SAÚDE NA UTI
Por conta das chuvas da última sexta-feira (31), parte do forro de gesso do Banco de Leite Humano ruiu
Na última quarta-feira (30), uma ratazana foi capturada em plena ala pediátrica do hospital / Reprodução
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A situação está crítica no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos. Após as chuvas do último dia 1º, parte do forro de gesso do Banco de Leite Humano ruiu. Por sorte, não havia funcionários nem mães sob o teto na hora do incidente. Na UTI Neonatal, as goteiras reaparecem a cada chuva forte, colocando em risco crianças, médicos e funcionários. E servidores denunciam a presença de ratos e baratas até entre as fraldas que serão usadas por pacientes.
Os roedores estariam frequentando até a ala pediátrica do hospital. Mantida a condição de sigilo, os servidores relatam falta de colchões para pacientes e acompanhantes na maternidade. E materiais hospitalares estariam sendo acomodados direto no chão, sem condições adequadas de higiene.
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O HGA pertence ao Governo do Estado, que foi consultado pelo Diário a respeito das denúncias.
Em nota, foi respondido apenas que "os dois leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal da unidade já estão liberados". Além disso, que a sala administrativa também teve os reparos finalizados e que nenhum atendimento foi interrompido ou prejudicado na unidade.
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O hospital não se manifestou acerca de uma possível reforma no telhado - um dos questionamentos da Reportagem -, e afirmou que as equipes de limpeza não foram acionadas para avaliar ou solucionar possíveis intercorrências referentes ao aparecimento de roedores.
Funcionário do HGA há 32 anos, o médico infectologista, professor universitário e vereador na Câmara de Santos, Marcos Montani Caseiro (PT), afirma que esse é o momento mais crítico do hospital desde os anos 1990.
"Os insumos médicos são armazenados de forma inadequada, sem nenhum critério, diretamente no chão, sem qualquer estrado ou pallet que os proteja da umidade. Isso é um crime, é material médico armazenado no chão, onde passam baratas e ratos", protesta Caseiro.
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"É um profundo descaso com a coisa pública e o erário. Vou denunciar todo dia esse descaso, essa vergonha, o desrespeito, a irresponsabilidade. O Guilherme Álvaro está em total abandono, ele que sempre foi um hospital de referência na nossa região", completa o infectologista, que possui mestrado em Medicina Preventiva pela USP e trabalha no HGA desde 1993.
Uma funcionária que pediu para não ser identificada com medo de represálias revelou que "outro dia, tinha ratos entrando nos contêineres que ficam perto das ambulâncias e guardam materiais e fraldas".
O Guilherme Álvaro fica no Boqueirão e ocupa 55 mil metros quadrados, o equivalente à área de cinco campos de futebol. O hospital funciona como referência no atendimento ambulatorial e na internação para toda a Baixada Santista e parte do Vale do Ribeira, num universo de dois milhões de habitantes.
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A construção do HGA começou em 1911. Sua estrutura é dividida em pavilhões porque a ideia era separar os pacientes de moléstias infecciosas em prédios distintos. Atualmente, são cerca de dois mil funcionários.
O HGA recebeu o nome do chefe do Serviço Sanitário de Santos, o médico sanitarista Guilherme Álvaro, que se dedicou por 20 anos às obras de saneamento do Município. O especialista realizou importantes trabalhos durante surtos epidêmicos na virada do século 19 para o 20, e teve participação decisiva na instalação do hospital.
Em 11 de abril de 1911, com recursos do Governo do Estado, teve início a construção do então denominado Hospital de Isolamento de Santos, projetado pelo engenheiro Mauro Álvaro e inaugurado dois anos depois.
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O Guilherme Álvaro transformou-se em hospital geral e auxiliar de ensino em 1973, em razão de convênio celebrado entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Fundação Lusíada.
Em agosto de 1973, começou a funcionar o ambulatório destinado ao atendimento especializado nas áreas de Endocrinologia, Ginecologia, Cardiologia, Dermatologia, Urologia, Pneumologia e Neurologia.
Essa mudança coincidiu com as novas diretrizes do Governo do Estado para transformação do Sanatório Guilherme Álvaro em Hospital Geral, mudando progressivamente o seu perfil.
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O HGA é um hospital que atende 100% de pacientes do SUS e conta com aproximadamente 170 leitos de internação. Em 2020, foi referência para o atendimento integrado ao Covid-19, garantindo assistência humanizada e técnica de ponta.