Cotidiano
Algumas espécies não ultrapassam 2,5 centímetros de comprimento, enquanto outras podem medir até 38 centímetros
A característica marcante do rastejante, a cabeça parecida com um martelo, foi o ponto de partida das buscas / Fernanda Ramos / Arquivo Pessoal
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Um verme bastante peculiar apareceu em Peruíbe, litoral de São Paulo, e logo chamou a atenção da funcionária pública Fernanda Ramos, que não perdeu tempo em fotografar o animal e tentar descobrir sua identidade. A característica marcante do rastejante, a cabeça parecida com um martelo, foi o ponto de partida das buscas.
Na internet, as informações preliminares indicam que se trata de um bicho perigoso e tóxico para os humanos, o que gerou preocupação. No entanto, especialistas consultados pelo Diário esclarecem que essa informação é falsa e fornecem outros detalhes esclarecedores.
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O verme-cabeça-de-martelo (Bipalium kewense) é natural do Vietnã e não causa danos aos humanos, segundo o professor da USP, Fernando Carbayo.
Apesar de produzir tetrodotoxina (TTX), uma neurotoxina potente encontrada principalmente em baiacus, polvos e salamandras, o especialista explicou que é exagero afirmar que ele faz mal aos humanos. As notícias alarmantes sobre o verme, inclusive as divulgadas por biólogos, são consideradas infundadas.
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“Muito provavelmente é o Bipalium kewense, que tem baixas concentrações de tetrodotoxina e não causa danos aos humanos. É exótico, introduzido do Vietnã. Acompanho toda a literatura científica sobre planárias e nunca vi que tenham causado danos aos humanos por contato ou à fauna nativa. Eu já manipulei mais de 8.000 animais de diversas espécies e nada aconteceu”, disse ele.
Uma curiosidade dessa espécie é que, se você cortá-la em pedaços, ela se regenerará e voltará a ser um verme completo, ou cada pedaço se transformará em um novo ser. Algumas espécies não ultrapassam 2,5 centímetros de comprimento, enquanto outras podem medir até 38 centímetros. Veja, na galeria abaixo, algumas imagens deste curioso animal:
A espécie é conhecida fora de sua área de origem há mais de 100 anos e pode ter chegado ao Brasil junto com mudas de plantas. Hoje, está espalhada por dezenas de países e estudos indicam que continuará se espalhando. Animais invasores podem perturbar os ecossistemas, consumindo espécies nativas ou superando-as na competição. O verme-cabeça-de-martelo se alimenta principalmente de minhocas.
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Ele é mais comum em ambientes modificados pelo homem, como jardins, terrenos baldios e beiras de estradas. Não há muitos dados oficiais a respeito dos procedimentos que devem ser realizados quando se deparar com um, mas, caso você o encontre em sua casa, o verme pode ser morto com álcool 70%. Se possível, seria importante levar o corpo para um laboratório para estudos de taxonomia e distribuição, como medida de precaução e para promover a pesquisa, lembrando que a espécie se reproduz quase exclusivamente por fragmentação — isto é, cortar não é um caminho.
Veja algumas informações sobre este animal no vídeo do canal Zoologia Sem Fronteiras:
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