, tradutoras, editoras, coloristas, mulheres envolvidas em todos os processos que envolvem os quadrinhos", explicam.

No livro há profissionais de todos os cantos do Brasil, desde estados com menos acesso aos eventos grandes como mulheres do Pará, Maranhão, até nomes mais conhecidos do público que é fã de longa data das HQs.

"A ideia é que o Mulheres & Quadrinhos funcione como um catálogo para profissionais que nunca conseguiram viabilizar seu projeto e há também nomes mais consolidados no mercado como a Carol Pimentel, editora da Marvel, e até a Marina de Sousa, filha do Maurício de Sousa e hoje Diretora de Conteúdo Editorial da produtora mãe da Turma da Mônica".

O prefácio do livro ficará a cargo da própria Sônia Maria Bibe Luyten e quem quiser colaborar com a campanha e até já garantir sua cópia tem até o dia 16 de julho para acessar a página do livro Mulheres & Quadrinhos pelo site do Catarse. O lançamento está agendado para outubro em vários eventos em diversas cidades. Em Santos, o livro marcará presença durante o Festival Geek de Santos que está agendado para o dia 14 de novembro. A pré-venda do livro começará em setembro pela Amazon.

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