A causa exata da morte não foi divulgada / Reprodução/Instagram
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Morreu na manhã desta quinta-feira (1), aos 84 anos, a cantora Nana Caymmi, uma das figuras mais marcantes da música popular brasileira. Ela estava internada há nove meses e passou seu último aniversário, no dia 29 de abril, em estado delicado de saúde.
A causa exata da morte não foi divulgada, mas foi relatado que ela sofreu uma overdose de opioides.
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A artista estava na Clínica São José, na Zona Sul do Rio de Janeiro, desde agosto do ano passado, quando deu entrada com arritmia cardíaca. Durante o tratamento, passou por cateterismo, traqueostomia e ajustes médicos constantes.
Filha do consagrado compositor baiano Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana nasceu no Rio de Janeiro em 1941 e cresceu em um ambiente onde a música era parte essencial da vida familiar.
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Foi a primeira dos três filhos do casal, que teve ainda os músicos Dori e Danilo. A estreia de Nana como cantora aconteceu ainda adolescente, quando gravou a faixa “Acalanto”, composta em sua homenagem pelo pai.
No mesmo ano de 1960, lançou seu primeiro compacto solo e logo passou a integrar a programação da TV Tupi, com apresentações musicais ao lado do irmão Dori.
Em 1961, casou-se com um médico venezuelano e mudou-se para a Venezuela, onde nasceram suas duas filhas.
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A paixão pela música, no entanto, não ficou para trás. Mesmo fora do Brasil, continuou se envolvendo com projetos musicais e, em 1966, após sua separação, retornou ao país grávida do terceiro filho, decidida a seguir profissionalmente na música.
Nana venceu o primeiro Festival Internacional da Canção em 1966 com “Saveiros”, composta pelo irmão Dori.
No ano seguinte, casou-se com Gilberto Gil, com quem compôs a canção “Bom dia”. Mesmo sem compreender completamente o movimento tropicalista, do qual participou, Nana integrou esse período da música brasileira com intensidade, inclusive gravando com Os Mutantes.
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Ao longo dos anos 1970, consolidou sua carreira com repertório sofisticado e colaborações com nomes como Milton Nascimento, Tom Jobim, João Donato, Toninho Horta e outros expoentes da MPB.
O álbum “Nana Caymmi”, de 1975, é considerado um marco em sua discografia e lhe garantiu prestígio entre crítica e público.
Nana seguiu trilhando um caminho sólido com gravações que mesclavam emoção e técnica apurada.
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Trabalhou com pianistas e arranjadores renomados e se destacou com o disco “Voz e suor”, além de seu sucesso nos anos 1990 com “Bolero”, álbum que alcançou quase 100 mil cópias vendidas.
Em 1999, conquistou seu primeiro disco de ouro com “Resposta ao tempo”.
Apesar das perdas dos pais em 2008 e de reflexões sobre abandonar os palcos, Nana retomou a carreira logo em seguida.
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Participou de projetos importantes e foi tema do documentário “Rio Sonata”, lançado em 2010 por Georges Gachot.
Desde 2016, estava afastada dos palcos após uma cirurgia para retirada de um tumor. Ainda assim, continuou lançando álbuns elogiados, como “Nana Caymmi canta Tito Madi” e “Nana, Tom, Vinícius”, ambos indicados ao Grammy Latino.
Nana Caymmi não abriu mão de suas convicções musicais, afirmando com orgulho que nunca gravou o que não quis.
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Mesmo diante das mudanças no cenário musical brasileiro e das críticas nas redes sociais por suas opiniões políticas, manteve-se firme em sua identidade artística.
Para ela, o canto que representava já não encontrava espaço, mas ainda assim continuava fazendo parte de sua essência.